A origem e o significado da Semana Santa

O carnaval antecede a quaresma e existem várias versões para sua origem. Uma das mais conhecidas é a de que surgiu na Grécia, por volta do ano 520 a.C., onde as pessoas se reuniam para festejar em nome do deus Dionísio, também conhecido como Baco – deus da libido e da fertilidade, com a intenção de celebrar a chegada da primavera.

Em nosso país é considerada a maior festa popular e teve início no Brasil colonial, provavelmente no século XVI, e constituiu os ritos de fé da quaresma por influência portuguesa, com a festa de rua chamada entrudo, que consistia em jogar farinha, ovo e tinta nas pessoas.

Mas o que isso tem a ver com a Semana Santa? Por que o carnaval acontece 40 dias antes da Páscoa?

A quaresma, como celebração cristã, foi inspirada no período de tentação de Jesus Cristo no deserto, bem como, nos exemplos de Noé, 40 dias na Arca, e Moisés, vagando por 40 anos no deserto do Sinai. A morte de Jesus foi intrinsecamente ligada à comemoração da Páscoa, que se tornou um dos maiores marcos da religião cristã.

A quaresma se inicia 40 dias, incluindo a Semana Santa, antes da celebração da Páscoa. Para os católicos esse é um momento de profunda reflexão e conexão espiritual. É um período privilegiado de preparação para a Páscoa, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina no Sábado de Aleluia, anterior ao domingo de Páscoa. A preparação para o momento da ressurreição de Cristo envolve uma série de pontos relevantes.

Durante a Semana Santa buscam-se serviços e ritos, como o Domingo de Ramos, procissão do círio pascal e a cerimônia do lava-pés. Cada dia da Semana Santa guarda um significado especial. Também nesse período os ministros usam vestimentas roxas nas cerimônias realizadas e os santos são todos cobertos de roxo, que representa a tristeza que o período simboliza.

Como a Páscoa é uma festa muito importante, sua celebração é esperada com grande entusiasmo, e existe um processo de preparação até a sua chegada. Uma das maneiras dos fiéis prepararem-se para ela é a quaresma —período de 40 dias antes da Páscoa, marcado pela realização de penitências.

Além das penitências e ritos existe a tradição, da troca de ovos de chocolate.

A tradição de entregar ovos decorados na Páscoa existe desde antes do cristianismo. Para as civilizações antigas, o ovo era um símbolo de força, vitalidade e fertilidade. Presentear amigos com esse item era como desejar bonança e fartura nas colheitas que viriam. Antigamente, eram entregues ovos de galinha, coloridos e desenhados com motivos festivos, que faziam referência à primavera.

Em outros países, a tradição dos ovos de Páscoa se manifesta de formas diferentes. Nos Estados Unidos, ovos cozidos são decorados com tintas e escondidos para que as crianças possam procurar. Na Bélgica, as crianças fazem ninhos de palha e os escondem na grama, esperando que o coelho da Páscoa os encha de ovos. No Brasil usa-se ovos de chocolate que são colocados em ninhos e escondidos para que as crianças encontrem.

Hoje, resta muito pouco dessa tradição e os ovos, agora de chocolate, transformaram a Páscoa em uma festa de consumo desenfreado, onde as crianças desconhecem o real significado da Páscoa. Uma pena que a simbologia desta festa cristã tenha cedido espaço para o consumismo, o que aconteceu também com outras datas em que o objetivo são as vendas e o lucro.

Feliz Páscoa! Salve a renovação da vida!

* Dulce de Almeida Torres é graduada em Letras Inglês, Mestre em Ciências da Educação. Docente da Área de Linguagens e Sociedade da Uninter.