Turismo no Rio Grande do Sul: uma chave para a reconstrução
Autor: Grazielle Ueno (*)Os impactos e prejuízos econômicos são significativos também no setor turístico do Rio Grande do Sul, pois o desastre climático atingiu 478 municípios e 2.398.255 pessoas, conforme um boletim divulgado no início do mês da Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Considerando que o estado possui 393 municípios turísticos, organizados em 27 regiões e que durante o ano de 2023, o faturamento com as atividades turísticas foi de R$ 20,1 bilhões, podemos afirmar que o setor de turismo possui desafios a superar.
Diante de tantas necessidades, muitas vezes fica difícil pensar no turismo, eu concordo. No entanto, o desafio posto aqui é refletir sobre como o turismo pode contribuir para a reconstrução e revitalização dos destinos afetados pelos desastres
O turismo, apesar de ser frequentemente subestimado, quando se trata do seu potencial como vetor de reconstrução e desenvolvimento local, tem pontos a seu favor. Por meio do turismo, é possível transformar comunidades, revitalizar economias e promover o resgate de tradições. Em regiões que enfrentam desafios econômicos, sociais ou ambientais, o turismo pode ser a chave para um futuro mais próspero e até mesmo sustentável.
Em primeiro lugar, é inegável que o turismo é um importante vetor de geração de empregos. Conforme síntese produzida pela Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul, as admissões de profissionais no turismo cresceram 6% de 2022 para 2023 e a estimativa era superar este número em 2024. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, 1 em cada 10 empregos no mundo, advém do setor. Em áreas afetadas por crises econômicas, o turismo pode ser um dos primeiros motores de recuperação, oferecendo uma forma rápida e eficaz de geração de renda e emprego.
Além disso, é preciso considerar que o turismo promove o empreendedorismo local. Fomenta pequenas empresas, como lojas de artesanato, operadoras de turismo e estabelecimentos gastronômicos, podem florescer com a chegada de visitantes. Somente no ano de 2023, o estado registrou 17.321 novas empresas abertas no setor turístico. Essas iniciativas não só geram empregos, mas também incentivam a preservação da cultura e das tradições locais, criando um ciclo virtuoso de valorização do patrimônio cultural que, ao mesmo tempo, é rentável.
Com a implantação dos planos de recuperação a nível estadual e federal, os investimentos com a infraestrutura são tidos como prioridade. Nesse sentido, é previsto ganhos para a longo prazo para o turismo. As estradas, aeroportos e serviços públicos, têm um efeito multiplicador, melhorando a qualidade de vida dos residentes e do turista.
Sem abordar outros aspectos que envolvem a complexidade do turismo, considerá-lo como um vetor de reconstrução e desenvolvimento local é uma estratégia inteligente e de longo alcance para o Rio Grande do Sul. O turismo tem potencialidade de se estender para além dos benefícios econômicos direto. E como forma de incentivar a manutenção das consolidadas tradições gauchescas, tão logo seja possível, prestigie o turismo do estado e contribua para o sucesso das iniciativas locais.
*Grazielle Ueno é professora e coordenadora do curso superior de tecnologia em Gestão de Turismo do Centro Universitário Internacional Uninter. Doutora em Tecnologia e Sociedade, mestre em Turismo e especialista em Educação e Meio Ambiente.
Autor: Grazielle Ueno (*)