Logística Colaborativa: aplicações e a relação com os ODS
Autor: *Roberto PansonatoA logística colaborativa se refere à colaboração entre dois ou mais elos de uma cadeia de suprimentos, com interesses em comum, com o objetivo de reduzir os custos ao longo da cadeia produtiva, e consequentemente o preço repassado ao cliente, resultando em aumento de competitividade.
Podemos dizer que a logística colaborativa é um modelo inovador que envolve a cooperação entre diferentes empresas para otimizar o uso de recursos, melhorar a eficiência das operações logísticas e reduzir custos. Ao invés de cada empresa gerenciar sua cadeia de suprimentos de forma isolada, a logística colaborativa propõe uma abordagem integrada, onde empresas compartilham informações, infraestrutura e recursos para alcançar objetivos comuns.
Partindo do pressuposto que os custos logísticos representaram mais de 13% do PIB do Brasil, contra menos de 8% nos Estados Unidos, há muito o que se fazer, e a logística colaborativa pode ser uma luz no fim do túnel para a produtividade do setor.
Estudo do Banco Mundial revela que, em média, os caminhões rodam vazios 47% dos quilômetros que percorrem no país, percentual bem mais alto que a média de 25% registrada em países desenvolvidos. Sem frete de retorno e problemas nos pontos de carga e descarga, há um aumento de custo e como resultado a produtividade tende a cair. Nesse sentido, empresas de diferentes setores podem compartilhar o transporte de mercadorias, otimizando a capacidade dos veículos e reduzindo o número de viagens necessárias, o que proporciona menor quantidade de veículos pesados circulando pelas estradas.
E não é só no transporte que a logística colaborativa pode contribuir. A utilização de armazéns compartilhados permite que empresas dividam o espaço de armazenamento, reduzindo custos operacionais e aumentando a flexibilidade na gestão de estoques. Segundo o IMAM, é ideal que um armazém logístico opere com uma taxa de ocupação maior que 60% de aproveitamento. Se um armazém está operando com taxas baixas, por que não compartilhar?
Para que os sistemas logísticos operem de forma eficiente e eficaz, há a necessidade de se investir em tecnologias. Que tal compartilhar esse investimento com outros parceiros logísticos? A integração de sistemas de informação entre parceiros logísticos permite a troca de dados em tempo real, melhorando a visibilidade da cadeia de suprimentos e a tomada de decisões.
Você pode estar questionando onde os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) entram nessa história? Segundo o Brazil Journal, os transportes contribuem com 25% das emissões globais de gases do efeito estufa e os veículos de carga aparecem em segundo lugar no ranking, com 21% das emissões de CO2, perdendo apenas para os veículos leves. Portanto, com menos caminhões em circulação nas estradas, a poluição atmosférica diminui, o que atende ao ODS 12: Consumo e Produção Responsáveis, por meio da gestão sustentável e do uso eficiente dos recursos naturais (12.2).
Além da ODS 12, a logística colaborativa atua em consonância com o ODS 17, referente a Parcerias e Meios de Implementação, ao fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria para o desenvolvimento sustentável.
É evidente que esse assunto não se esgota aqui, e que, num cenário tão complexo que é a cadeia de suprimentos, se faz necessária a tomada de medidas eficazes para a criação de uma rede de colaboração entre todos os elos da cadeia logística.
Em resumo, a logística colaborativa representa uma abordagem estratégica que não só oferece vantagens econômicas e operacionais, mas também promove a sustentabilidade e a colaboração intraorganizacional.
* Roberto Pansonato é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, graduado Bacharel em Desenho Industrial, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional – Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos.
Autor: *Roberto PansonatoCréditos do Fotógrafo: Pixabay