Crianças precisam ser educadas para lidar com a tecnologia

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

As crianças de hoje, nascidas no século 21, são muito diferentes da geração anterior. Já nascem inseridas em um ambiente onde a internet está presente a todo momento, mas a preocupação é que elas não têm discernimento ou senso crítico quanto aos equipamentos tecnológicos. São consumidores de jogos, de redes sociais, e consomem o tempo inteiro, por vezes esquecendo da vida real.

Pensar em como as crianças lidam com essas influências e todo esse acesso é indispensável. Movido por uma preocupação sobre a segurança da informação das crianças na internet, o professor Marcio Gonçalves começou a pesquisar o que vai acontecer com as crianças quando começarem a entrar na internet, e também com a exposição que os pais fazem dos filhos na web. Até que ponto isso é positivo? Diante desse cenário, ele começou a estudar a educação midiática.

Através da educação podemos levar para as pessoas a oportunidade de criticar aquilo que consomem, o que é saudável. “As crianças consomem algo que um influenciador digital levou até elas. Levar conteúdo como patrocínio, influência, marketing e manipulação de imagem para crianças é muito oportuno. Nós, adultos, sabemos ter discernimento, as crianças não. Elas querem comprar um produto que um influenciador divulgou na live, mas nessa live tem patrocínio”, afirma Marcio.

Essas questões precisam ser levadas para a escola, mas será que os professores estão preparados para isso? Não é só no grupo da família no WhatsApp, ou nas redes sociais, é no discurso do apresentador, é na marca que faz uma propaganda preconceituosa. Pode ocorrer em muitos lugares.

O pai precisa orientar a criança e, em troca de alguns momentos de sossego, não deveria deixá-la sozinha consumindo conteúdos na internet. Há casos de crianças e adolescentes que sofrem cyberbullying e, em situações extremas, tiram a própria vida. Às vezes, em casa mesmo, elas podem sofrer influências negativas que as levam a se sentir mal. É papel dos adultos prestar atenção a esses sinais.

Os gatilhos ativados pelos influenciadores sobre as crianças podem ser perigosos. Uma criança pode não ter um determinado jogo, mas há influenciadores que fazem transmissões ao vivo com esse mesmo game, e a criança vai buscar alguma forma de consegui-lo. Com isso, acaba trazendo impactos sobre a condição financeira da família, por exemplo.

Hoje as pessoas consomem a vida dos outros. “O outro sempre tem algo para fazer no final de semana, conhece muitas pessoas, e eu estou como? Eu estou em casa, cabisbaixo, não tenho dinheiro nem para comprar um cachorro quente. Aí eu fico vivendo a vida do outro? Então temos que ter o discernimento para não passar por isso”, explica Marcio.

De certa forma, tudo que fazemos tem um determinado impacto. A influência não acontece só no mundo digital. A televisão já faz isso há muito tempo. Quando algum influenciador senta no sofá da Fátima Bernardes, ele bomba. Quando o Faustão indica algum livro, a publicação bomba. As mídias são assim, e não é apenas com famosos. Qualquer pessoa através de sua rede social pode influenciar as outras. A questão é qual o seu nível de discernimento diante de tudo que você consome.

Não dá para ter uma vida apenas online, dependendo de algoritmos. A vida fora disso é importante e fundamental. “Não há como ser dependente do que o Facebook apresenta. Isso pode causar uma doença, pois daqui a pouco você faz um post e ninguém comenta, e isso se torna um problema. Muitos ficam depressivos por causa disso”, relata Marcio.

Ser um cidadão digital hoje é ter uma preocupação sobre o que é postado, o que é falado. A produção midiática está muito fácil, as pessoas se apresentam ao vivo de qualquer lugar, podem fazer um podcast e muitas outras coisas. Ao mesmo tempo, quem assiste pode editar um trecho, uma fala, e desfazer todo o sentido. Um remix ou um recorte pode ressignificar as coisas de uma maneira diferente.

Marcio Gonçalves falou sobre o tema no evento Speaker Sessions, do Google DSC (developer student clubs) da Uninter, que traz convidados para um bate papo descontraído. Na edição do último dia 7 de outubro, o professor Rafael Massena recebeu Marcio Gonçalves, que é coordenador de projetos da Foreducation Edtech, professor, pesquisador, educador Google Certified Innovator e Google For Education Certified Trainer. Atualmente, é pós-doutorando pela PUC-SP no programa Tecnologias da Inteligência e Design Digital.

Google DSC Uninter é uma comunidade de estudantes de diversos cursos da instituição. A Google encontrou na Uninter o lugar para conectar um arquipélago de desenvolvimento. Um laboratório dirigido por alunos, mentorado pela Google e acolhidos pela Uninter. Speakers Sessions é uma série de eventos do Google DSC Uninter, com professores e convidados especiais.

Marcio Gonçalves deixou dois contatos no Instagram, @marciogoncalves e @midianaescola, seu projeto de mídia e comunicação. Márcio também falou sobre o livro-caixinha Inteligência Digital, de sua autoria, publicado pela Editora Matrix, que contém 100 perguntas voltadas para o mundo digital, para exercitar o pensamento sobre questões relacionadas ao mundo da empresa, mundo social, do relacionamento, entre outros.

Você pode acompanhar a íntegra do evento clicando clicando aqui.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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