O morro dos ventos uivantes – paixões, traições, vinganças e fantasmas

Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo

Seja você um fã de literatura ou conhece alguém que respira romance, com certeza já ouviu o título Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë. O clássico romance inglês que é uma referência quando se trata de romances góticos.  

Quando nos deparamos com uma história clássica, é necessário entender o período em que foi escrita, a realidade em que o autor estava inserido. Por exemplo, a obra citada foi lançada na era vitoriana, em que tínhamos uma efervescência intelectual e na qual a literatura estava focada no romantismo, tanto na poesia e quanto nos romances. 

Por se tratar de uma época em que a sociedade passava por uma transformação e resistência ao tradicional, os romances passaram a trazer essa idealização de retrato do que seria uma vida difícil. E foi nesse período que as mulheres começaram a buscar sua voz através das obras literárias.  

Ao ler a obra, dois tópicos se destacam para o leitor: violência e paixão. Segundo a professora, Edna Marta, mais conhecida como Teca, “as pessoas não acreditavam que um livro com tanta emoção, ódio e paixão, pudesse ter sido escrito por uma mulher. Já que, como sabemos, naquela época as mulheres deveriam ser a representação de bela, recatada e do lar”. 

Nas páginas, um choque de realidade e inovação  

Mesmo que aos nossos olhos não pareça ser nada informal, para uma época em que os livros eram todos conservadores e de estudos, a obra apresentava uma linguagem extremamente coloquial para uma sociedade do século 19.  

Muitos estereótipos também foram quebrados. No lugar do inglês burguês, cordial e recatado, nos deparamos com personagens realistas. “Eram personagens que tinham raiva, sede de vingança, que amavam. Gente como a gente”, explica a professora.  

“Isso tudo ia contra o movimento literário da época de trazer personagens exemplares”, complementa Teca.  

Além disso, no livro acontecem muitos episódios sobrenaturais. Como por exemplo, assombrações e contato com os fantasmas de alguns personagens que mesmo depois de mortos continuam a aparecer na história. 

Diferente de muitas obras, a narrativa não acontece através de um dos personagens principais ou até mesmo por um narrador em terceira pessoa. Mas sim, por um personagem secundário, uma governanta.  

“Esse talvez seja um dos maiores mistérios do livro. Será que dá pra confiar em uma história contada por alguém que viu tudo de fora? Será que o personagem agiu assim mesmo? Pensava desse jeito? Então esse é um fato importante para se observar”, explica. 

Adaptações  

Assim como toda e qualquer obra de sucesso, Morro dos Ventos Uivantes teve várias adaptações ao longo dos anos, por exemplo: um espetáculo de balé, filme ainda no cinema mudo e, no Brasil nos anos 60, foi feita uma novela contando a história da obra.  

Em contraponto com a história que é narrada por um personagem secundário, foi lançada uma música com o mesmo nome do livro em inglês, Wuthering Heights, da cantora britânica Kate Bush. A letra reconta os acontecimentos a partir da perspectiva de uma das protagonistas, a personagem Catherine. 

Uma curiosidade que poucas pessoas sabem, é que a história ficou ainda mais conhecida por causa da personagem Bella de Crepúsculo que nos livros comenta sobre ler e gostar muito de O Morro dos Ventos Uivantes. Uma obra de romance gótico dentro de outra obra de romance gótico.  

O MGM do mês de novembro foi dedicado ao clássico romance inglês O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë. O programa foi transmitido pela Rádio Uninter e apresentado por Arthur Salles e Edna Marta. Para assistir ao programa, clique aqui. 

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Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo
Créditos do Fotógrafo: Isabela Zamboni | Resenhas à la Carte


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