O jejum intermitente é a resposta?

Autor: Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos (*)

Nos últimos anos, o jejum intermitente surgiu como uma das tendências mais destacadas no âmbito da alimentação e saúde. A estratégia que envolve alternar entre períodos de alimentação e abstinência alimentar tem atraído grande interesse devido aos potenciais benefícios associados, tais como a gestão do peso, o aprimoramento da sensibilidade à insulina e até mesmo a perspectiva de uma vida mais longa. Contudo, é fundamental reconhecer que essa prática não está isenta de riscos para a saúde e pode afetar o corpo de uma maneira imprevisível.  

Durante os períodos de jejum, não se consomem calorias, mas geralmente é permitido o consumo de água, chás sem calorias e, em alguns casos, café. Existem várias maneiras de praticar o jejum intermitente, incluindo o método 16/8, no qual se jejua por 16 horas e come em uma janela de 8 horas; o jejum de 12 horas, que envolve uma janela de alimentação diária de 12 horas; e outros métodos que variam em termos de duração do jejum, como 24 ou 36 horas intercalados com períodos de alimentação normal.  

Apesar dos benefícios elucidados, uma pesquisa realizada em 2021  pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), financiada pela CAPES, trouxe novas perspectivas sobre o jejum intermitente e os estudos identificaram possíveis riscos associados a essa dieta. Os experimentos demonstraram que intercalar longos períodos de jejum com períodos de alimentação pode causar danos a células cerebrais e intestinais. Surpreendentemente, foram observados danos em neurônios e nas vilosidades do cólon dos ratos que estavam sendo testados, o que é particularmente preocupante, uma vez que poucos estudos haviam apontado efeitos negativos do jejum, especialmente em indivíduos saudáveis. No entanto, ressalta-se que os resultados da pesquisa também revelaram efeitos positivos, como um efeito antidepressivo e redução da ansiedade. Isso sugere que o jejum intermitente pode ter impactos variados e complexos no organismo, com benefícios e riscos a serem considerados.  

Assim, é importante enfatizar que o jejum intermitente não é apropriado para todos. Pessoas com histórico de transtornos alimentares, gestantes, lactantes e indivíduos com condições médicas específicas devem evitar ou abordar essa prática com cautela, sob supervisão médica. Quando se trata de tomar decisões sobre a sua alimentação, é crucial entender que não há uma solução universal e que funcione para todos. Isso ocorre porque cada pessoa é única, com suas próprias necessidades nutricionais, variações genéticas e características físicas singulares. Portanto, antes de embarcar em um regime de jejum intermitente ou qualquer outra estratégia dietética, é altamente recomendável que você busque a orientação de um profissional de saúde qualificado. É importante levar em consideração as limitações e particularidades individuais como forma de garantir que a opção de dieta escolhida seja a mais adequada para atender às suas necessidades específicas.  

*Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos é Nutricionista, Mestre em Alimentação e Nutrição e Professora da Escola Superior de Saúde – Uninter.

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Autor: Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos (*)


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