Falta de formação adequada dos profissionais da educação ainda é obstáculo à inclusão de autistas
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoVivemos em uma sociedade heterogênea, rica em diversidade. As pessoas são diferentes, somos brancos, pardos, negros; alguns preferem matemática, outros português etc. Essa diversidade é um tema muito debatido na educação, especialmente quando se trata da inclusão de pessoas com necessidades especiais, um processo que ainda carece de desenvolvimento.
O artigo Educação inclusiva de alunos autistas no município de Curitiba: uma análise documental, de Tatiane Calve e Paloma Herginzer, publicado no Caderno de artigos Intersaberes da Uninter, discute a inclusão do autista no âmbito escolar de Curitiba (PR), as dificuldades que estes alunos enfrentam e por que cerca de 50% deles desistem ao chegar no ensino médio.
A pesquisa se baseia em um referencial teórico e no levantamento de dados documentais. As autoras realizaram a busca do número de estudantes com TEA (transtorno do espectro autista) matriculados na rede municipal de Curitiba no site do INEP. Os resultados mostram que o estado do Paraná tem mais de 10 mil estudantes com TEA, cerca de 1.105 na capital.
O autista é um indivíduo retraído, que evita o contato com o mundo exterior. Hoje, o diagnóstico pode ser realizado na primeira infância, antes até dos 3 anos de idade, o que facilita no desenvolvimento da criança. Tratamentos terapêuticos podem levar o autista a alcançar a fase adulta como um indivíduo autônomo.
A maior dificuldade para o autista é a interação social, por conta da dificuldade de se expressar e de entender as expressões dos outros. Para o autista, o silêncio e o isolamento são prazerosos. O autismo é uma condição com diferentes níveis de gravidade. Essa classificação vai do número 1 ao 3: sendo 1 o autismo leve, 2 o autismo médio, e 3 o grave. Quanto maior o nível, maiores são os sintomas e as dificuldades. Muitas crianças autistas ainda têm seu desenvolvimento prejudicado por falta de um diagnóstico e acompanhamento apropriado no ambiente escolar.
As autoras ressaltam que identificar essa síndrome na infância é muito importante, pois é necessário iniciar o processo de estimulação para que a criança tenha o melhor desenvolvimento possível. O professor deve estar preparado para atender esse aluno especial. Para isso, entrou em vigência, no ano de 2006, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (BRASIL, 2006), a obrigatoriedade de disciplinas específicas sobre populações e atendimentos educativos especiais nos cursos de Pedagogia, para que os futuros profissionais da educação tenham conhecimento sobre a política da educação inclusiva e sobre as metodologias a aplicar em sala.
Além disso, houve uma atualização na Lei 9394/96, que dá ênfase ao público especial dentro e fora da sala de aula, salientando que o profissional que está ingressando no mercado necessita do entendimento básico para lidar com o público especial.
É importante que o professor busque formação específica, mas isso não é a realidade. Calve e Herginzer destacam que esse é um dos motivos para que a escola frequentemente falhe na inclusão. Além da precariedade dos materiais e ambientes adaptados, o conhecimento de muitos professores é insuficiente na aplicação de metodologias específicas para a evolução dos alunos com necessidades especiais.
A pesquisa identificou que há uma grande diminuição do número de alunos com autismo no ensino médio. Essa evasão ocorre devido ao preconceito social e educacional e às dificuldades para tratar adequadamente os alunos especiais. No Brasil, o direito educacional à pessoa com deficiência entrou em vigor somente em 2015, quando foi sancionada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
As autoras concluem que a inclusão escolar ainda é um grande desafio e que esse assunto necessita de mais atenção dos órgãos competentes. A falta de informação e de preparo pelos profissionais da educação ainda é um fator relevante para a alta evasão de estudantes autistas.
Portanto, é preciso investir em mais informação aos pais e responsáveis, além de reformulações nas políticas públicas da educação inclusiva, fornecendo materiais adequados e formação continuada aos profissionais de educação.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro