O desafio de receber o diagnóstico de autismo do filho

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Receber a notícia de que seu filho tem uma condição especial que vai afetar seu desenvolvimento, e que precisará de cuidados por toda a vida, não é nada fácil. A primeira reação natural do ser humano é a negação. Depois disso vem a aceitação e a busca pela melhor solução, que são etapas necessárias para superar os desafios.

Na última terça-feira, 13.julho.2021, a edição do programa Pra Vida Ser Mais falou sobre a questão do autismo. A professora Jéssika Alvares Coppi Arruda Gayer falou sobre os desafios de cuidar de um filho autista, abordando o processo de aceitação do diagnóstico e a busca por ajuda.

Jéssika conta que o diagnóstico de seu filho Miguel, que é autista, e o processo de inclusão não foram fáceis. Na primeira infância, as dificuldades da fala chamaram sua atenção: Miguel apresentava um vocabulário bastante limitado. No entanto, levou algum tempo até que a família percebesse que isso poderia ser indicativo de um problema mais grave. Quando a questão do autismo foi levantada pela primeira vez em uma consulta médica, Jéssika não aceitou. A fase de aceitação do diagnóstico é um processo muito difícil, e a terapia foi uma ajuda fundamental nesse processo.

Durante o período de diagnóstico do filho, além do trabalho, Jéssika estava realizando seu mestrado, o que complicou sua situação. “Acabei reprovando em uma disciplina muito difícil e na outra passei no limite. Foi aí que meu orientador me chamou para conversar e entender o que estava acontecendo. Ele foi muito atencioso e me deu ótimos conselhos, e eu fui levando as coisas aos poucos, bem tranquila”, afirma Jéssika.

Ainda na fase de aceitação do diagnóstico, Jéssika conta que quando recebeu a confirmação de que seu filho era autista, foi às lágrimas, mas que a médica prontamente tratou de tranquilizá-la. “Ela falou pra eu ficar tranquila, como eu já estava buscando ajuda e fazendo as terapias, a médica me passou muita tranquilidade de que meu filho teria uma vida normal”, diz.

Buscando tratamento para o filho, procurou uma clínica de terapia. Na primeira que frequentou, as coisas não foram do jeito que gostaria. O ambiente não era agradável, as paredes eram cinzas, o lugar parecia sufocante. Foi preciso buscar outra opção, até que encontrou um ambiente mais acolhedor. As outras mães também foram receptivas e trataram de fazer Jéssika se sentir em casa.

Com a chegada da pandemia, as coisas ficaram mais difíceis. “Eu amo meu trabalho, fico muito feliz e satisfeita com o carinho que recebo dos alunos, então o trabalho eu consegui levar, mas a pesquisa do mestrado foi bem complicado. Como meu filho é muito agitado, ficou praticamente impossível continuar em casa. O Miguel precisava voltar para a escola e para a terapia. Neste ano, colocamos ele na rede municipal de ensino, onde tem um apoio muito grande para crianças autistas”, ressalta Jéssika.

O mundo não vai ser sempre inclusivo, e Jéssika faz questão de explicar para o filho que ele precisa ir além, que precisa se desenvolver. “Todo dia estou pesquisando, procurando, estabelecendo metas para ele, para que lá na frente ele possa entender que é autista mas não encare isso como uma desculpa, que ele entenda que pode superar os obstáculos que são colocados”, afirma.

Sinais do autismo

Durante o crescimento de Miguel, alguns sinais foram aparecendo. Com um ano e meio ele já andava, mas falava apenas metade do vocabulário ideal para uma criança de sua idade. Também tinha dificuldade de olhar as pessoas nos olhos e manifestava a ecolalia, distúrbio de linguagem em que uma pessoa fica repetindo palavras e frases que ouve. Outras características são a agitação, o hábito de gritar muito e o apego excessivo a alguns objetos, comportamentos indicativos do autismo.

“Agradeço a Deus todos os dias pelo filho carinhoso e amoroso que eu tenho, ele é sensacional. Deixo um conselho: se vocês tem alguém com esse problema ou existe essa desconfiança, levem aos médicos, procurem ajuda, busquem um tratamento adequado. Às vezes uma clínica pode ser boa para uma pessoa mas não para outra, então busquem. Começar com um tratamento precoce é muito importante para que haja um bom desenvolvimento da criança”, conclui Jéssika.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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