Seminário virtual fala dos papiros mágicos do antigo Egito

Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo

O Egito Romano, período em que o país africano esteve sob domínio do Império Romano, era uma sociedade abarcada por múltiplas culturas em convivência harmoniosa. As tradições egípcias se misturavam às romanas e gregas, formando um cenário cultural muito interessante.

Segundo a mestre em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Ana Paula Scarpa, que atualmente desenvolve a pesquisa Práticas Mágicas no Egito Romano: Fronteiras Culturais e Religiosas nos Papiros Mágicos Greco-Egípcios, percebe-se nesse período uma flexibilização das culturas religiosas dos romanos realizada pelos egípcios, que se utilizavam de seus encantamentos e produções religiosas para produzir conhecimento.

“Com isso em mente, é importante versar sobre um dos fatores essenciais para o entendimento dessa cultura tão rica, que são os papiros mágicos, onde naquela época estavam contidos os encantamentos, seres e conceitos necessários para compreensão de suas crenças”, explica.

Por volta dos séculos 3 e 4 a.C., os povos egípcios produziram suas definições e concepções acerca do universo e do cosmos. De acordo com Ana Paula, dentro das crenças egípcias encontradas em sua pesquisa, alguns conceitos davam conta de explicar o contato dos indivíduos com seus deuses e a manifestação do seu poder.

Como é o caso da palavra “Heka”, que se refere à divindade da magia e da medicina; e “Maat”, que chega próximo do conceito de justiça que conhecemos hoje, mas como figura da deusa da verdade, retidão e ordem, que controlava basicamente a compreensão social e cósmica.

Conquista romana do Egito

A dominação romana do Egito ocorreu por volta do ano 31 a.C., quando o amante romano de Cleópatra, Marco Antônio, foi derrotado por Otaviano, sobrinho-neto do imperador Júlio César, o que fez a região se tornar província de uma Roma cristã.

Joana Campos Clímaco, professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), analisa estes desdobramentos a partir de fontes e debates historiográficos que estão presentes em sua pesquisa intitulada A conquista romana do Egito: fontes e debates historiográficos, patrocinada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Ela explica que a discussão da temática nos proporciona um afastamento do senso comum acerca da história encontrada nos livros didáticos e currículos escolares, em que os acontecimentos estão dentro de uma linha do tempo sequenciada e linear, deixando de lado a dominação romana e a coexistência de diferentes períodos.

Com o Egito tendo sido transformado em uma província de Roma, as guerras civis cessaram e a comercialização através do Mar Vermelho cresceu, tornando o porto de Alexandria fundamental para a prosperidade do Império.

Joana explica que esse período foi um dos mais amplamente documentados na história, o que levanta uma questão a ser respondida. “Mas, então, se foi tão documentado e estudado, períodos dessa magnitude eram atípicos em nossa historiografia? E as culturas, afinal, sofreram uma continuidade ou ruptura, levando em conta o período faraônico, até a conquista romana?”

Ana Paula Scarpa e Joana Campos Clímaco debateram sobre suas pesquisas acadêmicas na mesa-redonda O Egito Romano – Entre Práticas e Representações, mediada pela professora da área de Linguagens e Sociedade da Uninter Mariana Bonat Trevisan, e pela professora do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) Vanessa Fronza.

O bate-papo fez parte da segunda noite do II Seminário Virtual de Estudos Sobre o Antigo Egito, transmitido ao vivo no dia 10.fev.2021, e continua disponível na página do Facebook da área de Linguagens e Sociedade e no canal oficial do Youtube da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter.

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Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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