Discursos, práticas e silêncios

Autor: Larissa Priscila Bredow Hilgemberg (*)

Quando se fala a palavra “discurso”, no que você pensa?

Talvez você se lembre do discurso da sua formatura, principalmente se foi o orador da turma. Ou, quem sabe, pense em palavras bonitas numa fala com retórica perfeita. Mais fácil ainda lembrar que estamos em ano de eleição, e há vários candidatos discursando na televisão, rádio, em comícios ou na internet.

Independente do tipo de discurso que você imaginou, é muito provável que o tenha ligado a palavras e falas, ou seja, a uma comunicação verbal.

Mas, e se eu falar que um discurso se faz além das palavras?

O filósofo Michel Foucault entende que o discurso também é prática. Ou seja, nós dizemos sobre nós, sobre nossas crenças e ideias não apenas com nossa boca, mas com nossas ações e com o nosso modo de agir perante o que nos cerca.

Foucault ainda vai além: não são apenas as nossas práticas que revelam os nossos discursos de vida, são também os silêncios que acompanham as palavras e os atos. Aquilo que rejeitamos falar ou que negamos que existe, muitas vezes, fala mais sobre nós do que falas bonitas e cheias de argumentos.

Aliás, os políticos sabem muito bem disso. Não é à toa que, em épocas de campanha política como a que estamos vivendo, há tantos políticos comendo pastel na rua, segurando bebês e crianças ou passeando em bairros carentes. Também é nesta época que as minorias voltam a ser pauta de discussões e que pessoas em situação de rua são abraçadas e recebem a atenção que sempre deveriam ter.

Esses discursos (e práticas) são formas de os candidatos dizerem que são “gente como a gente”. Que seus ideais e preocupações acompanham a população! Mas, fiquemos atentos: o discurso verdadeiro se faz no decorrer da vida e não apenas em um período demarcado!

Seja para entender o propósito real de um candidato político, seja para compreender as pessoas com quem convivemos ou mesmo para refletirmos sobre os nossos próprios discursos, é importante observarmos as práticas diárias e os silêncios que os acompanham.

*Larissa Priscila Bredow Hilgemberg é especialista em Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa e Docência EAD, mestranda em Educação e Formação Humana, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Larissa Priscila Bredow Hilgemberg (*)
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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