Frete grátis no e-commerce: estratégia ou armadilha para os negócios?
Autor: Luciano Furtado C. Francisco (*)Nos últimos anos, o frete gratuito tem se destacado como uma das principais estratégias para impulsionar o sucesso do comércio eletrônico. De acordo com uma pesquisa realizada pela Opinionbox, em 2022, a taxa de entrega já foi responsável por fazer 79% dos consumidores desistirem de suas compras. Diante desse cenário, oferecer o frete grátis tornou-se uma forma eficiente de estimular os clientes a comprarem mais e, assim, aumentar as chances de fidelização. Entretanto, é crucial ter em mente que essa estratégia requer uma abordagem cuidadosa ao ser implementada.
Apesar de atrair os clientes, o frete grátis possui custos que, sem um planejamento adequado, podem facilmente ultrapassar a margem de lucro e comprometer a rentabilidade do negócio. Afinal, nesse tipo de estratégia, o lojista é quem paga o frete. Lembrando que nesse cenário não existe apenas o frete grátis, mas também pode haver o frete reduzido. Por exemplo, dar 50% de desconto no frete.
Diversos lojistas virtuais adotam o frete grátis – ou reduzido – como uma tática para conquistar uma maior fatia de mercado e expandir sua base de clientes, mesmo que isso represente um custo mais elevado e margem de lucro menor. Contudo, é importante ressaltar que essa abordagem pode não ser sustentável a longo prazo, exigindo uma análise cuidadosa dos impactos financeiros.
Para que a estratégia de frete grátis seja eficaz e não acarrete prejuízos ao longo do tempo, é fundamental compreender o real custo por entrega, levando em conta variáveis como o transporte, manuseio, mão de obra e tecnologias agregadas. Com esse conhecimento em mãos, o gestor de e-commerce pode traçar um plano para reduzir os custos, sem comprometer a satisfação do cliente, levando em consideração que os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto aos prazos de entrega.
Um caminho eficiente para a redução de custos logísticos é investir em tecnologia. Ao digitalizar as operações, é possível contar com processos automatizados, reduzindo erros humanos e eliminando retrabalhos e desperdícios. Além disso, tecnologias avançadas oferecem dados valiosos que ajudam a identificar problemas e oportunidades de melhoria.
Nesse contexto, a aplicação de inteligência artificial no planejamento de rotas é um excelente exemplo. Ao adotar rotas mais eficientes, é possível reduzir a quilometragem percorrida, aumentar a produtividade das equipes e otimizar a taxa de ocupação dos veículos, o que resulta em mais produtos entregues em uma única viagem e, consequentemente, na diminuição do custo por entrega.
Outra estratégia para redução de custos é negociar preços com os transportadores. Grandes volumes de envios ou contratos de longo prazo podem proporcionar descontos significativos, sendo a tecnologia uma aliada importante na seleção dos fornecedores com o melhor custo-benefício.
Oferecer frete grátis é um pilar importante para a eficiência no e-commerce, mas exige avaliação cuidadosa. Além da redução de custos operacionais, outros fatores devem ser considerados: frete grátis por valor mínimo, departamento ou região, programas de fidelidade, estoques consignados, coleta em loja física.
Estudar a viabilidade é crucial, pois estratégias combinadas podem ser necessárias. Fretes reduzidos devem ser temporários para evitar impacto no caixa e desconfiança dos clientes. Ou seja, com estratégias adequadas, é possível aumentar a fidelização e impulsionar as vendas. E o planejamento minucioso é fundamental para garantir viabilidade financeira a longo prazo.
(*) Luciano Furtado C. Francisco é analista de sistemas, administrador e especialista em plataformas de e-commerce. É professor do Centro Universitário Internacional – Uninter, onde é tutor no curso de Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos e no curso de Logística.
Autor: Luciano Furtado C. Francisco (*)Créditos do Fotógrafo: Justynafaliszek/Pixabay