Adeus mundo VUCA, bem-vindo ao mundo BANI

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Conforme a sociedade evolui, novas tecnologias vão sendo desenvolvidas e sendo incorporadas ao cotidiano. Esses avanços proporcionam mudanças e, às vezes, essas mudanças podem ser aceleradas por algum acontecimento inesperado, como a pandemia do Coronavírus. Se antes vivíamos no mundo VUCA, agora vivemos no mundo BANI. Você conhece esses termos?

O programa GERIR da Escola Politécnica da Uninter debateu sobre o mundo VUCA e o mundo BANI, bem como as competências essenciais para sobrevivência na Sociedade 5.0. O evento teve mediação da professora Jéssika Alvares Coppi Arruda Gayer e a participação especial do professor Claudio Skora.

 Mundo VUCA e mundo BANI

 Antes de entendermos o que significa VUCA e BANI, é importante ressaltar que essas palavras são acrônimos. Acrônimos são palavras que surgem pela união das iniciais de um grupo de palavras. VUCA por exemplo, vem de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. O mesmo vale para BANI, e outros.

VUCA vem dos anos 1990, e representa o contexto da época e sua visão de futuro. “Os militares americanos vieram com a sigla VUCA. Eles disseram que viveríamos em um ambiente com alta volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Um ambiente com uma dinâmica de mudança muito grande, com dificuldade de prever coisas e de compreender o que está ocorrendo, e com o avanço das redes sociais, tudo passou a ser muito mais relacionado entre si”, afirma Skora.

“Quando alguém de um lugar qualquer, cria um aplicativo e destrói toda uma indústria de táxis estabelecida em uma cidade, e começamos entender o avanço das startups e as mudanças que fazem em nossas vidas, conseguimos materializar e entender que esse era o momento Vuca. Antes era uma ideia que os militares estabeleciam sobre o futuro, e quando chegam as startups, essa ideia se materializa” ressalta Skora.

Com o passar dos anos, o conceito VUCA não se encaixou mais. Hoje, com a pandemia, as mudanças se aceleraram, vivemos em um mundo digitalizado e midiático, conectado, em um novo cenário que foi impulsionado por um fator imprevisível. Com isso, surge o mundo BANI.

“As mudanças acontecem de maneira diferente em cada momento, em cada economia e em cada contexto. Muitos setores e regiões do planeta não chegaram ao mundo VUCA, não somos todos iguais, há muita diferença. Mas existe um movimento de perda de força do mundo VUCA porque surge um contexto totalmente diferente após a pandemia que é o mundo BANI”, diz Skora.

O acrônimo BANI significa, em português, Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível:

  • Frágil: A volatilidade atingiu um alto nível, onde tudo é frágil e sem solidez. Temos uma presença forte da inconstância, do temporário, do instável. As pessoas vivem em um constante medo de ficar sem emprego a qualquer momento, e as empresas não têm longos planejamentos. Existe a sensação de que as coisas podem acabar a qualquer momento.
  • Ansioso: A questão da ansiedade certamente sofreu um grande impacto com a pandemia. As incertezas se tornaram ainda maiores, o medo e a falta de segurança aumentaram e também surge uma grande impotência em não poder mudar as coisas. No mundo BANI a ansiedade gera uma dificuldade no momento de tomar decisões, surgem algumas barreiras e um bloqueio a coisas novas.
  • Não linear: O mundo VUCA, marcado pela complexidade, mudou para uma não linearidade, onde não existe uma conexão entre causa e efeito. A crise desencadeada pelo Coronavírus é um exemplo. Pequenas decisões podem gerar ótimos resultados e grandes trabalhos podem não apresentar respostas.
  • Incompreensível: Existe uma grande incompreensão causada pela grande quantidade de informações que recebemos. Esse bombardeio de informações é característico do mundo BANI, e isso faz com que muitas pessoas fiquem perdidas e sem reação. Existe uma ausência da análise, as pessoas não procuram entender o que faz e o que não faz sentido. É uma sensação de crise onde pessoas e profissionais não encontram respostas.

 “As soluções encontradas para a atuação do mundo BANI são soluções que já existiam mas por uma mudança de comportamento e de legislação, passaram a ser aceitas, como por exemplo o homeschooling, o trabalho remoto e a flexibilização das leis trabalhistas”, afirma Skora.

 Sociedade 5.0

A sociedade evolui conforme o desenvolvimento humano e a evolução das tecnologias. Para cada período, é denominado um nome, e hoje estamos vislumbrando a Sociedade 5.0. Nessa sociedade, o foco é o bem estar humano, ou seja, todas as ferramentas e tecnologias como inteligência artificial e big data, por exemplo, são usadas para melhorar a qualidade de vida e resolver os problemas da sociedade, buscando atender o bem-estar de todos, em qualquer lugar e a qualquer momento.

Deste modelo surgem as Smart Cities (Cidades Inteligentes), que são as cidades totalmente conectadas. Nessas cidades, o ciberespaço e o mundo físico convivem juntos e de maneira integrada.

Skora pontua que existe uma relação entre trabalho e tecnologia, e o quanto a sociedade mudou ao passo que isso foi evoluindo, por isso essa denominação de Sociedade 5.0. “A sociedade 1.0 foi uma sociedade extrativista onde o uso de artefatos tecnológicos era muito rudimentar, já na 2.0 existiu uma forte influência da agricultura. A 3.0 passou a ser de produção em massa. A 4.0 é a que hoje ainda vivemos em parte, onde há uma disponibilização muito grande de informações, de dados, e há uma disponibilidade de tecnologia onde entra todo o avanço computacional”, conta.

Segundo Skora, existe uma mobilização por parte das pessoas na ideia de que se deve pressionar as autoridades para que essas tecnologias que venham a estar disponíveis, transformem o mundo em um lugar melhor, mais justo mais humano, e não crie novos problemas: “É um pouco utópico pensar que as novas tecnologias, como big data, internet das coisas e todo o sistema de informação, vai ser usado para o bem e não para um maior controle, sim, é uma utopia. Mas como professor, pesquisador e alguém que acredita nos direitos humanos, eu gosto de pensar que essas utopias são o que mantém as ideias vivas”, afirma.

Nesse mundo BANI, antes de tudo deve-se buscar o desenvolvimento do pensamento crítico estratégico. “O pensamento crítico é duvidar das certeza ou daquilo que chega pronto, é não aceitar respostas prontas. Outra questão é a capacidade de resolução de problemas, hoje a sociedade divaga demais sobre os problemas mas não põe as mãos para resolvê-los, se discute muito e pouco se faz. Quando você tem essa capacidade, você muitas vezes vai errar, mas você aprende com o erro. Para que essas coisas ocorram, deve-se ter um aprendizado contínuo”, ressalta Skora.

Uma possibilidade para que a Sociedade 5.0 seja possível é ter um nível de 100% de empatia, o que Skora afirma ser muito difícil. “Devemos ser capazes de desenvolver em nós mesmos, um pensamento no outro e nas necessidades do outro e não somente no próprio umbigo, não ver o mundo a partir das nossas necessidades. Quanto mais pessoas no mundo possamos ter, que tenham a capacidade de pensar no outro e nas necessidades do outro, mais perto de uma Sociedade 5.0 nós estaremos”, conclui.

O evento ocorreu na última segunda-feira, 28.junho.2021, e você pode conferir a gravação completa do evento na página oficial da Escola Politécnica da Uninter no Facebook.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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