Pandemia força mudanças e deve deixar aprendizado duradouro na educação
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoDesde que se iniciou a pandemia de coronavírus, vivemos em um cenário de incertezas. As mudanças que presenciamos nesse período, de forma acelerada, nos fazem refletir acerca do que a sociedade pós-pandemia terá de diferente, de transformador. A educação a distância (EAD), por exemplo, está sendo peça chave frente ao cenário atual, e muitas instituições que não conheciam essa modalidade tiveram de se adaptar.
As incertezas têm causado mudanças em todos nós, inclusive mudanças culturais, alterando formas de pensar, hábitos, comportamentos e atitudes. Com este cenário de instabilidade, é natural que haja alguns aspectos negativos, como o aumento nos casos de ansiedade e depressão, fruto das mudanças no convívio entre as pessoas. Mas também percebemos algumas mudanças que são boas. Existe um aumento no convívio familiar entre pais e filhos, aprendemos coisas novas e incorporamos no dia a dia o uso de diversas mídias.
Estudante de Engenharia de Produção, Jaderson Carvalho nota que muitas mudanças ocorreram em pouco tempo. “No âmbito do trabalho, as pessoas tiveram que mudar e se adaptar. Na educação, afetou os alunos e as instituições, pois tiveram que se adaptar ao EAD, e também as indústrias, onde muitos cargos foram para o home office. Aqueles que já estavam preparados saíram na frente”, ressalta.
“As minhas rotinas não mudaram tanto, pois eu já estava adaptado ao EAD. Quem sofreu mais foram os colegas que não estavam adaptados e tiveram que passar para o estudo remoto, e especialmente as universidades públicas, que ainda não têm essa estrutura. Tenho colegas que estudam em universidades públicas que tiveram muitas dificuldades”, conta o aluno.
No ensino a distância o professor é um mediador, e estudar é uma iniciativa própria do aluno. Portanto, quem já estava habituado a isso não sentiu dificuldades nesse período em relação aos estudos. O aluno presencial é quem sofre um pouco mais, pois talvez não tenha o hábito e a rotina dos estudos por conta própria, e não tem essa visão de que o professor é apenas um mediador.
Doutoranda em Educação, mestra em Educação em Ciências e em Matemática e Licenciada em Física e Filosofia, a professora dos cursos de engenharia da Uninter Fernanda Fonseca concorda que os mais afetados foram os alunos do presencial, pela mudança de socialização e de relacionamento, e destaca a importância do EAD.
“Olhando para o ensino a distância, a gente percebe que ele traz muitas potencialidades para a própria formação. É um ensino que democratiza a educação, pois chega em alguns lugares que antes não havia essa condição. Os polos de apoio conseguem dar todo o suporte e ajudar os alunos. Mas o EAD exige que se organize um cronograma de estudos, que você se prepare e separe um local para fazer esses estudos, pois você não pode estudar em qualquer lugar”, salienta.
As diferenças de perfis dos alunos
Sem ter um professor e uma rotina presencial, é necessário planejar sua rotina. A disciplina é fundamental para estudar no momento adequado, e é um dos maiores desafios. “O EAD gera autonomia e um aprendizado sobre si mesmo, em descobrir qual a sua melhor forma de estudar e aprender. Isso é algo que o mercado de trabalho tem buscado, profissionais que tenham autonomia e independência, que busquem as informações necessárias e tomem ações para resolver os problemas, sem ter alguém auxiliando o tempo todo. Além disso, aprender a lidar com recursos de tecnologia, com plataformas e aplicativos, é muito importante”, complementa Fernanda.
Além da autonomia, o aluno do EAD deve ter proatividade. No presencial, o aluno espera que o professor traga uma apresentação do conteúdo, o que não acontece no EAD, modalidade que exige postura ativa do estudante.
Hoje, novas plataformas e tecnologias foram incorporadas em nossa rotina, com isso, a visão das pessoas sobre o ensino a distância mudou, possibilitando o acesso não só a cursos de graduação, mas também cursos de aperfeiçoamento e atualização.
Várias instituições estão desenvolvendo cursos de curto prazo em plataformas online para manter seus profissionais atualizados. Também há eventos e projetos que estão sendo a distância, o que possibilita uma popularização dessa prática. Esses recursos tendem a ficar num momento pós-pandemia.
O mercado de trabalho está mudando
Diante deste cenário, algumas empresas perceberam a necessidade de profissionais que estejam preparados e saibam se comunicar usando esses novos recursos de mídia. Jaderson cita as competências que desenvolveu no EAD e fala sobre as novas exigências do mercado sobre os profissionais.
“Dentre as competências que desenvolvi estão a disciplina, saber organizar melhor o tempo para desenvolver algumas tarefas e atividades, e também a própria atualização. Agora as pessoas estão tendo acesso a um conhecimento muito grande, então existe uma cobrança maior do mercado. Muitos profissionais têm que dominar alguns recursos tecnológicos que antes não tinham. Essa necessidade de atualização, especialmente na área tecnológica, vai ser muito grande daqui pra frente”, pontua.
Em relação às rotas de aprendizagem dos cursos da Uninter, Jaderson diz que a forma como são disponibilizadas estimula os alunos a buscar ainda mais conhecimento. “Eu sempre busco mais. O formato das rotas tem vários recursos, textos, vídeos, e são vários tipos de estímulos. Sempre busco artigos complementares e mais informações sobre os assuntos, além de tirar dúvidas que surgem nos exercícios. Com isso você acaba desenvolvendo ainda mais o hábito de buscar informações”, explica.
Por fim, Jaderson deixa um conselho: “Os alunos devem aproveitar as oportunidades que existem na instituição para enriquecer seu conhecimento e crescer na carreira. Existem na instituição várias oportunidades de pesquisa, eventos, e é bom participar e aproveitar esses recursos”, conclui.
O tema foi debatido na última edição do programa Nas ondas da Politécnica, de 13.ago.2021, da Rádio Uninter, com participação da professora e mestre Fernanda Fonseca e do aluno de engenharia de produção Jaderson Carvalho. A mediação foi do professor Guilherme Rodrigues. Você pode acompanhar a gravação completa clicando aqui.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay e reprodução