O papel das lideranças na gestão da diversidade
Autor: Ademir Bueno*O tempo passou, o mundo mudou, as empresas e pessoas também, e nos últimos tempos, ouvimos, vemos e sentimos a necessidade de discutir o tema diversidade dentro das organizações. Mas, afinal, do que se trata? Diversidade tem a ver com os vários tipos de pessoas com as quais nos deparamos, seja pelas suas religiões, peso, idade, etnia, orientação sexual, gênero, raça ou qualquer ponto que se diferencie uma pessoa da outra. Essa diversidade tem a ver com valores, comportamentos e aparência dos trabalhadores(as), entre outros aspectos.
A diversidade dentro das organizações é composta por homens, mulheres, sejam esses, héteros ou gays, negros, brancos, jovens, profissionais mais velhos, brasileiros, estrangeiros, sulistas, nortistas, entre tantas outras possibilidades. São os humanos que se sentam ao nosso lado, que estão do outro lado da nossa mesa, em outro setor, de outra unidade. Mas são pessoas que só querem trabalhar, ganhar seu dinheiro para bancar sua vida e de seus.
É papel da área de Gestão de Pessoas recrutar, selecionar, treinar, remunerar, avaliar, desenvolver e, quando necessário, demitir. Tudo isso deve compor as Políticas de Gestão de Pessoas. Entre os pontos que devem fazer parte desse processo está como a organização tratará do tema diversidade. Cabe a área criar e implementar políticas que valorizem e aumentem o respeito para com todos os colaboradores, promovendo um tratamento justo e adequado todo o tempo. Para que tenha sucesso nessas políticas, deve-se contar com a participação efetiva das lideranças.
Liderar é influenciar pessoas na direção de um objetivo, levando-as a alcançá-lo, providenciando os meios, ajudando a superar as barreiras, dando força, corrigindo excessos, definindo caminhos, motivando pessoas e cobrando resultados. E, no tocante à diversidade, o que é esperado da liderança, quais sãos suas responsabilidades e papéis?
Os gestores que ocupam cargo de líder devem ser a referência no trato dos diversos públicos com quem trabalha. Ele deve dar o exemplo, deve ser a luz que guia os que estão sob sua gestão, deve ser a quem as pessoas tomam como modelo nas relações interpessoais. Pois, se ele faz e se comporta de forma adequada, isso impacta os comportamentos dos demais. Se ele é um mau exemplo, muitos se inspirarão, isto é, se basearão em seus comportamentos e atitudes equivocadas para replicar ações inadequadas.
Se em uma equipe um dos indivíduos conta piadas homofóbicas ou se expressa de forma preconceituosa e discriminatória, e não há ninguém para reprimir tal comportamento, a tendência é que se repita com mais constância e intensidade, podendo até se espalhar entre os outros membros. Mas se a liderança chama para si a responsabilidade de combater esse tipo de atitude, com certeza, em pouco tempo, esses deixarão de se apresentar naquela equipe e passarão a fazer parte do passado.
Todo líder tem a missão de zelar pelas pessoas que trabalham com ele, cuidar para que sejam respeitadas e que tenham direitos na mesma proporção dos seus deveres, tem que proporcionar um ambiente receptivo ao diferente, ao que foge dos padrões, que componha a diversidade. Esse cuidado fará a equipe mais integrada, motivada e, principalmente, mais produtiva, afinal, obter melhores resultados é algo que sempre está na agenda do gestor. Com todas as pessoas, ele pode conseguir.
São três os principais comportamentos esperados do líder diante do público que compõe a diversidade: acolhimento, respeito e desenvolvimento. As pessoas ao chegarem a uma equipe precisam se sentirem importantes e necessárias. Isso se dará se forem acolhidas, respeitadas e verem naquela equipe espaço para se desenvolverem como profissional e pessoa. Essa tarefa da liderança é nobre e deve ser priorizada pelos gestores de equipes.
Não adianta elaborar extensas e complexas políticas voltadas à valorização e respeito da diversidade se os líderes não estiverem no pelotão de frente para suas implementações e melhorias. Pois o sucesso dessas políticas está, com certeza, também nas mãos dos líderes.
Ser diverso, ser humano, assim somos, assim devemos viver e ser respeitados.
* Ademir Bueno é psicólogo, mestre em Sociologia e professor adjunto do curso de Administração e de cursos de pós-graduação da Uninter.
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