As aulas de educação física no ensino remoto

Autor: Poliana Almeida - Estagiária de Jornalismo

A pandemia afetou a rotina de praticamente todo mundo. Tivemos que trocar as interações presenciais pelo contato virtual. Em pouco tempo, o trajeto de “ir para o trabalho” tornou-se apenas alguns passos. Para as crianças, o aprendizado da escola ficou a cargo da televisão, do YouTube ou de videochamadas com os professores.

Para debater sobre a educação escolar em tempos de pandemia, o programa “Vem Saber” da Uninter, promovido pela Escola de Pós-Graduação na Área Desportiva, convidou a professora Emilia Devantel Hercules para conversar sobre o trabalho dos educadores físicos nas escolas. A live, intitulada Desafios e perspectivas da Educação Física Escolar no ensino remoto, foi transmitida no dia 22.abril.2021 pelo AVA Univirtus.

Emilia destaca que ninguém estava preparado para essa situação imposta pela pandemia, mas o desenvolvimento das ferramentas e habilidades deve ser constante. “Agora que ficamos presos nesse contexto, não sabíamos como agir. Estamos correndo para nos manter no mesmo lugar”, pontua.

Sobre o ensino remoto, a professora acredita que, quando a pandemia acabar, os estudantes serão impactados não só na parte cognitiva, mas social. Afinal, o ambiente escolar oferece, além da aprendizagem, convívio com outras pessoas, e “essas crianças e adolescentes também vão ter um momento de muita dificuldade de interação”, projeta a docente.

Isso afetará ainda mais o profissional de Educação Física, porque o trabalho desse(a) professor(a) é, justamente, motivar a interação entre os estudantes. Situação que não temos como melhorar enquanto o vírus estiver presente.

Para amenizar os impactos futuros, Emilia elenca três pontos principais para que o ensino remoto dê bons frutos: tecnologia, acesso e empatia. O primeiro diz respeito aos equipamentos que os professores tiveram que arrumar de uma hora para outra, sem contar as horas para aprender a usar e de que forma fazer isso. “Na Uninter, por exemplo, a EAD já estava consolidada. Mas, e no ensino fundamental?”, questiona.

O acesso está ligado à oportunidade de interação com as novas tecnologias. De acordo com estudo feito pelo Ipea, só no ensino fundamental brasileiro são 4,35 milhões de estudantes que não têm acesso à internet – 4,23 milhões apenas das escolas públicas.

A professora Emilia traz outro exemplo sobre essa situação. Ela trabalha na prefeitura de Curitiba e a estratégia adotada pela cidade em relação aos estudos em casa foi a transmissão das aulas pela televisão e pelo YouTube. A ideia era atingir o público que não tem acesso à internet através da TV. Mas, mesmo assim, alguns estudantes ficam de fora. Dentre os mais de 114 mil alunos matriculados na rede pública, 300 não possuem televisão em casa.

Por fim, mas não menos importante, temos o item empatia, o olhar afetuoso para o outro ao nosso redor, que deixou de existir na forma que conhecíamos durante a pandemia. Tanto que a professora faz uma conexão com equidade, que é “dar a todos a mesma condição de se chegar a um mesmo lugar”. Fator essencial para uma educação remota eficiente.

Agora que a atenção aos movimentos dos alunos está restrita, Emilia reforça que pensar em materiais disponíveis para todos – ou para a grande maioria – é fundamental nas aulas de educação física a distância. “O que eu tenho em casa para o meu estudante? Como que eu vou fazer uma aula de futebol se eu não sei se ele tem uma bola?”, exemplifica.

Com esse novo modelo de aprendizagem, Emilia acredita que sua profissão terá que apostar, no pós-pandemia, em sentimentos e valorização da autoestima, além de reforçar os valores familiares, que às vezes são inexistentes. “E isso é muito mais difícil do que a gente ensinar as condutas motoras”, finaliza.

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Autor: Poliana Almeida - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Karolina Grabowska/Pexels e reprodução


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