Representatividade LGBTQIA+ na mídia

Autor: Natalia Jucoski - estagiária de jornalismo

O cinema, a televisão, a publicidade podem contribuir com transformações da sociedade ao trazer à tona temas importantes, como a representatividade LGBTQIA+. No entanto, a forma como a diversidade de gênero e de sexualidades é representada ainda é bastante limitada.

Um exemplo são as telenovelas, que fazem parte da cultura brasileira desde a década de 1950. No decorrer dessa história, a forma com que personagens que fazem parte da comunidade LGBTQIA+  foram representadas são, em sua maioria, estereotipadas. Isso dificulta que o público desse público se reconheça nos personagens. Afinal, condicionar uma personagem a uma função específica, em vez de representá-lo em sua complexidade, é o mesmo que reduzi-lo a uma caixinha.

No entanto, ainda que tragam uma visão limitante, a presença de personagens que rompam com os padrões heteronormativos traz benefícios. Essa representação, mesmo que mínima, possibilita uma abertura para outros olhares, como aponta o doutor em Ciências da Comunicação e professor da Uninter Clóvis Teixeira Filho.

Mas, para que haja mais avanços, é necessário prestar mais atenção ao público. “Hoje em dia a gente já tem uma representação um pouquinho melhor, mas ainda tem que ser vista pelo olhar não do produtor, e sim de quem está consumindo”, alerta Clóvis.

Para melhor compreensão do tema, vale destacar a diferença entre representação e representatividade. Enquanto a primeira pode não trazer um retrato real, a segunda significa representar politicamente os interesses de um determinado público. Então, a diversidade de gêneros e sexualidades na mídia só acontece de fato se houver a representatividade.

No ramo publicitário, o debate sobre diversidade também ganha força. Nos espaços de produção das peças publicitárias, muitas agências contam com equipes diversas. No entanto, isso não significa que a representação em frente às câmeras consiga alcançar a multiplicidade de olhares.

As razões para as transformações no campo publicitário também são econômicas. As marcas buscam sempre aceitação do público. Isso pode acontecer por razões estritamente econômicas, com o chamado pink money, expressão em inglês que se refere a ações de marketing de uma determinada empresa que não se importa com a causa em si, querendo apenas lucrar com a adesão do público LGBTQIA+.

Por vezes, a representatividade se dá com ações genuínas, que melhoram a qualidade de vida das minorias. É a publicidade de causa que consegue unir duas coisas importantes em uma empresa: gerar lucro e benefício ao público, pois a diversidade está acima das discussões de consumo. Para que as ações tragam benefícios reais, a empresa precisa olhar para o contexto do público. “Entender como que a comunidade se enxerga primeiro, como que esse público se enxerga para, daí sim, construir com eles essa comunicação”, ressalta Clóvis.

A própria vigilância do consumidor sobre as marcas contribui para que haja visibilidade da comunidade LGBTQIA+, tanto nas telas quanto dentro das empresas. Para que a diversidade alcance cada vez mais espaço na mídia e a sociedade esteja mais perto da equidade, conversas com essa temática precisam e devem ser feitas. “A gente já está melhorando bastante, e cada vez mais rápido”, avalia Clóvis.

Um exemplo de como a temática ganha força é também o número de pesquisas acadêmicas sobre o tema, que vem crescendo nos últimos anos. “Só de a gente estar discutindo isso aqui em uma universidade [já é um avanço], acho que esse é o papel da universidade abrir novos olhares e de certa forma transformar uma realidade”, finaliza o professor.

A representatividade LGBTQIA+ na mídia foi o tema do programa Art& Cultura da Rádio Uninter, apresentado por Barbara Carvalho e Arthur Salles. Você pode conferir o programa na íntegra clicando aqui.

 

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Autor: Natalia Jucoski - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski


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