Pandemia aumentará evasão de alunos em todas as modalidades de ensino

Autor: Assessoria

A pandemia vai produzir altas taxas de evasão de alunos no ensino regular da educação, alcançando inclusive os jovens e adultos que estão matriculados na EJA (Educação de Jovens e Adultos). A análise é da coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da Escola Superior de Educação da Uninter, professora Maria Tereza Xavier Cordeiro. “O vácuo gerado pela pandemia na educação produzirá altas taxas de evasão dos estudantes no ensino regular que, futuramente retornarão como alunos da EJA”, afirma Maria Tereza.

Ainda não há dados atualizados que relacionem a pandemia e taxas de evasão, mas o Censo Escolar de 2020 já apontava uma queda de matrículas de 8,3% na educação de jovens e adultos em relação a 2019, o equivalente a 270 mil estudantes a menos nas salas de aula. A redução ocorreu tanto na EJA de nível fundamental (-9,7% com a redução de 187,4 mil matrículas) quanto na de nível médio (-6,2% com a redução de 83,5 mil matrículas).

Maria Tereza faz prognóstico pessimista em relação também ao processo de alfabetização de jovens e adultos, afetado pela pandemia e que também tende a crescer. “Sem possibilidade de continuidade dos programas de alfabetização presenciais, o número de pessoas não—alfabetizadas aumentará assim como o de pessoas com baixíssima noção de leitura e escrita”, pontua. O Brasil ainda tem 11 milhões de analfabetos, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua Educação 2019, divulgada pelo IBGE.

A análise sobre as consequências da pandemia sobre o EJA foi feita no momento em que o Conselho Nacional de Educação estabeleceu novas diretrizes operacionais para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) em todo o país, a partir deste mês. As mudanças foram necessárias para alinhar as diretrizes da EJA à Política Nacional de Alfabetização à nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Educação dos Jovens e Adultos a Distância.

Maria Tereza destaca entre as principais medidas a inclusão de competências e habilidades definidas na BNCC. A Base é o documento que determina os direitos de aprendizagem de todo aluno cursando a Educação Básica no Brasil e possui 10 Competências Gerais que operam como um “fio condutor” no processo de aprendizagem. “Considero fundamental para a EJA  algumas das competências  descritas na BNCC como a argumentação, trabalho e projeto de vida, cultura digital e responsabilidade e cidadania”, afirma Maria Tereza.

Acompanhe abaixo a entrevista concedida pela professora.

 Quais os impactos da nova medida no ensino EJA? 

Maria Tereza Xavier Cordeiro – A necessidade de alinhar à Educação de Jovens e Adultos à nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e ao novo ensino médio considerando as peculiaridades do público-alvo, que requer metodologias e recursos didáticos apropriados para o processo de ensino/aprendizagem.

Que competências e habilidades foram incluídas na grade curricular do EJA? 

Maria Tereza – Principalmente as 10 competências gerais definidas na BNCC, das quais destaco a argumentação, trabalho e projeto de vida, cultura digital, responsabilidade e cidadania.

Na prática, essas medidas alteram em que a aprendizagem dos alunos?

Maria Tereza – O aluno é convidado a deixar sua posição de mero expectador na sala de aula para ser o protagonista do seu processo, indo muito além de apenas compreender conceitos. Ele pode ser capaz de propor e testar soluções em situações verdadeiras, a partir da sua vivência local, das suas atividades cotidianas e assumir um papel mais participativo na sociedade, sendo capaz de construir e expor seus argumentos, a partir dos seus princípios e valores.

O que mudou no EJA nesse período de pandemia? 

Maria Tereza  – A mudança está em curso, pois o vácuo gerado pela pandemia na educação produzirá altas taxas de evasão dos estudantes no ensino regular que, futuramente retornarão como alunos da EJA.

A sra. acredita que o ensino de jovens e adultos ficou prejudicado nesse ano e meio? 

Maria Tereza – Assim como todos a EJA também sofre as consequências da crise sanitária. Aliada à crise financeira, o jovem e adulto que voluntariamente estava matriculado na EJA precisou rever suas prioridades e, deixou de estudar.

Haverá aumento do número de não alfabetizados no Brasil pós pandemia? 

Maria Tereza – A alfabetização sempre foi um desafio para a educação brasileira e mundial. Com certeza, sem possibilidade de continuidade dos programas de alfabetização presenciais, o número de pessoas não—alfabetizadas aumentará assim como o de pessoas com baixíssima noção de leitura e escrita.

Qual o cenário para os próximos anos para a EJA? 

Maria Tereza  – A EJA se tornará uma base para a educação ao longo da vida. Antes acreditada como uma modalidade educacional a ser descontinuada, a partir de agora ela deverá acolher a todos que precisam iniciar, retoma ou qualificar seus estudos.

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Autor: Assessoria
Créditos do Fotógrafo: Wokandapix/Pixabay


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