Vale a pena comprar um carro elétrico? Pra quem?
Autor: *Daniel Weigert CavagnariDevido ao atual custo médio dos combustíveis, surge a pergunta: será que compensa comprar um veículo elétrico ou não? É necessário avaliar bem vários pontos.
Vamos começar considerando a manutenção após cinco anos, algo comum tanto para carros a combustão (motor e peças), quanto para elétricos (peças e baterias), precisam ser balanceadas. Em média, um carro elétrico custa o dobro de um carro Flex e os benefícios de impostos, que se limitam a poucas capitais, ao IPVA, e ainda com certas “entrelinhas”, isso praticamente não tem muita relevância na aquisição.
Assim, para saber se realmente vale ou não a pena, vamos considerar um veículo econômico, popular, com consumo médio na cidade de 10Km/l de gasolina ou 8Km/l de álcool. O preço de um veículo zero nesse patamar fica em torno de R$ 75 mil hoje.
Em relação a um carro elétrico, nas mesmas proporções, sendo o mais econômico em termos de consumo elétrico e tamanho similar, com consumo médio de 7,4 Km/kwh (quilômetros por quilowatt-hora). O preço de um zero fica em torno (ou a partir de) R$ 150 mil.
No contraponto de gastos com combustíveis e energia elétrica, o preço médio atual da gasolina, gira em torno de R$ 6,89 e do álcool em R$ 4,89. Considerando o custo médio por quilowatt-hora de energia elétrica (residencial), incluídas as tarifas e bandeira amarela, fica em torno de R$ 0,90 por KWh. É importante observar que esses valores são a média na maioria das capitais, podendo ser um pouco menores ou maiores os preços, mas tecnicamente similares.
Vejamos assim, como ficaria o custo mensal de combustível para famílias e para motoristas de aplicativos, em cada mês, ano (vamos considerar o ano de uso em 11 meses, pelas férias) e em cinco anos. Consideremos que o uso dos veículos são de médio para baixo.
Famílias que utilizam o veículo para ir ao trabalho durante a semana, e passeio no fim de semana, rodando em média 1.000 km por mês, o custo com combustível será o seguinte (valores em R$):
Veículo | Mensal | Anual | 5 anos |
Elétrico | 122,14 | 1.343,57 | 6.717,86 |
Gasolina | 689,00 | 7.579,00 | 37.895,00 |
Álcool | 611,25 | 6.723,75 | 33.618,75 |
Para motoristas de aplicativos, trabalhando de segunda a sexta, com uma média de 4.000km por mês, será:
Veículo | Mensal | Anual | 5 anos |
Elétrico | 488,57 | 5.374,29 | 26.871,43 |
Gasolina | 2.756,00 | 30.316,00 | 151.580,00 |
Álcool | 2.445,00 | 26.895,00 | 134.475,00 |
As diferenças para o uso de álcool e gasolina não são muito significativas. A realidade é que o preço desses dois combustíveis é ajustado para esse equilíbrio normalmente. Na atual conjuntura, a gasolina só compensa mais pela autonomia e se não tivesse tanto álcool misturado.
Mas comparando carro a gasolina e o carro elétrico, em termos de custo com combustível, a diferença é bem expressiva. Mas será que compensa para todos?
Vejamos a diferença de gasto com combustível, economia do carro elétrico em relação ao carro a gasolina:
Mensal | Anual | 5Anos | |||
Família | App | Família | App | Família | App |
566,86 | 2.267,43 | 6.235,43 | 24.941,71 | 31.177,14 | 124.708,57 |
Como é possível observar, mensalmente, uma família economizaria cerca de R$ 566,86 por mês, em relação ao gasto de R$ 2.756,00 em gasolina, caso optasse por um carro elétrico popular. Por ano, economizaria R$ 6.235,43 e em 5 anos, R$ 31.177,14.
Nesse caso, ainda é uma incógnita duas questões que ainda divergem sobre o carro elétrico:
- Qual será o custo da bateria após a garantia?
- Qual o custo total de manutenção e a depreciação desses tipos de veículos?
Comparado a um veículo popular Flex, acredito que isso dependerá de cada família, mas há muito a se pesar.
Já para motoristas de aplicativos (APP), rodando 4mil km por mês, o valor é bem mais expressivo. A economia mensal do carro elétrico em relação ao carro a gasolina é de R$ 2.267,43. Anual, de R$ 24.941,71. E em cinco anos, R$ 124.708,57.
Se um veículo de aplicativo tivesse uma autonomia de mais de 200mil Km, compensaria. Mas isso depende muito também do uso e da manutenção para longo uso.
A realidade é que precisamos rever muita coisa em termos de valores compensarem ou não. De duas uma: ou aumentamos a renda do brasileiro e reduzimos a alíquota de impostos, mantendo a receita da União; ou mantemos como está, sem dinheiro para grandes aquisições e geração de empregos, pagando muitos impostos.
*Daniel Weigert Cavagnari, economista, Mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação. Coordenador dos cursos de Gestão Financeira da Uninter.
Autor: *Daniel Weigert CavagnariCréditos do Fotógrafo: Joehawkins/ Wikimedia Commons