Relação com a cidade impacta a mente, as emoções e a identidade
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoA geografia social e cultural e a cartografia social foram questões centrais da 5ª Semana de Geografia da Uninter, realizada pela área de Geociências da Escola Superior de Educação (ESE), entre os dias 25 e 27.mai.2021. A coordenadora Renata Garbossa afirma que “temos muitas questões a serem pensadas, que extrapolam o campo da ciência geográfica”, muito também em função da pandemia e dos impactos gerados por esse período. A temática se deu para que possa ser aprofundada uma interlocução necessária sobre o conhecimento não só pelo campo geográfico, mas todas as áreas.
“Temos um papel muito importante enquanto profissionais da educação, precisamos ajudar a disseminar o conhecimento científico nesse país, fazer com que as políticas públicas avancem. A educação é libertadora. Quando nós fazemos um evento de uma semana acadêmica, que é epistemologia, transposição e política, não estamos fazendo fechado para os nossos estudantes, mas aberto para toda a comunidade que quer aprender”, salienta a professora Dinamara Machado, diretora da ESE.
Na noite de abertura do evento, as professoras Renata Garbossa e Maria Eneida Fantin mediaram a palestra de Marcia Alves, doutora em geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), sobre o tema Por uma geografia das emoções no/do espaço urbano: reflexões sobre especialidades emocionais. “A questão emocional, na ciência e na geografia, é para despertar caminhos e alternativas para pensar o espaço”, explica Marcia.
A profissional provoca os espectadores a pensarem sobre a relação da cidade em que vivem com a forma que têm de viver. E questiona se esse ambiente específico pode mudar a mente, as relações, os sentimentos e a identidade dos habitantes, além das habilidades cognitivas, os estados emocionais e o bem-estar físico. O próprio contexto da pandemia pode ser uma questão neste sentido, já que a vida pública entra em conflito com a privada e os espaços de lazer, trabalho e descanso ficam concentrados todos em um mesmo ambiente, a casa destas pessoas.
Além disso, o cenário atual pode afetar as emoções em relação ao espaço público, pelo medo de sair, encontrar e cumprimentar pessoas, frequentar lugares aglomerados, utilizar o transporte público. Mas apesar de envolver todo o cotidiano, a docente aponta que as questões emocionais são pouco abordadas na ciência e pouco valorizadas como parte de uma construção de conhecimento válido e geográfico.
“Entender essa dinamicidade do espaço, que não é estático, que acompanha o que a gente sente, é uma relação mútua. Ao mesmo tempo que a gente afeta o espaço, esse espaço também nos afeta”, conclui a profissional.
O uso dos QGIS para a pesquisa e a cartografia social foi o assunto do segundo dia de lives. Desta vez, quem debateu sobre a temática foi a professora Bruna Taveira, mestre e doutoranda em geografia pela UFPR, com mediação das professoras Maria Eneida e Franciele Estevam.
A profissional explica que o QGIS é uma ferramenta utilizada por estudantes, professores e profissionais da área para trabalhar com dados espaciais, aqueles que têm informação de localização, desde dados sociais, de população e naturais, como a vegetação e a hidrografia. Todos esses dados estão ligados diretamente à cartografia, porque é a ciência que estuda a forma e a representação da Terra, assim como é responsável por dar as coordenadas de localização. Apesar de não ser o único software, ele é livre e não tem custo, feito por uma equipe disciplinar que o atualiza ano após ano.
“Aí a gente entra na cartografia social, que é um tipo específico muito mais voltado à modernidade e ao acesso à informação e a geotecnologia, pela população não científica e não técnica. Fala de quem está mapeando, produzindo esta informação colocada no mapa ou qualquer outro produto cartográfico”, comenta Bruna.
A palestrante dividiu o debate em três momentos: a cartografia como ciência e todas as mudanças de paradigma desde que surgiu; como a cartografia digital está relacionada com a social, desde a clássica até o momento atual; e o quanto o QGIS contribui tanto para a cartografia social quanto para a pesquisa na área.
Para encerrar a semana, o professor Wolf-Dietrich Sahr, que atua na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UFPG) e na UFPR, expôs uma apresentação sobre Paisagens de colonização – uma abordagem não-representativa na geografia social e cultural. O encerramento foi mediado pelas professoras Renata Garbossa e Larissa Warnavin.
Depois de uma fala introdutória sobre o tema, Wolf-Dietrich abordou diferentes paisagens. Uma do sul da capital italiana, Roma, e outra de Pernambuco, no Nordeste brasileiro, no século 17, quando houve a ocupação holandesa e do qual há muitas informações, pinturas, desenhos, segundo o professor.
Além das palestras, também aconteceram debates sobre experiências técnicas e de ensino dos discentes de Geografia, tanto no primeiro quanto no segundo e terceiro dia. Todas as lives das palestras e de práticas continuam disponíveis para livre acesso, na página do Facebook de Geociências e no canal do YouTube da ESE.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Prefeitura de Recife e reprodução Facebook