Jovem Aprendiz transforma a realidade e dá primeira oportunidade a estudantes

Autor: Nayara Rosolen

O Instituto IBGPEX, em parceria com a Uninter, iniciou a turma oito do Programa Jovem Aprendiz neste mês. O grupo educacional acolhe os aprendizes desde 2007 e já contabiliza mais de 700 formandos. Desde que as instituições selaram a parceria, em 2018, foram cerca de 150.

De acordo com o pedagogo do IBGPEX, Leandro Prado, um dos principais objetivos é a “emancipação financeira”. Para alguns jovens, é a primeira oportunidade de contato com o mercado de trabalho e, em muitos casos, o primeiro passo para uma carreira profissional.

Os aprendizes passam por formação teórica e prática por 11 meses. Como entidade qualificadora, o Instituto é responsável por ministrar a formação com capacitação introdutória por cerca de um mês e, após o período, uma vez por semana, durante todo o programa. As atividades práticas são realizadas pelos diversos setores da Uninter, seis horas por dia, quatro dias por semana.

Segundo a gerente de projetos sociais do IBGPEX, Rosemary Suzuki, uma empresa tão grande quanto a Uninter preza pela seleção dos colaboradores e, por isso, é um processo complexo e exigente, uma vez que o nível do trabalho também é muito bom e muito alto. “Contratam-se só os melhores”, garante.

A excelência na seleção e do trabalho desenvolvido fica evidenciada também no número de efetivações ao fim do programa. Desde o início da parceria entre o Instituto e a Uninter, mais de 40 aprendizes permaneceram em cargos efetivos.

“É muito legal ver e muito bom saber que o programa oportuniza acesso e a permanência desses jovens em uma empresa tão grande”, diz Rosemary.

Um destaque foi a turma seis, de 2021, da qual foram efetivados mais da metade dos 34 aprendizes. Dela fazem parte as jovens Karoline Mendes de Oliveira, Ester da Silva Vieira e Emanuele Proêncio de Jesus, que atualmente são auxiliar da Logística, assistente da Gestão de Pessoas e auxiliar administrativa do Atendimento Central, respectivamente.

“Mãe, eu vou trabalhar na Uninter”

Karoline, de 20 anos, mora em Campo Largo (PR) e soltava a mesma frase todas as vezes que passava em frente a unidade da Uninter na cidade, onde estão instalados os setores de Logística e Secretaria Acadêmica. A jovem sabia que a empresa se tratava do centro universitário e, sem saber o que encontraria dentro do prédio, dizia que também iria estudar lá.

“Eu pensava ‘nossa, eu acho que os alunos devem adorar estudar ali, olha que lugar bonito para trabalhar, estudar ao ar livre… é relaxante’. E falava ‘eu vou querer trabalhar nesse lugar, eu vou querer estudar nesse lugar’. Para mim, sempre veio esse desejo. Hoje em dia, é um sonho realizado”, conta.

Ela soube da vaga de jovem aprendiz por meio do colégio onde estudava, para a turma de 2021. Na mesma hora, enviou o currículo e, logo em seguida, recebeu o desejado retorno, a chamando para uma entrevista. “Meu Deus, não acredito!”, pensou Karoline. “Aquilo para mim foi um sonho realizado”, relembra a jovem.

Em um ano atípico, ainda paralisado por causa da pandemia da Covid-19, todo o curso foi realizado de forma virtual. Mesmo assim, a jovem diz que a distância foi minimizada pelas interações online e a turma foi marcada pela união.

Durante o processo, Karoline teve a oportunidade de enxergar e desenvolver algumas qualidades que não conseguia observar antes, como a facilidade que possui em aprender e reproduzir a instruções práticas. E também destaca as aulas ministradas e a didática do professor.

“Se não fossem os professores, não existiriam os grandes profissionais que têm hoje. São eles que nos fazem continuar e nunca desistir”, afirma.

Karoline almejou uma vaga efetiva e se mostrou disponível, sempre atenta a possíveis oportunidades. Ao final, recebeu do gestor a notícia tão desejada: a vaga era dela. “Foi um momento único”, garante.

Hoje, a jovem atua na equipe de estoque e está no terceiro período do curso de Engenharia Civil, que realiza também na Uninter. Para ela, a experiência de mais de dois anos dentro da instituição significa “aprendizado”.

“Temos que buscar evoluir sempre, não podemos nunca estar na estaca zero. E, sempre que a gente estiver triste, nunca deixar decair. Quando decair, começar do zero e seguir em frente”, finaliza.

Agora, Karoline deseja ser uma engenheira “das mais disputadas”, responsável por construções grandiosas e “continuar estudando, pois sem estudo hoje em dia não somos nada”.

“A primeira oportunidade de trabalho registrada foi aqui”

Ester, atualmente com 17 anos de idade, entrou para o programa aos 15, ainda “muito retraída e tímida”, a jovem conta que tinha medo até de andar na rua. Até aquele momento só havia trabalhado fazendo alguns “bicos” ou ajudando a família, como babá, por exemplo. Muito diferente da jovem falante, que contava sorridente sobre a trajetória na Uninter, em entrevista para a CNU por videochamada, no dia 15 de fevereiro.

“Eu desenvolvi muito. Isso que estamos fazendo [entrevista por videochamada], por exemplo, há dois anos eu não conseguiria de jeito nenhum (…) eu não sabia fazer praticamente nada e todo mundo sempre me deixou muito à vontade para aprender”, afirma.

Em busca da primeira oportunidade de trabalho, a jovem enviou o currículo para vários programas e foi selecionada para participar das entrevistas do IBGPEX com a Uninter, também para a turma de 2021. Ester entrou como aprendiz da equipe de Gestão de Pessoas, na sede corporativa em Curitiba (PR).

Sempre “muito ligada a sensações”, guarda na memória as pausas para o café, as interações com os colegas, as palestras sobre os mais diversos assuntos e as dinâmicas que aconteciam no grupo, como teatro e músicas. Uma delas ficou marcada: uma paródia da música “Anunciação”, de Alceu Valença, que os meninos do grupo apresentaram para as meninas no Dia das Mulheres.

“Foi muito divertido, a gente não estava esperando”, relembra.

Também foram marcantes os conhecimentos práticos que adquiriu no setor, onde “todo mundo sempre foi muito receptivo”.

“Uma oportunidade que é bem difícil de conseguir, mas foi muito bom, porque eu vejo o quanto eu consegui crescer, eu amadureci muito (…) me tornei mais comunicativa também, mais clara no que eu falo. Lembro que no começo do curso eu não sabia nem mandar um e-mail”, conta.

O programa também foi um processo de autoconhecimento que a fez enxergar as várias possibilidades e se encontrar em uma carreira profissional. Antes do programa, Ester se imaginava na área da saúde, cursando medicina. Mas percebeu que não era bem isso que gostaria de seguir.

Após a formação no programa, por ainda ser menor de idade e estar no ensino médio na época, permaneceu na instituição como estagiária em 2022 e, menos de um ano depois, foi efetivada como assistente, cargo que ocupa hoje, no qual cuida da parte admissional dos colaboradores. Durante a trajetória, decidiu cursar Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, também na Uninter.

“Entrei com uma visão totalmente diferente do que eu queria (…) Não me via no recrutamento e seleção, por exemplo, nem passava pela minha ideia, eu nem sabia como era, não tinha esse contato. Mas como a gente viu todos os processos, realmente gostei muito da área e vi uma oportunidade muito boa de continuar, me agarrei na oportunidade”, diz.

Neste momento, quer se formar no curso que acabou de ingressar e seguir se especializando na área que o Jovem Aprendiz a apresentou como uma oportunidade de carreira.

