Luz, câmera e análise: Cineclube debate o filme ‘O Auto da Compadecida’

Autor: Renata Cristina - estagiária de jornalismo

“Não sei, só sei que foi assim’’, uma frase que parece não explicar muita coisa, mas é uma das mais conhecidas do cinema nacional. A sentença é dita por Chicó, personagem interpretado por Selton Melo no filme ‘’O Auto da Compadecida’’.

Segundo a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) a obra está entre os 100 melhores filmes brasileiros. A história retrata a realidade social vivida à época, com um toque de comédia. Os professores Deisily de Quadros, Douglas Lopes, Guilherme Augusto de Carvalho e Marcio Pelinski fizeram um debate sobre o filme no último dia 18 de agosto, no Cineclube: Luz, Filosofia e Ação.

Em análise baseada na experiência profissional, os docentes chegaram em uma conclusão unânime sobre a relevância da peça escrita por Ariano Suassuna ao tratar das questões da cultura brasileira.

“Ele tem um apelo à arte popular que é sensacional, ao mesmo tempo que ele tem uma erudição. E o Suassuna é uma das pessoas que defendem que nós precisamos produzir cultura, incentivar a cultura brasileira, sobretudo a popular para que nós possamos criar uma identidade’’ destaca o professor dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Filosofia da Uninter, Douglas Lopes.

Além disso, também foram debatidos a composição dialética, paleta de cores, movimentação. “Todo julgamento acontece na igreja. É muito interessante essa transposição do espaço. A porta que você entra na igreja se transformou na porta que você entra o inferno. Foi muito feliz essa transposição de usar o mesmo espaço’’, avalia o professor na Área de Teologia e Humanidades, Márcio José Pelinski.

“É uma narrativa sobre a luta por sobrevivência do João Grilo, do Chicó e de outros personagens, numa sociedade de classes repleta de problemas. Então, eles têm que resolver os problemas que vão movimentando essa narrativa e vão auxiliando pra que exista essa ação para o tema dramático’’, avalia a professora e coordenadora dos cursos Letras e de História Deilisy de Quadros.

A obra veio de uma adaptação do livro e as comparações acabam sendo inevitáveis, mas a professora destaca a importância de entender a linguagem usada por cada arte, pois cada uma tem a sua linguagem própria. Em um livro, por exemplo, será usada uma linguagem mais descritiva, devido à necessidade de criar uma imaginação sobre a cena. Já no recurso televisivo, não há a mesma necessidade. “Quando o Suassuna utiliza do texto dramático, ele tem uma leitura da realidade. Ele vem com uma bagagem aí, ele vem com um reportório de leitura. E quando o [diretor do filme, Guel] Arraes vai fazer essa transposição, essa adaptação, ele vem com outra leitura, com outras bagagens’’, reforça a professora.

Na transposição textual, entram outros elementos com uma linguagem multimodal. Assim, por meio do filme, a narrativa ganhou cores, cenários e movimentos que entraram para o imaginário popular brasileiro.

O programa que foi transmitido através canais do Youtube da Escola Superior de Educação e da Área de Humanidades e pela página do Facebook da Área de Humanidades para conferir na íntegra clique aqui.

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Autor: Renata Cristina - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski


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