A Copa é delas e a cultura de igualdade e respeito é para toda a sociedade

Autor: *Flavia Sucheck Mateus da Rocha

Não sou uma torcedora fiel nem entendo muito de futebol, mas durante a Copa do Mundo, o orgulho de vestir a camisa amarela renova a minha esperança de torcer pela seleção. Gosto e me orgulho de ver as janelas decoradas em verde e amarelo e me reunir com os amigos para torcer em frente à televisão. No entanto, algo me chamou a atenção durante a estreia da seleção feminina na Copa: a escassez de torcida, a inexistência de folgas para os trabalhadores nos horários dos jogos e o silêncio absoluto relacionado ao jogo na cidade em que resido. Curiosamente, observei no meu caminho que fui a única pessoa que estava vestindo a camiseta temática naquele dia. Apesar dessa situação, nossas guerreiras do futebol feminino brilharam em campo e para mim, a Copa é delas.  

Esse fato, me levou a refletir sobre o machismo que ainda permeia a nossa cultura. Lembro-me dos anos 2000, em que cursei Matemática na universidade e dos constantes comentários que ouvia: “Você é mulher e quer cursar Matemática?”, “Você precisa se casar antes de se formar, senão não terá mais chances depois”, “Cálculo não é coisa para mulheres”.  

Alguns podem argumentar que não somos mais tão machistas, como naquela época. É verdade que hoje em dia, o “politicamente correto” faz com que as pessoas disfarcem suas opiniões preconceituosas. Também tivemos avanços na esfera pública. Recentemente, foi sancionada a lei nacional que torna obrigatória a igualdade salarial e remuneratória entre homens e mulheres quando exercem o mesmo trabalho (Lei 14.611, de 2023). No entanto, a crença de que “certas coisas são apenas para homens” ainda está presente em muitas mentes, mesmo que não seja mais expressa abertamente.  

É importante reconhecer que o machismo persiste em nossa sociedade, de maneiras mais sutis. As mulheres enfrentam barreiras e estereótipos que as desencorajam a seguir carreiras consideradas “masculinas” ou a se destacar em áreas dominadas por homens. Essas atitudes limitam o potencial das mulheres e perpetuam a desigualdade de gênero.  

Portanto, é fundamental continuar lutando contra o machismo em todas as suas formas e escalas. Devemos encorajar e apoiar as mulheres em suas escolhas profissionais, desafiando os estereótipos de gênero e promovendo uma cultura de igualdade e respeito. Somente assim, poderemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades, independentemente de seu gênero. 

À medida que a Copa do Mundo avança, é inevitável pensar no que realmente significa “ganhar”. Enquanto, as seleções lutam pelo troféu nas partidas, podemos vislumbrar um paralelo com a busca pela igualdade de gênero na sociedade. Se conseguirmos promover mudanças significativas, derrubar estereótipos e eliminar barreiras, será a nossa sociedade a erguer a taça da vitória. Que a Copa do Mundo seja um lembrete de que a conquista da igualdade de gênero é um objetivo que todos nós devemos perseguir e celebrar.  

(*) Flavia Sucheck Mateus da Rocha é mestre em Educação em Ciências e em Matemática e Coordenadora da Área de Exatas do Centro Universitário Internacional UNINTER 

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Autor: *Flavia Sucheck Mateus da Rocha
Créditos do Fotógrafo: Reprodução / Twitter (@SelecaoFeminina)


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