“Não podemos ser negacionistas”, diz presidente do Conselho Federal de Biomedicina em visita à Uninter
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoDesde o início da pandemia, os biomédicos se mostram determinantes no combate à Covid-19. No Brasil, por exemplo, a biomédica Jaqueline Goes ganhou destaque depois de sequenciar a primeira amostra do vírus em tempo recorde. Além disso, os profissionais também entram em evidência desde as pesquisas até a produção e aplicação das vacinas.
É essa competência e qualificação que a Uninter busca na formação de profissionais no curso de Biomedicina, há dois anos, com formação completa que desenvolve suas habilidades humanas, técnicas, científicas, de gestão e empreendedorismo. Para isso, as atividades práticas são realizadas nos 22 laboratórios existentes no campus Divina Providência, no centro de Curitiba (PR).
No último dia 26 de novembro, a instituição recebeu a visita do presidente do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), Silvio José Cecchi. O diretor da Escola Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter, Cristiano Caveião, e o coordenador do curso semipresencial de Biomedicina, Benísio Filho, apresentaram toda a estrutura e laboratórios à disposição dos estudantes.
Benísio explica que toda a parte teórica da graduação é realizada de forma online, por meio do ambiente virtual de aprendizagem (AVA), enquanto a prática é inteiramente executada presencialmente. Assim, afirma que “não há nenhum tipo de perda em relação à formação do profissional da área de saúde, especialmente o biomédico, que precisa de habilidades de microscopia, com equipamentos de laboratório de diferentes áreas, que é de extrema importância. Além da manipulação, coleta e processamento de amostras biológicas”.
Em entrevista à CNU, Cecchi ressalta a relevância dos biomédicos e o importante papel que eles têm realizado no combate ao coronavírus, com uma “participação espetacular”, em que ficou “muito satisfeito”. O presidente da CFBM salienta que os biomédicos precisam se ater à ciência. “Nós, que somos da área da saúde, não podemos ser negacionistas, temos que acreditar na ciência. A ciência é muito dinâmica, a gente precisa continuar trabalhando e tem que continuar estudando. Acreditar nas pessoas que são da área da saúde e que essas que têm que orientar”.
O profissional lembra que ainda não se pode falar no fim da pandemia, principalmente num momento de proliferação da nova variante Ômicron. “Erradicar essa pandemia não quer dizer que não vamos ter outras pandemias. Agora já ficou provado que o que está acontecendo no mundo, como o desmatamento, propicia-se novas doenças que vão acontecer com certeza. É um campo em que o biomédico atua e que a gente vê que é imprescindível e vai continuar sendo necessário por muito tempo”, garante Cecchi.
Na Uninter, Benísio afirma que agora os profissionais estão trabalhando na ampliação da parte científica do curso. O coordenador salienta que com duas ligas acadêmicas que existem atualmente, a Liga Acadêmica de Diagnósticos Avançados e a Liga Acadêmica de Biomedicina e Estética, o curso está muito bem estruturado enquanto organização, disciplinas e habilitações.
“O que eu vislumbro daqui para frente é nós fortalecermos a científica, porque a nossa parte clínica, laboratorial e de gestão está muito forte. Então, vou conseguir, dentro dos próximos dois anos, estabelecer um curso digno para a classe biomédica, e de acordo com o que o mercado pede, um biomédico com uma visão crítica e muito científica, da parte de ciências da saúde, e também com habilidades para realizar o trabalho de gestão em saúde e também toda a parte clínico-laboratorial”, finaliza.
Biomedicina no pós-pandemia
Em comemoração aos dois anos de curso na Uninter e ao mês da profissão do biomédico, celebrado no dia 20 de novembro, aconteceu a live Biomedicina no pós-pandemia, realizado pelo curso de Biomedicina e apresentado por Benísio, com participação de Silvio José Cecchi. Também esteve presente o perito criminal e presidente do Conselho Regional de Biomedicina 6ª região, Thiago Massuda, além da biomédica e especialista em reprodução humana Larissa Barbosa e da biomédica esteta Nathaly Dziadek, ambas professoras da Uninter.
Sobre o evento, Benísio diz que conseguiu demonstrar que o curso está funcionando não só de forma correta, como tem um grande diferencial, que é a estrutura e a carga horária presencial de aulas práticas intensas. “Diante de tudo o que está sendo apresentado, principalmente durante esse período de pandemia, estamos muito à frente dos demais e nós precisávamos não só mostrar às pessoas, mas principalmente aos nossos representantes, que o curso da Uninter está funcionando da melhor forma possível”, destaca.
Durante quase duas horas, os profissionais debateram sobre a atuação dos biomédicos na pandemia, com uma grande união e participação efetiva da categoria. Cecchi diz que é importante visualizar o pós-pandemia com muita precaução e responsabilidade, não só para o paciente, mas também para os profissionais, pois ainda não é possível ter ideia das sequelas que irão ficar, tanto na saúde física quanto emocional.
Com os constantes ataques contra a ciência neste período, Massuda salienta que os profissionais também têm uma importante atuação no combate às fake news, na educação e conscientização da população. “O DNA do biomédico está alicerçado na ciência, e a biomedicina contribuiu muito para isso”, afirma.
Para além da saúde, o momento pandêmico interferiu ainda no planejamento de casais que almejam a viver a paternidade e a maternidade. A professora Larissa diz que em 2020 houve um aumento de cerca de 4% na procura pelos procedimentos de fertilização e congelamento de óvulos. No entanto, as clínicas, junto com a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, tomaram a decisão de adiar os processos, pelo risco existente, excetos em casos urgentes. Isso aumentou a busca pelo congelamento de óvulos.
Já o mercado da estética, a professora Nathaly diz que dificilmente é interrompido, exceto nos períodos de lockdown. pois é uma área que mexe com a autoestima das pessoas. No entanto, nos últimos dois meses, com os números de casos diminuídos e o aumento da vacinação, a área está “voltando com tudo”.
“Primeiro, porque as pessoas estão mais seguras de sair de casa. E segundo, que a autoestima está muito ligada com a saúde mental e emocional. A pessoa que está com a autoestima baixa vai estar mais deprimida. Nesses dois anos de reclusão, por estar muito em casa, o pessoal está com a saúde mental debilitada, então tem essa procura. Estão mais confiantes de ir para o consultório e estão querendo resgatar a saúde mental e emocional”, conclui Nathaly.
Sobre a competição e questionamentos de outras categorias no âmbito das atuações, Massuda afirma que os biomédicos têm competência e estão muito bem alicerçados com a própria formação, além do CFBM regulamentar muito bem o que os profissionais podem fazer.
“Por isso é importante que o biomédico atue dentro dos limites estabelecidos por nossas resoluções, porque isso vai dar respaldo. A partir do momento que está atuando dentro dos limites estabelecidos, dentro das resoluções do conselho federal, temos a garantia de que tem competência e habilidade para atuar nessa área. E é muito importante o papel do conselho regional, que é o órgão que fiscaliza e faz com que se cumpra esses limites”, explica Massuda.
O perito criminal diz que na área de segurança pública, na qual atua, houve uma alteração do perfil de criminalidade durante a pandemia. Os homicídios diminuíram, mas em contrapartida, impactou a saúde mental e seu ápice, que é o suicídio.
Os profissionais discutiram mais sobre novas habilitações da biomedicina e os preconceitos ultrapassados pela educação à distância no evento, que continua disponível para livre acesso.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Evandro Tosin - Assistente de Comunicação Acadêmica