O ano é 2024, mas a ciência ainda é considerada dos homens

Autor: *Graziele Aparecida Correa Ribeiro

Em pleno século XXI, quando a humanidade se orgulha de seus avanços tecnológicos e científicos, ainda nos deparamos com uma realidade preocupante: a quantidade de mulheres no mundo da ciência. De acordo com dados de 2022 da Organização para Mulheres na Ciência para o Mundo em Desenvolvimento, embora muitos esforços tenham sido feitos para promover a igualdade de gênero em diversas áreas, a presença feminina nas carreiras científicas ainda é significativamente menor em comparação a dos homens. Essa disparidade não é apenas uma questão de justiça social, mas também representa uma perda para a ciência e para a sociedade como um todo.

A falta de representatividade feminina na ciência não é apenas uma questão de números. Ela reflete desigualdades estruturais que vêm desde a infância, com estereótipos de gênero que limitam as aspirações das meninas em direção às carreiras científicas. À medida que avançam em suas jornadas educacionais e profissionais, as mulheres enfrentam obstáculos adicionais, incluindo discriminação de gênero, falta de modelos e mentores femininos e desequilíbrio na distribuição de recursos e oportunidades.

Durante minha graduação, ouvi frequentemente que mulheres não deveriam seguir carreiras na área de Exatas. Fomos desencorajadas e até menosprezadas, sendo incentivadas a considerar o curso de Pedagogia como uma opção mais “adequada” para nós. Essa visão sugeria que nosso potencial estava em atividades consideradas mais “femininas”, mas jamais em um universo considerado masculino, como a Física.

A falta de diversidade de gênero na ciência não é apenas uma questão moral, mas também tem implicações práticas. As diferentes perspectivas, experiências e habilidades são essenciais para impulsionar a inovação e a criatividade na ciência. Estudos mostram que equipes mais diversas tendem a ser mais produtivas, resolver problemas de forma mais eficaz e gerar resultados de maior qualidade. Portanto, ao privar a ciência do talento e da contribuição das mulheres, estamos limitando seu potencial e prejudicando seu avanço.

Sem falar nas consequências diretas para a sociedade. Muitos dos desafios globais que enfrentamos hoje, como mudanças climáticas, prejuízos na saúde pública e no desenvolvimento tecnológico exigem soluções criativas e abrangentes. Ao excluir as mulheres dessas discussões e da tomada de decisões, perdemos a oportunidade de aproveitar todo o potencial de nossos recursos humanos para enfrentar esses desafios de maneira eficaz.

Portanto, é fundamental que tomemos medidas concretas para promover a igualdade de gênero no universo da ciência. Isso inclui não apenas políticas e programas que incentivem a participação das mulheres em todos os níveis da educação e da pesquisa científica, mas também uma mudança cultural mais ampla que desafie os estereótipos de gênero e crie ambientes inclusivos e acolhedores para todos os indivíduos interessados na ciência.

À medida que nos esforçamos para construir um mundo mais justo e equitativo, devemos reconhecer o valor único que as mulheres trazem para a ciência e garantir que todas as mentes talentosas, independentemente de gênero, tenham a oportunidade de contribuir plenamente para o avanço do conhecimento e para o bem-estar da humanidade.

*Graziele Aparecida Correa Ribeiro é pedagoga e mestra em Ensino de Ciência e Tecnologia. É professora de física no Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: *Graziele Aparecida Correa Ribeiro
Créditos do Fotógrafo: Rodrigo Leal


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