Periferia de Curitiba conquista menção honrosa no Olhar de Cinema

Autor: Sandy Lylia da Silva – Estagiária de Jornalismo

A Trilha Sonora de um bairro conquistou reconhecimento no festival

A 12ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba exibiu, dentro da Mostra Mirada Paranaense, dois curtas-metragens que questionaram a idealização do título de cidade modelo da capital paranaense.

“A Trilha Sonora de Um Bairro” dirigido por Betinho Celanex e Danilo Custódio trouxe o bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e o rap da terra do pinhão para a cena cinematográfica. Com uma linguagem fiel ao dia a dia da comunidade, garantiu a menção honrosa do festival, com um recorte sociológico expressivo, verdadeiro e intenso da quebrada.

O documentário de 12 minutos levou os espectadores para uma imersão sociocultural e política pelo bairro mais populoso da capital paranaense, embalado pela composição do grupo J.A.C, que leva o mesmo nome do bairro. A música é o hino da quebrada e, através da batida do rap, relata a invisibilidade dos moradores da periferia, a realidade violenta do local e a falta de oportunidades na vila que abriga as maiores multinacionais do país.

Maria de Lourdes Borcz, chefe do Núcleo Regional CIC da Fundação Cultural de Curitiba,  foi às lágrimas ao assistir toda sua moçada na telona. “Estas lágrimas vieram dizer que estamos mudando o mundo aos poucos. Ver esses meninos nesse documentário, fazendo a arte de viver, de amar, de se comunicar é muito forte. Eu sinto a dor deles. Eu, como uma das representantes da Fundação Cultural, me senti maravilhada e agradeci a Deus por esses meninos mostrarem que nossa periferia possui joias raras. Temos que mostrar esse lado da regional CIC: o lado bom, do amor, da música, da dança, do teatro e do cinema. Isso me emociona e vai me emocionar sempre”.

Outro documentário exibido no festival foi o “Pixo na Cidade Modelo”, escrito e dirigido por Willian Germano. O trabalho abordou a questão da pichação na chamada cidade sorriso, por meio de depoimentos de pichadores do mundo da arte urbana e de pesquisadores. A dualidade entre expressão da arte,  poluição visual e vandalismo ao patrimônio privado é a questão norteadora dos 15 minutos do documentário. O movimento da pichação é tratado como uma arma, como uma forma de ataque a um setor da sociedade, questionando também o senso de propriedade privada. Os depoimentos dos praticantes do “pixo” na cidade modelo, revelam, ao longo do filme, suas motivações e vivências para deixarem seus gritos de protesto nos muros de Curitiba.

O desenvolvedor Júlio Cezar Ferreira, 34 anos, foi prestigiar seu amigo Germano e ficou surpreso com a entrega que o documentário realizou. “Achei muito bacana o ponto de vista do cineasta aos pequenos detalhes, coisas que a gente não vê de fato. O lado meio invisível de Curitiba, que passa batido, pois as pessoas ignoram. Foi muito interessante o fato de ele conseguir mostrar isso de uma forma que todo mundo consiga de fato entrar na perspectiva do pichador e ter outro ponto de vista em relação a esta expressão de arte”, comenta.

 

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Autor: Sandy Lylia da Silva – Estagiária de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski


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