Alta no preço dos alimentos é um dos impactos das enchentes no Rio Grande do Sul

Autor: *Olívia Ribeiro

O grande volume de precipitações ocorridas no Rio Grande do Sul, em abril, colocou o estado no centro da maior enchente de sua história, afetando severamente cidades da região hidrográfica do Guaíba. Essa tragédia ambiental, social e econômica sem precedentes impactou duramente o setor agropecuário, que é vital para a economia do estado e do país. 

Como um dos principais produtores agropecuários do Brasil, o Rio Grande do Sul teve suas colheitas de arroz e soja prejudicadas. Estima-se uma perda de 800 mil toneladas de arroz e 3,2 milhões de toneladas de soja, comprometendo 7,5% e 2,2% da produção nacional desses grãos, respectivamente. Além disso, a produção de trigo foi afetada, e a produção de carne suína e de frango, que representam 12% e 9,5% dos abates nacionais, respectivamente, também sofreram impactos significativos.  

A agropecuária do Rio Grande do Sul, responde por 15% do PIB estadual e 12,6% do PIB agropecuário brasileiro. Como resultado, o PIB agropecuário do Brasil pode cair 3,5%, agravado por problemas logísticos que afetam o escoamento da safra e a chegada de insumos, segundo dados levantados pelo Bradesco. 

A infraestrutura danificada, incluindo estradas e pontes, prejudica ainda mais o escoamento da safra e a chegada de insumos, aumentando os custos logísticos e reduzindo a eficiência da cadeia de suprimentos. Essa combinação de perdas nas colheitas e desafios logísticos está levando a uma redução na oferta de produtos agrícolas, pressionando os preços no mercado interno e afetando as exportações.  

Dado que o Rio Grande do Sul contribui com 6,5% do PIB nacional e tem a agropecuária como motor econômico, a destruição causada pelas enchentes gera um efeito cascata, que pode elevar os preços dos alimentos em todo o Brasil. Produtos essenciais, como soja, milho, arroz, carnes e frutas como uvas e maçãs, estão sendo diretamente afetados, contribuindo para a inflação alimentar e aumentando o custo de vida da população. 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) prevê que as chuvas levarão a uma alta dos preços dos alimentos, devido às perdas de produtos e aos impactos no transporte. Além disso, os danos aos parreirais na Serra Gaúcha e às macieiras poderão agravar a situação, afetando também a produção de vinhos e outras frutas. 

Ainda é prematuro avaliar plenamente o impacto desse desastre nos preços dos alimentos. No entanto, dados preliminares de maio fornecem algumas indicações relevantes e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial, acelerou para 0,46%, superando tanto o valor registrado em abril, quanto as expectativas do mercado. Entre outros fatores, as precipitações podem ter influenciado este índice. Notavelmente, a inflação em Porto Alegre foi significativamente superior à média nacional, alcançando 0,87%, sendo a maior entre todas as capitais. 

Ao analisar o cenário inflacionário recente, observamos que, nos 12 meses encerrados em maio, a inflação acumulada atingiu 3,93%. Este valor está acima do centro da meta de inflação estabelecida para o ano, que é de 3%, mas ainda permanece abaixo do limite máximo, determinado pelo Conselho de Política Monetária. Esse desempenho indica uma pressão inflacionária moderada, sugerindo a necessidade de monitoramento contínuo das políticas econômicas, para assim, assegurar a estabilidade dos preços frente a este evento. 

 *Olívia Ribeiro é graduada em Graduação em Ciências Econômicas com doutorado em Administração. Tutora do Curso Superior de Bacharelado em Ciências Econômicas da Uninter.   

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Autor: *Olívia Ribeiro


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