Tráfico de animais é a terceira maior atividade ilegal no mundo

Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo

De acordo com a Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), o tráfico de animais pode ser definido como a retirada ilegal de um animal da natureza para se obter lucro. Essa prática criminosa, prevista pela Lei nº 9.605/1988, é a terceira maior atividade ilegal do mundo, ficando atrás apenas dos tráficos de drogas e de armas.

Para se ter uma ideia do impacto que o tráfico de animais causa, ainda de acordo com a Renctas, essa atividade movimenta US$ 2 bilhões anualmente no mundo. Dentro do território brasileiro, são retirados 38 milhões de animais de seus habitats naturais todo ano. Desse montante, 60% dos animais são movimentados internamente, e 40% são exportados.

Outro dado alarmante é de que a cada 10 animais traficados, 9 morrem durante os processo de captura e transporte, sendo que apenas um chega ao consumidor final. “No Brasil, eu diria que todos os animais têm um interesse para o traficante, que vê o animal apenas como uma mercadoria”, afirma Dener Giovanini, coordenador geral da Renctas.

A fim de entender por que uma pessoa decide traficar um animal, a Renctas criou algumas classificações para auxiliar no entendimento da finalidade de cada traficante. São elas:

Tráfico para o mercado ilegal de pets: Modalidade que mais incentiva o tráfico de animais, pois se destina à utilização de animais para companhia.

Tráfico para colecionadores particulares ilegais: Modalidade que mais é danosa para as espécies, pois tem como alvo os animais mais ameaçados de extinção. “Quanto mais ameaçada uma espécie, maior o valor que ela alcança e mais ela é procurada”, complementa Dener.

Tráfico para pesquisa científica ilegal (biopirataria): Modalidade em que as espécies são traficadas com o objetivo de extração de princípios ativos para pesquisa científica não autorizada. “Nesses grupos temos os sapos venenosos, as aranhas, os escorpiões, etc. Por isso que eu digo que todos os animais são potenciais para o tráfico, porque poucos imaginam que o escorpião é muito procurado para pesquisa ilegal, por exemplo”, descreve o coordenador.

Tráfico para uso na cultura tradicional (caça e medicina popular): Modalidade em que os animais são retirados da natureza para serem utilizados como alimento, ou ainda ter partes de seus corpos utilizados como ingredientes na medicina popular.

O advento da internet criou mais um inimigo dos animais silvestres. “Cerca de 70% do tráfico de animais silvestres no Brasil passa, necessariamente, pela internet, que se tornou uma grande vitrine para o traficante de animais, porque oferece uma série de vantagens, como diversidade de animais e o anonimato”, pontua Dener.

Sobre isso, apenas em 2020 a Renctas encaminhou 3,5 milhões de denúncias ao Ministério Público Federal sobre a venda ilegal de animais silvestres pela internet. Somente nos grupos de WhatsApp monitoramentos pela rede passam, todos os dias, cerca de 20 mil mensagens. “Nós tentamos fazer uma classificação dessas mensagens, fazer uma checagem das denúncias e encaminhar essas mensagens aos órgãos competentes para que verifiquem a possibilidade de fazer um controle e fiscalização ambiental”, afirma.

O tráfico de animais e a pandemia

Ainda não se chegou a um consenso sobre a origem do vírus SARS-CoV-2, mas entre tantas possibilidades há a de que pode ter vindo de uma feira de animais na China. Se a hipótese for comprovada, não será a primeira vez na história que enfrentamos uma doença vinda de animais.

A peste negra foi transmitida por pulgas infectadas. A gripe aviária começou pelas aves. A gripe suína derivou dos porcos. A própria Aids encontrou nos macacos um solo fértil de proliferação. É por isso que Dener Giovanini afirma que 70% das doenças infecciosas têm como base os animais.

“O animal jamais pode ser responsabilizado por transmitir alguma doença, mas é preciso ter em mente que a nossa relação com a fauna deve ser feita de forma muito respeitosa e cuidadosa para evitar a transmissão de doenças”, ressalta.

Levando em consideração esse cenário, e sabendo que o agronegócio tem participação de quase 30% no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, dá para imaginar o estrago que seria feito na economia do Brasil caso passássemos por situações como a doença da Vaca Louca, que atingiu o Reino Unido. Lá, cerca de 4,4 milhões de animais foram sacrificados como medida preventiva. “Se isso acontece aqui causaria, no mínimo, um impacto econômico grandioso, além de milhões de desempregados”, complementa Dener.

Dener conversou sobre o tema O tráfico de animais e as futuras pandemias durante a 2ª Maratona da sustentabilidade da Uninter. O evento, transmitido pelo Facebook e pelo canal do YoTtube da Uninter, contou com mediação do professor Rodrigo Silva, coordenador do curso superior de tecnologia em Gestão Ambiental.

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Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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