Uma carta para a sobrevivência da Terra

Autor: Evandro Tosin - Assistente de produção acadêmica

Os primeiros passos para a Carta da Terra foram realizados em 1987, quando a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento divulgou o instrutivo “Nosso Futuro Comum”, que tinha o objetivo produzir um documento com a participação global para alcançar o desenvolvimento sustentável. O assunto foi discutido novamente na Cúpula do Rio, em 1992, e depois em 1994, quando Maurice String (secretário-geral do Encontro da Terra no Rio de Janeiro) e Mikhail Gorbachev realizaram a fundação do Conselho da Terra.

A Carta da Terra foi elaborada por líderes dos cinco continentes, através de uma comissão que ouviu consultas internacionais, cientistas, advogados e líderes religiosos. Para isso, foram necessários três anos para a redação final do documento, entre 1997 e 2000, que foi assinado por 98 países. Mais de duas mil organizações em todo o mundo apoiam a carta.

A declaração é instrumento para conflitos internacionais e na promoção da paz, uma fonte de apoio na proposição de leis e governos, além de ser uma ferramenta educacional. O documento permite direcionar ações conscientes para a sociedade civil, governos e empresas. O manifesto foi estruturado com quatro pilares: respeito e cuidado com a comunidade da vida; integridade ecológica; justiça social e econômica; e democracia, não-Violência e paz.

De acordo com Rodrigo Berté, diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter, embora a carta tenha sido redigida no século passado, é muito importante para os tempos atuais. O primeiro, segundo e terceiro pilares formam um tripé da sustentabilidade, e o quarto pilar foi muito debatido para estabelecer uma conduta global.

O documento foi idealizado com 16 princípios com ações em favor do planeta e das gerações futuras. São eles:

  • 1 – Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade;
  • 2 – Cuidar da comunidade da vida, com compreensão, compaixão e amor;
  • 3 – Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas;
  • 4 – Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações;
  • 5 – Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida;
  • 6 – Prevenir o dano ambiental como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução;
  • 7 – Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário;
  • 8 – Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento;
  • 9 – Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental;
  • 10 – Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de equitativa e sustentável;
  • 11 – Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades acadêmicas;
  • 12 – Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias;
  • 13 – Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça;
  • 14 – Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável;
  • 15 – Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração;
  • 16 – Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

“Os ajustes dos princípios da Carta da Terra nos levam a entendermos a relação do homem com a natureza, em especial como vamos comunicar isso com a sociedade”, afirma Berté. No final da palestra, Berté realizou a leitura do texto intitulado “Caminho Adiante”, que procura estabelecer uma nova relação com a Terra através de princípios e valores, elaborado pela comissão da Carta da Terra:

“Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não- governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida”.

 

Uma maratona pela sustentabilidade e pelo nosso futuro comum

A palestra de encerramento da II Maratona da Sustentabilidade, com a temática central O nosso futuro comum, ocorreu no último dia 11.jun.2021. O debate contou com a mediação de Rodrigo Silva, coordenador do curso de Gestão Ambiental da Uninter, com participação de Rodrigo Berté.  O evento foi transmitido ao vivo pelo canal oficial do Grupo Uninter, no YouTube, e pela página Maratonas Para Desenvolvimento Sustentável Uninter, no Facebook.

Foram de 12 horas de palestras on-line gratuita. Os estudantes participantes que se inscreveram no evento irão receber certificado de 20 horas complementares, de acordo com os critérios de avaliação, obtendo nota maior ou igual a 70.

“Esperança e vontade de sermos melhores a cada dia e que gente possa contribuir significativamente com essa mudança que a gente precisa tanto. Colocar em prática tudo que aprendeu aqui hoje, passar para o próximo e disseminar esse conhecimento, expandir o conhecimento é o principal objetivo da maratona. Queria agradecer a cada um de vocês, alunos, professores, palestrantes que contribuíram”, finalizou Silva. Em 17 de junho é comemorado o Dia do Gestor Ambiental.

Para assistir a íntegra da palestra, clique aqui.

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Autor: Evandro Tosin - Assistente de produção acadêmica
Edição: Mauri König


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