Participe da consulta pública para definir as DCNs de Ciência Política
Autor: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação AcadêmicaA consulta pública para as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) específicas para a graduação de Ciência Política está aberta para a comunidade interessada se manifestar até a próxima quarta-feira, 26 de junho de 2024. Atualmente, a graduação, tanto na modalidade presencial quanto na educação à distância (EAD), segue as DCNs das Ciências Sociais, que inclui também as áreas de Sociologia e Antropologia.
“À medida que essas áreas ganham autonomia, os currículos não cabem mais dentro destas DCNs [das Ciências Sociais]. Começamos a ter profissionais que se inserem em campanhas eleitorais, escritórios de relações governamentais, gabinetes parlamentares. Todas essas áreas absorvem profissionais que são de Ciência Política, por isso é tão importante que exista uma padronização dos currículos, que vai estipular um conteúdo mínimo que todo curso da área precisa oferecer”, explica o coordenador de Ciência Política da Uninter, Lucas Massimo.
Os interessados devem ler o texto de referência e enviar um e-mail para o endereço [email protected], com argumentos fundamentados, detalhados e circunstanciados da opinião sobre as DCNs, para aprovação e sugestões de possíveis lacunas que possam encontrar.
Caso não tenham disponibilidade para ler todo o documento, que conta com dez páginas, Lucas salienta a importância de focar no perfil do egresso, disposto no Artigo 2º, onde são apresentadas as competências básicas para o bacharel. O docente destaca ainda a importância de manter a padronização das palavras-chave “DCN de Ciência Política” no campo de assunto do e-mail, para reforçar a relevância da pauta.
A iniciativa partiu da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), que, por meio da secretária executiva adjunta, Rebecca Abers, apresenta a demanda e provoca a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE) a receber a proposta. O órgão lançou o edital de chamamento para a consulta pública no dia 12 de junho de 2024.
O texto de referência foi produzido por um Grupo de Trabalho (GT), composto por coordenadores de cursos de Ciência Política em instituições de ensino superior (IES) públicas e privadas. Todas as 29 IES que têm graduações em atividade foram convidadas a participar das discussões acerca do documento.
A Uninter é protagonista nesse campo. Representada por Lucas, esteve presente em todos os debates e compôs o GT. A instituição foi a segunda do país a ofertar uma graduação de Ciência Política, no início dos anos 2000. Já em 2014, foi pioneira na oferta da modalidade de educação à distância (EAD). Por isso, para o coordenador, a aprovação das DCNs específicas representa “chancelar um trabalho de muitos anos”.
Quando Lucas assumiu a coordenação da graduação da Uninter, em 2018, a primeira graduação da área, criada pela Universidade de Brasília (UnB) em 1989, completava 29 anos de existência. Em quase três décadas, eram contabilizados 18 cursos com essa nomenclatura cadastrados na plataforma do e-MEC. Seis anos depois, esse número saltou para 39, mais que o dobro. Com dez delas em extinção, hoje somam as 29 que estão em atividade, segundo o cadastro do e-MEC.
De acordo como coordenador, a padronização do currículo do perfil do egresso “é um passo importante para regulamentar a profissão”. Isso, porque, com a formação de profissionais de todos os cursos com as mesmas habilidades e competências, facilita direcionar para uma instituição de representação política qual é o profissional que precisa para as determinadas funções.
“Se as instituições que fazem parte do sistema de representação política são alimentadas por profissionais que têm uma formação padronizada, há maior probabilidade de contratar um profissional e resolver o problema, porque o formou com um currículo padronizado. É disso que se trata, fazer com que a profissão tenha um ganho de qualidade, haja visto o movimento que aconteceu naturalmente de especialização”, aponta o profissional.
O que muda com as diretrizes específicas
Com uma carga horária mínima de 2.400 horas, a grade da formação é pensada a partir de quatro eixos principais, que organizam o campo da teoria, mas também da prática, e que passarão a ser discutidos em todos os cursos de Ciência Política, caso seja aprovado pelo CNE.
O primeiro diz respeito ao núcleo estruturante, e inclui disciplinas relacionadas a instituições políticas, comportamento político, regimes políticos e sistemas de governo. “Isso é fundamental. Afinal, o que falta para as pessoas que usam as expressões ‘comunismo’ e ‘democracia’ de forma indiscriminada, de maneira equivocada e superficial? Falta um conceito de regime político, que é algo diferente de sistema”, exemplifica o docente.
Na sequência, Lucas apresenta o eixo de conteúdos interdisciplinares, que envolve sociologia política, economia política, gestão pública e direito administrativo, por exemplo. Assuntos que não necessariamente precisam ser uma disciplina, mas têm que estar presentes em várias delas.
O terceiro eixo trata da formação voltada à atividade profissional. Conteúdos como métodos quantitativos, métodos qualitativos, planejamento de campanha eleitoral e relações governamentais, voltados para a atuação profissional.
Para finalizar, o quarto e último eixo diz respeito às atividades complementares, que inclui participação em palestras, congressos e atividades para a comunidade. Aquelas que vão auxiliar para que o formando se coloque no mercado profissional, a partir da complementação do currículo.
Lucas foi responsável pela escrita da cláusula que aborda o ritual convencionalmente associado à defesa em bancas do trabalho de conclusão do curso (TCC), que neste documento se torna facultativo. Assim como o estágio, que ao invés de ser obrigatório para todas as instituições, poderá ser implementado de acordo com as características, desenho profissional e decisão de cada instituição.
O coordenador realiza a live Consulta Pública sobre Diretrizes Curriculares Nacionais – Ciência Política, no dia 21 de junho, às 18h, que será transmitida pelo canal da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança (ESGPPJS) da Uninter. Na oportunidade, o profissional conta mais detalhes a respeito das DCNs e poderá sanar possíveis dúvidas da comunidade interessada.
Autor: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação AcadêmicaCréditos do Fotógrafo: Pixabay