Professoras de Automação Industrial promovem participação feminina na ciência
Autor: Pedro Henrique Milano Calandreli - estagiário de jornalismoEm um recente relatório de pesquisa divulgado pela Elsevier-Bori, o levantamento demonstrou um aumento de 29% na participação feminina em pesquisas científicas no Brasil nos últimos vinte anos. Realizada em 18 países – mais a União Europeia – o documento Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil, concluiu que no ano de 2022, 49% de toda a produção científica do país teve pelo menos uma mulher entre os autores da pesquisa.
Este resultado colocou o Brasil em terceiro lugar no ranking da pesquisa, ficando atrás apenas da Argentina e Portugal, ambas com 52% de participação feminina. Para efeito de comparação, em 2002, a participação das mulheres nas áreas de Ciência, Engenharia, Tecnologia e Matemática eram de 35%. Já em 2022, este valor subiu para 45%, o que representa uma mudança considerável em uma área que é historicamente dominada por homens.
“A gente está nesse ambiente e enfrenta várias barreiras que eu mesma quando era mais nova não enxergava e hoje eu enxergo a diferença entre você ser uma mulher engenheira, cientista e pesquisadora e ser um homem”, diz a professora Eliane Silva Custodio do curso de Tecnologia em Automação Industrial da Uninter.
Ao lado da professora Maria Aline Gonçalves, elas coordenam um laboratório localizado no Polo Garcez, em Curitiba (PR). Após um ano montando e preparando o laboratório, hoje o espaço é utilizado pelas professoras e mais três alunos no desenvolvimento de placas e kits de energia renovável e pesquisas de Iniciação Científica (IC), com planos para expandir a equipe e projetos no futuro.
“Toda essa experiência que a gente está tendo de trabalhar com alunos de outros polos, do Rio de Janeiro, de Maringá e do Rio Grande do Sul, de estar fazendo um projeto prático de pesquisa no modelo EAD é algo inovador […] estamos fazendo algo inédito na educação a distância, um olhar diferente de se abordar pesquisa e didática”, comenta a professora Maria.
Ela, que ingressou recentemente no quadro de docentes da instituição, compartilha como têm sido os meses de trabalho na instituição: “A Uninter apoia, incentiva e nos dá liberdade para trabalhar com pesquisa. Surge uma ideia todo mundo fala: “É isso mesmo, vai fundo!”, eu acho que isso é tão importante e impressiona né? Porque lá fora o pessoal tem uma visão diferente de universidade privada e aqui a gente vê a seriedade com que é levado e o quanto eles dão importância para pesquisa.”
Quando questionadas sobre a atuação delas como pesquisadoras científicas e como ele pode promover ainda mais a participação feminina na Ciência, a professora Eliane comenta: “Eu me sinto orgulhosa de estar aqui, de estar nessa posição de e trabalhando com pesquisa. Me sinto muito satisfeita e que isso seja visto por outras meninas, por outras mulheres, que elas enxergam que é uma possibilidade porque a gente entra na escola e ouve: “Matemática não é coisa de mulher.” “Mulher não vai bem em matemática mesmo”. Isso desincentiva muitas meninas que às vezes tem esse gosto, né? Que são barradas por questões sociais.”
“Eu vejo que esse exemplo é muito importante porque as meninas vão perceber que elas podem fazer também. Elas podem estudar matemática, elas podem estudar engenharia e que elas têm espaço. Eu não acho que homens e mulheres têm a mesma visão, são diferentes, nós agimos diferente. E quando só tem homens ensinando, eles só passam a visão deles. […] Quando você tem metade da equipe masculina e metade da equipe feminina, você consegue passar tudo isso, essas diferentes perspectivas” complementa a professora Maria.
Autor: Pedro Henrique Milano Calandreli - estagiário de jornalismoEdição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Acervo pessoal