“O que mais marca é o reconhecimento”

Emanuele, de 22 anos, tentou entrar para o Jovem Aprendiz da Uninter três vezes até conseguir uma vaga. Nas duas primeiras, em 2014 e 2015, a jovem tinha 14 e 15 anos, mas não conseguiu na concorrência com jovens de mais de 20 anos. Na época, ela se interessava pela área de saúde e pensava em investir na área da farmácia.

Foi estagiária em uma empresa de farmácia de manipulação e depois começou a trabalhar em uma rede de farmácias em Curitiba. Chegou, inclusive, a tentar o vestibular para o curso de Farmácia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas não passou da segunda fase de exames. Com o tempo, descobriu que não era o que realmente queria e decidiu ir para a área do Direito, já no centro universitário.

Em 2020, no segundo período da graduação, enquanto pesquisava por vagas de emprego nas redes sociais, como o Facebook e o Linkedin, viu que as inscrições para o Programa Jovem Aprendiz da instituição com o IBGPEX estavam abertas. Se inscreveu e, desta vez, foi aprovada no processo seletivo.

No auge da pandemia, na mesma turma de Karoline e Ester, a jovem lembra dos empecilhos com a internet e dificuldade de conexão e, consequentemente, entrega das atividades. Mas diz que pôde contar com a compreensão e flexibilidade de toda a equipe do Instituto, que entendia a situação. Com relação às práticas, diz que o setor do Atendimento Central a recebeu muito bem e sempre foi bem instruída.

“Foi uma experiência única (…) aprendi a me desenvolver bastante, ter uma postura mais firme, conseguir falar com mais clareza, e isso foi tanto auxílio com a prática quanto com o curso. O professor Leandro sempre falava de temas que eram de grande importância tanto para o profissional quanto no pessoal. Uma das coisas que mais me marcou foi quando ele falou do marketing pessoal”, afirma.

Um dos diferenciais observados por Emanuele após o programa são as relações pessoais. Em um ano difícil, com muitos colegas perdendo familiares para a Covid-19, a jovem percebe que há uma diferença na forma de lidar com as situações e nas trocas interpessoais, muito mais tolerantes e com base no diálogo.

Dos momentos mais marcantes, ela tem na memória o dia da formatura, que, apesar de encerrar o ciclo, marcava a primeira vez que conhecia os colegas de programa pessoalmente, quando pôde ver de perto cada um dos rostos que antes eram vistos apenas por uma tela.

“O que mais me marca acredito que é o reconhecimento (…) sempre tentei mostrar o quanto sou grata para eles, tanto para o meu setor quanto para o IBGPEX. É o reconhecimento de que você deu o que pôde, o seu melhor e hoje está colhendo o que conseguiu. É reconhecimento e gratidão (…) No Jovem Aprendiz tinha mais um desenvolvimento para ter conhecimento. Como efetivada, é colocar esses conhecimentos em prática, o trabalho passa a ser seu, então a responsabilidade é sua”, salienta.

A jovem soube da vaga efetiva disponível antes mesmo da formatura, oferecida pela gestora, que foi prontamente aceita. Hoje, com “mais responsabilidade e uma grande demanda”, Emanuele segue como auxiliar administrativa no campus Garcez, nos cuidados com a emissão das carteirinhas e retiradas de diplomas, mas mantém o olhar e a dedicação também para a carreira do Direito e deseja começar a profissão jurídica também na Uninter, além de prestar concursos públicos.

“Sei que existem grandes possibilidades (…) A princípio quero ter uma carreira na Uninter, mas também por fora. Hoje o meu sonho em si é delegar, mas a gente vai construindo sonho por sonho, etapa por etapa”, conclui.

Emanuele acredita que a instituição dá grandes oportunidades de desenvolvimento e crescimento por meio dos processos seletivos internos. Até o momento, todas as etapas pelas quais passou são “uma grande conquista”, não só para ela, mas também para a mãe e o irmão, com quem mora e que sempre a acompanharam, apoiaram e incentivaram em todo o processo.

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Autor: Nayara Rosolen
Edição: Larissa Drabeski


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