Aluna da Uninter redefine o significado da palavra superação

Autor: Rafael Lemos - Assistente de Comunicação Acadêmica

“A deficiência estabelece limite, mas não incapacidade”, já dizia Clodoaldo Silva, um dos maiores medalhistas paralímpicos do Brasil. E, rompendo os desafios que a vida colocou no caminho, Fabiana Costa – 46 anos, quatro filhos, seis netos, mulher negra, natural de Florianópolis e tetraplégica – segue comprovando, na prática, a fala do campeão paralímpico.

Hoje, Fabiana vai à igreja, passeia com o marido, Vinícius Barbosa, com quem é casada há 33 anos, trabalha, estuda, e estuda muito. Ela faz três faculdades na Uninter: licenciatura em Letras-Língua Portuguesa, bacharelado em Psicanálise e bacharelado em Teologia Doutrina Católica, todas no polo de Itapema. Ela ainda foi uma das primeiras colocadas no seletivo do programa de monitoria de língua portuguesa e se engaja de forma extraordinária com notas acima de 8 e 9 nas graduações a que se dedica.

Entretanto, nem sempre foi assim. Aos 15 anos de idade, Fabiana abandonou os estudos, só retornando em 2021, quando decidiu fazer o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), em que concluiu o ensino básico. E ainda, sob as intempéries como chuva, sol e vento, vendia jujubas em frente a uma agência bancária em Biguaçu-SC, onde vive atualmente, para complementar renda. Foi nesse estado, buscando forças por meio do Divino, que ela muda a rota da própria vida por meio da educação. “Sempre pensei em ser alguém na vida, um exemplo. Só não [sabia] que precisaria estar numa cadeira de rodas e estudando para que isso acontecesse”, relata.

Recalculando a rota

Após decidir prosseguir nos estudos, Fabiana se matriculou em uma instituição de ensino superior. Só que a experiência dela não foi muito boa. Nem o conteúdo da graduação e nem o relacionamento com a entidade a agradavam. Sem desanimar, ela descobriu o polo da Uninter em Itapema, se inscreveu e, finalmente, os sonhos começaram a se concretizar. “A minha chegada na Uninter foi mais uma coisa realmente de Deus. Eu iniciei pela Teologia, que Deus colocou no meu coração, depois Psicanálise e Letras”.

Questionada sobre a experiência em estudar na Uninter, Fabiana destaca que ser recebida e acolhida de forma humanizada no polo fez toda a diferença. “Um diferencial que eu creio que seja da Uninter inteira é o acolhimento, a atenção. O meu polo é de Itapema, e a Iolana e o Fernando são pessoas maravilhosas. Sempre que eu preciso de algo, na mesma hora me respondem e me atendem. Eles me incentivam, me fazem ver quem realmente sou.  Então isso para mim foi e está sendo muito gratificante”.

E para os dirigentes do polo de Itapema, Fernando e Iolana Campestrini, a recíproca é verdadeira. “Nós do PAP Itapema, prezamos por um atendimento de qualidade e atenção personalizada para todos os alunos. A Fabiana, nossa aluna dos cursos de Letras, Psicanálise e Teologia é um exemplo de superação e dedicação. Nossa equipe está sempre disponível para auxiliar e garantir que ela e outros alunos tenham a melhor experiência possível, valorizando o respeito e a inclusão em nosso atendimento diário”, destaca Fernando.

Relações que fazem a diferença

Além do contato com o polo, as interações nas aulas com os demais alunos e professores também são muito positivas para Fabiana. Ela tem construído um excelente relacionamento com o corpo docente nas graduações. “Tem as professoras que a gente acaba sempre se identificando mais, né? Que para mim, desde o início, sempre foi a professora Crisbelli e hoje, também a professora Taís. Da psicanálise também [destaco] a professora Gisele e o professor Cássio que eu tenho uma admiração muito grande por eles”.

Nas palavras da professora Crisbelli, são muitas as qualidades de Fabiana. “Destaco nela a persistência, resiliência, vontade de vida, desejo de adquirir conhecimento e de se superar todos os dias. Ela tem uma sensibilidade de vida e de mundo muito grande, no trato com as pessoas e na forma com que pensa a educação brasileira, sobretudo na inclusão. Sou a orientadora dela em projetos de pesquisa sobre inclusão. Além de tudo isso, ela é uma exímia pesquisadora”.

Cabe destacar que essa relação com os professores gerou bons frutos. Fabiana foi selecionada no processo seletivo do Programa de Monitoria de Língua Portuguesa junto à professora Crisbelli Domingos de quem é orientanda de TCC e ainda fará pesquisa sobre a inclusão na educação à distância. “Apesar das circunstâncias, ela é aluna de destaque no curso de Letras, não apenas pelas notas, mas pelo aproveitamento nas aulas, programa de monitoria e nas discussões de texto. É um ser humano incrível”, finaliza Crisbelli.

E sobre EAD, uma das ferramentas que aproximaram a aluna dos professores e colegas de curso é a monitoria. A experiência dela é a melhor possível principalmente na resolução das dificuldades encontradas. Fabiana destaca que é o momento que ela compreende melhor as disciplinas e reforça que esse é um dos motivos pelo qual ela sempre indica a Uninter para as pessoas. “Eu não tenho do que reclamar, pelo contrário. Sempre que eu posso falar e indicar a Uninter, eu faço. Sempre mesmo. E tudo que eu puder [fazer] para agradecer eu vou fazer, porque ela está despertando algo que eu nem sabia que pudesse ter ou que eu pudesse chegar”.

Questionada sobre o que ela tem a dizer para quem se encontra nas mesmas condições que ela, Fabiana reforça que cada pessoa é uma pessoa e que seria subjetivo compará-la, mas destaca que independente de qualquer situação, todos podem alcançar o que buscam.

“Todos nós temos condições de ser alguém na vida, de conseguir realizar nossos sonhos. Independentemente da idade que esteja, tem pessoas que, como eu, só conseguem iniciar a vida com 50 anos. Tem pessoas que conseguem começar a vida aos 20, outras 80 e tem outras que nem conseguem porque cresceram achando que não pudessem ser alguém na vida. E principalmente nós, negras, estamos sempre achando que não somos capazes, que não podemos estar ou que não podemos ser aceitos, mas nós podemos tudo. Branco, preto, rico, pobre, deficiente ou não, nós podemos estar em todos os lugares. Nós podemos ser quem nós queremos ser e nós podemos realizar todos os nossos sonhos”, finaliza.

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Autor: Rafael Lemos - Assistente de Comunicação Acadêmica
Edição: Larissa Drabeski


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