Logística reversa e reciclagem são caminhos para futuro sustentável
Autor: Gabriel Smaniotto - estagiário de jornalismoGarantir padrões de consumo e produção sustentável é o objetivo de um dos Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. O ODS 12 é representado por um apelo global para o uso dos recursos naturais de maneira eficiente, conscientizando as pessoas da reutilização, recuperação e reciclagem de materiais descartados.
O Brasil é um dos países que mais produz lixo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Segundo os dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada brasileiro produz em média 343 quilos de lixo por ano, resultando em mais de 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Apenas 4% desse volume é reaproveitado ou reciclado. Além disso, cerca de 70% das pessoas não separam os lixos da maneira correta, que é encaminhado para o descarte sem a chance de ser reutilizado.
A nível de comparação, a Alemanha é líder de reciclagem mundial e recicla 60% dos seus resíduos. Essa disparidade pode ser explicada devido à fiscalização efetiva que acontece há mais de 30 anos na Alemanha em relação à logística reversa. Em contrapartida, no Brasil a regulação veio acontecer apenas em 2010 com a política nacional de resíduos sólidos. Mesmo assim, a fiscalização efetiva teve início apenas em 2018. Apenas 44,65% dos estados brasileiros possuem planos de tratamentos de resíduos, que são locais para descarte de lixos sólidos.
O Brasil também está entre os maiores produtores de resíduos eletroeletrônicos. Eles têm alto poder de reaproveitamento quando descartados da maneira correta, mas, se jogados fora de maneira errada, trazem riscos para o meio ambiente, como contaminação do solo, da água e do ar.
“O ODS 12 e a logística reversa têm um impacto profundo e positivo na sociedade, promovendo práticas de produção e consumo responsáveis, reduzindo o impacto ambiental e melhorando a qualidade de vida das pessoas. [São] Iniciativas essenciais para a construção de um futuro mais sustentável e equitativo”, explicou a professa do curso de Administração da Uninter Rafaela de Almeida. A fala ocorreu em live realizada pelo curso em 19 de outubro, no YouTube.
O ODS 12 contempla oito metas diferentes. Gerente de planejamento, performance e logística do Grupo Boticário, Jennifer Schipitoski Frote foi convidada para falar sobre as metas 12. 4 e 12.5, relacionadas ao pós-consumo de produtos. Ao fim da vida útil de um produto, ele precisa ser descartado de maneira adequada para evitar a contaminação, e essas duas subdivisões estão associadas a isto.
A meta 12.4 fala como devolver o produto para o meio ambiente sem que gere impactos para a natureza. A meta 12.5 está interligada com a anterior, buscando maneiras sustentáveis de como fazer o material voltar ao processo produtivo, reciclar, reutilizar, reaproveitar e eliminar os resíduos a fim de garantir produções mais sustentáveis ao meio ambiente.
“O nosso nível de maturidade ainda está num estágio inicial e precisa evoluir muito quando se fala no tema”, destacou Jennifer a respeito de como o Brasil ainda está se desenvolvendo no modelo de logística reversa.
O que é logística reversa?
Com o propósito de se reciclar, reutilizar ou descartar de forma correta um produto, o processo de logística reversa encaminha o produto de volta à empresa de origem após o fim de sua vida útil. Pode envolver devolução de produtos, reciclagem de embalagens e coleta de produtos usados para se recondicionar ou confeccionar novas produções.
“A logística reversa é o movimento de produtos que retornam do consumidor para a empresa para reduzir o impacto ambiental e aproveitar materiais ou produtos novamente”, explicou Rafaela.
No Brasil existem 12 sistemas aplicados de logística reversa com mais de 2.200 empresas associadas que cuidam da parte de regulamentação dos setores e do destino que toma cada produto. Esses sistemas são:
- Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens;
- Baterias de chumbo ácido;
- Eletrônicos e seus componentes eletrodomésticos;
- Embalagens de aço;
- Embalagens plásticas de óleos lubrificantes;
- Embalagens em geral;
- Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
- Medicamentos, seus resíduos e embalagens;
- Óleos lubrificantes usados ou contaminados;
- Pilhas e baterias;
- Pneus Inservíveis;
- Latas de alumínio para bebidas.
Os sistemas e as empresas são responsáveis por reciclar mais de 1 milhão de toneladas de lixo utilizando a logística reversa. O tema foi debatido em live no dia 19 de outubro, no canal do YouTube do curso de Administração da Uninter. Clique aqui para assistir.
Autor: Gabriel Smaniotto - estagiário de jornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica