Música faz bem para a mente

Autor: Daniela Mascarenhos e Flávio Ducatti - Estagiários de jornalismo

Não existem relatos científicos que comprovem com exatidão quando a música foi inventada. Antes mesmo de o conceito ser criado, estudos apontam que os primeiros humanos que existiram já faziam sua própria música. A sonoridade era inspirada na natureza, utilizando movimentos corporais, vocais e alguns poucos instrumentos rústicos.

Embora a evolução musical tenha passado por diversos períodos ao longo dos anos, um fator permaneceu intacto: nossa ligação com a música. Seja com uma melodia em específico ou com um determinado gênero, os seres humanos tendem a estabelecer conexões com a música de uma forma ou de outra.

Segundo a professora e coordenadora do curso de pós-graduação em Música e Cognição da Uninter, Valentina Daldegon, existem ligações cerebrais que nos fazem processar a música de jeitos diferentes. “É muito comum que a gente escute uma música que remeta à uma memória afetiva e isso nos desperte, além da nostalgia, lembranças, cheiros e outras situações que nos levem ao exato momento em que essa ligação foi criada”, explica.

A professora complementa que nem sempre a música é a responsável. “Tem muito a ver com as nossas experiências, mais do que com a música em si. Podemos perceber no nosso dia a dia que algumas vão nos deixar mais felizes, outras mais tristes, mas não pela melodia de fato, e sim por experiências que já tivemos”, complementa.

Memória afetiva e a música como tratamento

Em 2020, um vídeo publicado pela instituição de caridade espanhola Associação Música para Despertar, mostrava a ex-bailarina Marta Gonzalez, que sofria de Alzheimer e relembrou a coreografia que fazia em “O Lago dos Cisnes”, ao ouvir a melodia como parte de seu tratamento. O vídeo se encontra disponível no Youtube e Instagram oficiais da instituição.

A emocionante cena viralizou e despertou muitas dúvidas, não somente pela trajetória da bailarina, mas pelos efeitos da música. Afinal, Marta foi bailarina em 1960 e mesmo depois de tantos anos, já debilitada pela doença, ela ainda se recorda dos movimentos.

“Já é provado que nós escutamos desde que estamos na barriga da nossa mãe e desenvolvemos memórias desde bem novos. Então é completamente possível que a música tenha ativado essas conexões do cérebro dela [a bailarina] que estavam adormecidas. Com certeza quando ela ouviu a música, tocou tão fundo na alma dela e essas memórias afetivas voltaram com tanta força, que ela não teve outra reação senão repetir os movimentos na medida do possível”, explica a professora.

No artigo Música, uma terapia para o corpo e para a alma, o professor da Área de Linguagens Cultural e Corporal da Uninter Alysson Siqueira enfatiza a importância da música no tratamento de pacientes com quadro demenciais, em especial, idosos.

O professor comenta sua surpresa ao constatar, durante uma pesquisa, que em todos os lares de idosos que olhou havia atividades semanais ligadas à música. Muitas delas recorrendo ao uso da musicoterapia. Uma modalidade que ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, devido aos tratamentos bem-sucedido de pacientes com traumas pós-guerra.

A música pode ser importante no desenvolvimento das funções motoras e, além do resgate das memórias afetivas, como no caso da ex-bailarina, pode ajudar também no processo de criação de novas relações sociais.

Alysson complementa em seu estudo que a musicoterapia se estende para outros grupos também. Por exemplo, pessoas com transtorno do espectro autista, déficit de atenção e todas que tiverem o interesse de melhorar sua saúde física e mental através da música.

A música e o nosso cotidiano

Você com certeza tem ou conhece alguém que tenha o hábito de escutar música para fazer absolutamente tudo. Algumas pessoas ainda vão além e estabelecem músicas específicas para cada atividade do dia. Seja trabalhar, estudar, lavar a louça ou dobrar a roupa, vai ter algum som no fundo.

Ao contrário do que muitos pensam, não existe um estilo musical que influencia cada campo em específico. “Algumas músicas vão funcionar melhores que outras para algumas pessoas. Claro que uma batida mais forte ou mais complexas, talvez façam com que você preste atenção na música e não no que está fazendo, como no caso de estudar por exemplo”, explica a professora Valentina.

A professora ainda cita o exemplo de um estudo que propõem o seguinte: imagine-se em uma festa na sua casa, em um determinado horário você vai dormir, mas as pessoas continuam ali e o barulho permanece. Você já está dormindo quando de repente escuta um prato quebrar, mas não acorda por estar ambientado com o barulho.

Agora, se a mesma situação do objeto se partindo acontece com a casa vazia e apenas você dormindo em seu quarto, tanto o volume do som quanto o impacto serão maiores. Você irá acordar assustado, já que fugiu da normalidade que era o silêncio absoluto. O estudo também comprova que nunca paramos de escutar, mesmo dormindo, nosso cérebro apenas trabalha a audição de forma diferente.

“Os olhos você pode fechar para dormir, mas os ouvidos estão sempre trabalhando. O cérebro está sempre trabalhando. Então quando algum som ou ruído foge da normalidade, é comum que isso ative uma determinada área no cérebro que irá te fazer despertar, fugir do comum, é uma coisa estranha”, complementa Valentina.

“Tanto a aprendizagem quando o convívio com a música influencia várias áreas, pois o cérebro funciona como um todo. Tudo depende da ligação com a música e com as suas experiências”, conclui.

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Autor: Daniela Mascarenhos e Flávio Ducatti - Estagiários de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Arquivo - Música para Despertar


1 thought on “Música faz bem para a mente

  1. Século 21, o século do ritmo e do balanço musical. O Que seria do nosso dia a dia sem uma canção, para nos alegrar, nos acalmar, ou até mesmo nos fazer chorar de emoção. No balanço do ritmo musical, a gente dança, a gente canta!

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