EAD na área da Saúde é uma questão social
Autor: Igor Horbach - estagiário de jornalismoEm 2022, 4,75 milhões de estudantes ingressaram no Ensino Superior no Brasil, desses, ao menos 3,1 milhões foram em metodologias EAD em diversas instituições de ensino como a Uninter, segundo o Censo da Educação Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC).
Essa uma realidade está ligada a diversas camadas sociais e culturais, que demandam reflexão aprofundada. A realidade da educação, de uma forma geral, é um debate político eterno no país, sendo um dos maiores desafios para o desenvolvimento do Brasil, já que a educação de qualidade para todos tem o potencial de transformar a realidade da população brasileira, sobretudo das classes mais baixas.
E com os avanços tecnológicos, a possibilidade de uma formação superior a distância, onde os alunos conseguem estudar sem sair de casa, conciliando com sua rotina é um dos maiores feitos da área da educação que um país tão desigual como o Brasil pode proporcionar.
Segundo dados da Educa Insights de 2022, 67% dos acadêmicos em EAD são mulheres, contra apenas 33% homens. A realidade da mulher brasileira e a cultura do “terceiro turno” contribuem para que estes números sejam tão elevados. Muitas estudantes acabam engravidando, construindo família e entrando no mercado de trabalho, o que torna o sonho de uma graduação completamente impossível na metodologia presencial que chega a exigir mais de 6 horas por dia, somando o tempo de deslocamento até os campi.
O mesmo relatório ainda divulga que 41% dos estudantes têm entre 31 e 40 anos, representando boa parte da população que, por incontáveis motivos, não conseguiram ingressar em uma universidade anteriormente. Fazer um vestibular e concorrer ao lado de adolescentes que se dedicam quase que integralmente à preparação dessas provas é algo fora de cogitação.
Esse fato se concretiza quando o Mapa do Ensino Superior no Brasil do Instituto Semesp apontou que 55,5% dos acadêmicos desistiram do curso presencial. Diante de desigualdade tão elevada, na qual 90% dos jovens têm renda de até 3 salários-mínimos, conforme o relatório divulgado, é de se esperar que o ensino superior fique restrito a uma classe social.
Para estudantes de Curitiba, por exemplo, onde o transporte coletivo custa R$6 por passagem, mais da metade de um salário-mínimo seria destinado apenas para os estudos. Considerando que o aluno seja matriculado em uma instituição pública, o que não é a realidade da maioria das universidades estaduais e federais.
Portanto, o ensino a distância, mesmo sob a categoria híbrida – aulas práticas presenciais em laboratório – é a forma mais assertiva de democratizar o ensino superior no país. Outro fator determinante é a mensalidade das graduações. Um curso de medicina veterinária em Curitiba de forma presencial chega a custar 5 vezes mais que na metodologia híbrida.
Relativizar o ensino a distância na área da saúde, mesmo com aulas práticas nos laboratórios da Uninter, pode desconsiderar evoluções tecnológicas na área da Medicina que já realiza centenas de cirurgias em seres humanos de forma robótica.
Ademais, proporcionar um curso superior à população é fundamental para seu desenvolvimento intelectual e social. Segundo o relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em 2017, a diferença salarial entre um profissional e um trabalhador sem diploma chegava a 149%.
“O EAD não é só gravar vídeos e disponibilizar conteúdo. É preciso pensar como o conhecimento vai chegar até o aluno”, conta a professora Ivana Busato ao mencionar a complexidade do processo de criação dos cursos na área da saúde dentro da Uninter para que os alunos realizem as atividades práticas e consigam, ao final da graduação, atuarem de forma satisfatória e profissional. “Hoje com os laboratórios virtuais, além dos físicos nos superpolos, o aluno consegue complementar a experiência e entrar no corpo humano, ver o coração pulsando”.
Ainda, segundo ela, nas disciplinas práticas, os acadêmicos precisam desenvolver habilidades para que possam prosseguir na grade curricular, seguindo as conformidades das Normas Curriculares que cada curso exige.
Em Curitiba, a Uninter possui no campus Divina Providência, diversos laboratórios com tecnologia de ponta para que o aluno possa vivenciar as experiências da profissão de cada área específica. “A Uninter investe em tecnologia” complementa a professora Louise Scussiato.
Além das aulas práticas, a instituição desenvolve semanas acadêmicas, eventos e toda forma de participação coletiva que proporcione a troca de experiencia não somente dos professores com os alunos, mas entre os próprios acadêmicos.
Cursos superiores em EAD na área da Saúde é uma questão social. Para quem são os cursos de medicina, medicina veterinária e enfermagem presencial no Brasil, por exemplo? Para qual público pode-se dizer que foram ofertados? A todos ou a classes favorecidas que podem custear mensalidades altas, além dos materiais e livros acadêmicos? Além disso, os cursos presenciais possuem flexibilidade de horário em suas grades para que os estudantes possam conciliar os estudos com a vida adulta, como trabalhar 8 horas por dia, cumprir presença nas salas de aulas, realizar estudos dirigidos, descansar e viver sua juventude?
São questões sociais que precisam ser levadas em conta na hora de dificultar a oferta de cursos híbridos. Através de metodologias contemporâneas, o aluno pode estudar dentro de sua própria rotina diária. Além disso, “A distância não quer dizer tudo na frente do computador”, finalizam os professores Daniel de Christo, Ivana Busato e Louise Scussiato, que participaram do programa Diversos da Pós da Rádio Uninter do dia 23 de novembro que debateu o tema “Desafios para oferta na área da saúde na metodologia a distância”.
Autor: Igor Horbach - estagiário de jornalismoEdição: Larissa Drabeski
Em relação a esta matéria tenho que concordar e ao mesmo tempo a minha necessidade me impôs a mudança na forma de eu enxergar este assunto em relação a graduação na área da ciências da saúde. Parabéns a UNINTER por ter enxergado esta realidade!
Ronaldo F. Pinto
Aluno da Graduação em Psicanalise clinica
Fortaleza, 15/1/2024