O que precisamos saber sobre a meningite?
Autor: Patrícia Carla de Oliveira (*)A meningite é uma doença grave causada pela inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal). Essa inflamação pode ter sua origem devido a infecções por microrganismos, como vírus, bactérias e fungos, bem como ser resultado de traumatismos, câncer, lúpus, entre outros fatores.
No Brasil, a meningite é considerada endêmica, pois vários casos são esperados durante todo o ano, sendo acometidos, principalmente, crianças menores de 5 anos, adolescentes e idosos. De acordo com dados da Fiocruz, a meningite mais frequente em nosso país é a bacteriana, mais grave que a viral e causada por bactérias como a Streptococcus pneumoniae, a Haemophilus influenzae e a Neisseria meningitidis.
Apesar de não ser transmitida com tanta facilidade como a gripe, o modo mais comum de contágio da meningite bacteriana também é de pessoa para pessoa, por meio do contato com secreções respiratórias, como tosse, espirro e troca de saliva. Contatos breves ou casuais, como um aperto de mão ou conversa, dificilmente transmitem a meningite. Porém, ambientes fechados e com aglomeração contribuem para a transmissão e potenciais surtos. A transmissão pela ingestão de água e alimentos contaminados ou contato com fezes é de grande importância para a transmissão da meningite viral.
Inicialmente, todos os quadros de meningite são semelhantes e começam, normalmente, com mal-estar geral, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Posteriormente, surgem dores nas articulações e músculos, com rigidez na nuca, que pode evoluir para crises convulsivas. Podem surgir também lesões hemorrágicas pela pele e infecção generalizada, causando paralisia, surdez, coma e óbito. O diagnóstico é realizado a partir de sintomas clínicos e confirmado por meio de exame de sangue e da análise do líquido cefalorraquidiano, que banha as meninges. Depois do diagnóstico positivo, o paciente deve ser isolado e a doença deve ser notificada às autoridades de saúde locais.
O tratamento da meningite bacteriana é feito com antibióticos intravenosos e deve ser iniciado o mais rápido possível, enquanto o tratamento da meningite viral é apenas com sintomáticos. As vacinas para meningite estão disponíveis pelo Programa Nacional de Imunização e são consideradas a melhor forma de prevenção contra a doença. São elas:
– Vacina meningocócica ACWY (conjugada): protege contra os quatro sorogrupos de meningococos responsáveis pelas doenças meningocócicas: A, C, W e Y. Deve ser aplicada em crianças aos 3, 5 e 7 meses de vida e doses de reforço são indicadas entre 4 e 6 anos e aos 11 anos.
– Pentavalente: protege contra a bactéria Haemophilus influenzae sorotipo B e corresponde a 3 doses, administradas aos 2, aos 4 e aos 6 meses, com intervalo de 60 dias entre as doses. Doses de reforço devem ser administradas aos 15 meses e aos 4 anos.
– Vacina meningocócica C (conjugada): protege contra a meningite causada pelo sorogrupo C, devendo ser aplicada aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses.
– Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra a bactéria Streptococcus pneumoniae, em que a primeira dose deve ser aplicada aos 2 meses, a segunda aos 4 meses e uma dose de reforço aos 12 meses ou até os 4 anos.
As vacinas são eficientes e seguras! Portanto, se a carteira de vacinação estiver incompleta, devemos procurar proteção em qualquer idade. Pais precisam ficar atentos às carteiras de vacinação dos seus filhos para não perderem as datas e mantê-los protegidos. Vacinar é um ato de amor!
*Patrícia Carla de Oliveira é bióloga, mestranda em Medicina Interna e Ciências da Saúde, professora da Escola Superior de Saúde Única do Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: Patrícia Carla de Oliveira (*)Créditos do Fotógrafo: Pavel Danilyuk/Pexels