Fome zero: uma meta alcançável?
Autor: Diego Alesson Alves - Estagiário de JornalismoA edição de outubro do Global Meeting aborda os desafios para se construir um mundo sustentável. Dentro da ideia de sustentabilidade global, a meta de erradicação da fome é um dos destaques propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A segunda mesa da primeira noite do evento, no dia 25, recebeu como convidados a doutora em nutrição Daniela Sanches Frozi e o coordenador dos cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e de agronegócios da Uninter, Alexandre Francisco de Andrade. A mediação foi da professora Daiane Cristina de Freitas, da Escola Politécnica, com intensa participação dos espectadores, que interagiram ao longo de todo o debate.
Daniela iniciou sua participação falando da pesquisa realizada recentemente sobre insegurança alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil, que apontou um agravamento da situação. A lei orgânica de segurança alimentar e nutricional estabelece o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Também estimula práticas alimentares que sejam promotoras da saúde, respeitando a diversidade cultural, e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.
Atualmente, nota-se uma prevalência da insegurança alimentar grave nas regiões Norte e Nordeste. O Brasil voltou aos níveis de 2004, quando estava com 9,5% de situação de insegurança alimentar grave, ou seja, esse é o porcentual de pessoas que efetivamente passam fome. O número é bastante alarmante.
Em 2014, o Brasil tinha saído do mapa da fome, segundo levantamento da ONU, mas em 2018 o país voltou a contar com milhares de famintos. “Atualmente as pessoas estão se sentindo também mais inseguras em relação ao acesso aos alimentos, o que demonstra uma situação de preocupação”, declara Daniela Frozi.
Andrade cita que no Brasil temos programas nacionais de fortalecimento da agricultura familiar, que estimulam a produção e a comercialização de alimentos produzidos em pequenas propriedades. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a má nutrição é a causa de 45% das mortes de crianças abaixo dos 5 anos. Entre os adultos, 462 milhões de pessoas estão abaixo do peso no mundo, 1,9 bilhão estão com sobrepeso ou obesidade, e 2 bilhões apresentam deficiência de micronutrientes.
A crise financeira gerada pela pandemia do novo coronavírus fez o setor de produção de alimentos crescer e gerar empregos, destaca Andrade. Existem cerca de 500 milhões de pequenas fazendas no mundo todo que ainda dependem de chuva. Daí a necessidade de melhor utilizar a água para enfrentar as crises hídricas, o que é essencial para erradicar a pobreza e a fome.
Andrade e Daniela entendem que para enfrentar o problema da fome é preciso investir na produção e distribuição de alimentos, além de conscientizar o público sobre o consumo racional e sem desperdícios.
Pesquisas de campo são fundamentais para mapear o cenário e desenhar políticas públicas eficientes, por isso é necessário que o governo volte a realizar as pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pois sem dados confiáveis não será possível entender a real situação da pobreza e da desigualdade social em nosso país.
Também são importantes os investimentos em ciência e tecnologia para desenvolver novas formas de produção. O Brasil é um líder mundial na produção de alimentos, e ainda assim milhões de pessoas sofrem com a fome e a desnutrição, um dilema que precisa de soluções urgentes.
Você pode acompanhar a transmissão completa do evento clicando aqui.
Autor: Diego Alesson Alves - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Billy Cedeno/Pixabay