Erica quebra tabu sobre a paralisia e conclui curso de Ciências Contábeis
Autor: Poliana Almeida – Estagiária de JornalismoDe acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, 8,4% da população brasileira acima de 2 anos tem algum tipo de deficiência. Em linhas gerais, são 17,3 milhões de pessoas que possuem alguma condição física, visual, auditiva e mental, entre outras.
O que espanta realmente são os números do mercado de trabalho e da inserção escolar dessa parcela da população. Segundo o mesmo levantamento, apenas 28,3% das pessoas com deficiência em posição de trabalhar conseguiram emprego. No âmbito escolar a taxa também não é das melhores: quase 68% da população com deficiência não tem instrução ou possui o ensino fundamental incompleto.
As estatísticas revelam um padrão, o que geralmente acontece. Mas quem ficou longe desses números foi Erica Borges Cassiano. Prestes a se formar em Ciências Contábeis pela Uninter, a auxiliar de peças numa empresa automotiva tem paralisia cerebral, mas garante que isso nunca atrapalhou no desempenho dos estudos.
“A minha adaptação em sala de aula foi o mais natural possível, em todos os sentidos. Tudo o que precisei, a instituição me forneceu. Além disso, todos os prédios tinham elevadores e rampas. Esse, por sinal, é um dos principais fatores que revelam se a instituição é inclusiva ou não”, conta.
A coordenadora do curso, Neide Borscheid Mayer, não esconde o orgulho que sente pela aluna. “A Erica tem um desempenho incrível no curso. Ela concluirá o bacharelado agora no final do ano e escolheu a nossa instituição porque sabia que havia um trabalho muito bom com pessoas com deficiência. Ela tem uma história de superação incrível e está fazendo um trabalho de divulgação sobre o potencial das pessoas com esse tipo de paralisia. Resumindo, temos um orgulho gigantesco dela”, declara a docente.
A divulgação citada pela professora começou há pouco mais de dois anos, quando Erica resolveu compartilhar mais sobre sua vida nas redes sociais. A ideia era quebrar o preconceito de que uma pessoa com deficiência seja incapaz de realizar alguma atividade. Pensando nisso, no Dia da Paralisia Cerebral, em 6 de outubro, a contadora marcou um debate sobre o assunto. Veja o vídeo de apresentação preparado por Erica clicando aqui.
“Decidi falar sobre a paralisia a partir do momento em que percebi que a paralisia era um assusto tabu, e que na fase adulta esse tema não era compreendido como deveria. Eu era muito infantilizada! Por isso, o meu objetivo foi mostrar que tem um adulto, tem um tratamento médico especializado e tem uma vida normal por trás das câmeras”, diz Erica.
Com esse espírito sonhador, Erica promete que não vai parar por aí. Seus planos para o futuro englobam uma carreira profissional consolidada e, claro, o fim do coitadismo para com as pessoas com algum tipo de deficiência.
Desde 2006 a Uninter conta com o Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Sianee), para dar suporte aos estudos de alunas e alunos como Erica.
Autor: Poliana Almeida – Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal