Você é feliz no trabalho?
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoQuem nunca teve aquela famosa depressão de fim de domingo? O sentimento de que o final de semana passou tão rápido, e agora começa tudo de novo. O desânimo toma conta de muitas pessoas quando se fala em trabalho. Para elas, trabalhar significa fazer o que não se gosta, e acaba se tornando um martírio. Mas será que o trabalho é sinônimo de infelicidade, ou podemos ser felizes trabalhando?
Na última segunda-feira, 19.abr.2021, a Escola Politécnica promoveu mais uma edição do programa GERIR, que teve mediação da professora Jéssika Alvares Coppi Arruda Gayer, e contou com a presença da psicóloga Giovana Souza, CEO e CHO da Fábrica de Aprendizes, empresa especializada em orientação de carreira e empreendedorismo. Giovana encarou o desafio de responder se, afinal, é possível ser feliz no trabalho.
A maioria das pessoas relaciona a felicidade com salário e benefícios, mas aí surge o questionamento: isso te traz benefícios por quanto tempo? É uma satisfação, mas é momentânea. Logo a sua ambição será maior, é algo natural do ser humano, nós queremos ganhar cada vez mais, e tudo bem. Por isso, essa não deve ser a sua motivação principal, alerta a psicóloga.
Pensando no trabalho, hoje em dia as pessoas buscam cada vez mais “coisas” além do salário. Existem situações em que nem um salário vultuoso é capaz de motivar, pois as pessoas estão se preocupando com seu bem-estar. Se for um salário bom em um ambiente tóxico, não vale a pena. Trabalhadores cada vez mais buscam as emoções positivas que o trabalho proporciona, buscam ter liberdade e autonomia, orgulho do resultado do seu trabalho, sentido no que fazem, e um bom relacionamento com seus colegas.
Giovana lembra que sempre é possível se reinventar, independente da idade. “Eu costumo dizer que a pior coisa que pode acontecer para uma pessoa é ela ficar muito boa em algo que ela não gosta, isso é um indício de que ela vai ser infeliz no trabalho. É importante que as pessoas façam o que gostam, para se preencher de sentimentos bons e satisfação”.
Mas o segredo é fazer o que se gosta ou gostar do que se faz? A psicóloga diz que os dois caminhos levam à felicidade do trabalho. “Não são todos que têm o privilégio de fazer o que gostam. Por exemplo: muitos tem o sonho de ser médico, mas nem todos conseguem, seja por diversos fatores, como a dificuldade em passar no vestibular, ou de pagar uma faculdade de medicina, e isso faz com que muitos acabem indo para outro lugar, e está tudo bem, desde que isso faça sentido para essa pessoa. As pessoas que conseguem fazer o que gostam são uma minoria, e as outras se reinventam, se acham em outra profissão, e encontram sentido naquilo que fazem”, completa.
Jessika diz que muitas vezes desejamos alcançar a felicidade, mas durante o caminho é que vamos nos preparando para atingi-la. “Para alcançar a felicidade precisamos desenvolver as competências para chegar lá, às vezes não basta só querer”, ressalta.
As empresas estão se adaptando e entrando nesse novo modelo. Elas perceberam que só pagar o salário em dia já não basta, e que precisam propiciar um ambiente onde as pessoas sejam felizes, onde possam atingir a felicidade. As pessoas buscam sensação de empoderamento, valorização, senso de igualdade, ver sentido no trabalho, entre outros. São pontos a que as empresas estão cada vez mais atentas para ajudar a manter seus colaboradores satisfeitos.
Dentro de uma empresa, o objetivo principal é a produção, e não as relações, mas é importante aliar bons resultados e um bom relacionamento com a equipe de trabalho. “Nós não somos contratados para fazer amigos, somos contratados para entregar resultados, mas que bom se a gente conseguir ter bons relacionamentos também, essas relações permanecem para a vida toda”, afirma Giovana.
Grande parte das pessoas percebe que não é feliz no trabalho quando surge algum problema, como ansiedade, depressão, ou algum desconforto. Às vezes falta segurança psicológica, que é se sentir incluído, pertencente àquele ambiente. Saber que se pode errar e aprender, que é possível contribuir e desafiar, e ter uma boa relação com as pessoas no trabalho é um grande passo.
As empresas buscam maneiras para deixar os colaboradores felizes, por isso estão investindo em meditação, acolhimento psicológico, para tornar da jornada do colaborador em experiências positivas, integrar a família em algumas ações, como na data de seu aniversário, além de exercitar a empatia, entre outros. Giovana afirma que muitas vezes a felicidade está nas coisas simples: “A gente percebe que as ações que geram resultado para as empresas não têm um custo alto, como receber um bom dia do seu gestor, ser lembrado no dia do seu aniversário. É preciso ver as pessoas dentro de sua pluralidade”, completa.
No momento atual, devemos nos preocupar com nosso bem-estar. Uma dica importante é fazer pausas no home office, onde as pessoas tendem a se sentir culpadas e rígidas consigo mesmas. “É legal fazer uma pausa de alguns minutos pela manhã e pela tarde, para desconectar um pouco, arejar a mente, isso faz uma grande diferença”.
Giovana lembra que muitas vezes entramos no piloto automático, e esse é o pior risco para um profissional. Devemos sair dessa situação, parar e pensar onde se está e onde se quer chegar, e definir estratégias para atingir esse objetivo.
CHO
Giovana falou ainda sobre o novo termo CHO, Chief happiness officer. “O CHO trata da felicidade no trabalho, é o embaixador da felicidade, a pessoa que levanta a bandeira da felicidade dentro das empresas. Esse profissional é responsável por toda a jornada do colaborador dentro da empresa no que trata da felicidade. Há uma certificação específica para esse profissional, que traz a ferramenta para que se faça uma pesquisa de felicidade dentro da empresa, determine e engaje as pessoas para fazer essa jornada de construção conjunta, comunicar e engajar, e depois monitorar e medir os resultados. É desafiante, é importante pensar em um passo de cada vez”, ressalta.
Finalizando o evento, a psicóloga dá uma dica: “Invistam nas relações, conectem-se com as pessoas. Temos no Linkedin uma fonte infinita de possibilidades e conexões. Se permitam, o novo ambiente de trabalho corporativo é o Linkedin, então se você não tem uma conta lá, faça!”, finaliza.
Você pode conferir a gravação do evento na página oficial da Escola Politécnica no Facebook.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Fauxels/Pexels e reprodução