Reunidos do sofá e unidos do pijama: o turismo no Carnaval 2021

Autor: Poliana Almeida - Estagiária de Jornalismo

O feriado de Carnaval é algo especialmente brasileiro e cada um curte à sua maneira. Há pessoas que não abrem mão dos bloquinhos de rua e das fantasias, outros procuram o descanso. Tem quem prefira um momento introspectivo voltando sua atenção à espiritualidade.  Não se pode negar: o ano novo no Brasil só começa depois do carnaval.

Este é um dos feriados que mais promove viagens entre os estados e países. No Rio de Janeiro, cidade referência quando o assunto é samba no pé, o aeroporto Santo Dummont registrou em 2020 um crescimento de 54% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a prefeitura. O órgão revelou também que, graças a uma readequação do sambódromo, foram vendidos 61 mil ingressos para o desfile do Grupo Especial.

Os números eram maravilhosos para o setor de turismo e serviços, mas ninguém esperava que em março daquele mesmo ano surgiria uma pandemia mundial. Com isso, até o feriado mais aguardado pelo povo teve de se adaptar ao novo normal. Neste ano, as comemorações foram suspensas. Então, como ficaram as empresas que tinham grandes lucros nesse período?

A professora Grazielle Ueno Maccopi, coordenadora do curso Gestão Empreendedora de Serviços da Uninter, diz que “apesar do ano diferente, as pessoas buscam alternativas para entrar na folia”. Ela própria conta que passou seu feriado de carnaval indo do “bloco do quarto, para o bloco da sala. Foi um grande desfile”.

Grazielle e Flávia Roberta Fernandes, professora nos cursos Gestão Empreendedora de Serviços e Assessoria Executiva Digital, falaram sobre as estratégias que as empresas podem usar para driblar a falta de foliões nas ruas. Considerando que grandes destinos turísticos trabalham com o carnaval, sem esse recesso pode parecer o fim da folia. Entretanto, os pacotes (sugestões com séries, filmes), as cestas recheadas de itens ligados ao negócio e úteis para o consumidor e as lives, foram as salvadoras deste ano sem as comemorações.

Uma das opões na televisão foi o camarote da Brahma. Conhecido por arrastar multidões durante a festividade com músicas variadas e dancinhas para lá de animadas, a cervejaria teve de repensar como faria a festa à distância. Foi aí que entraram as lives. Cantores famosos de variados estilos musicais decidiram realizar shows pelo YouTube, usando a marca “Camarote Brahma em casa”. Além de ajudar o amante do carnaval a curtir um pouquinho, o engajamento que os cantores levaram com o nome da empresa foi continental. O público ganha ao mexer o esqueleto e a marca ganha mantendo seus lucros. Tudo isso graças às tecnologias.

Outro exemplo de carnaval à distância foi o promovido pela prefeitura de São Paulo. O Festival “Tô Me Guardando” celebrou o carnaval de 2021 com 380 atividades que incentivam as iniciativas de manifestações carnavalescas. No site do órgão público, está disponível toda a programação do evento. Para acessar, basta escolher o dia e horário e clicar no link, que direciona para a sala de transmissão ao vivo.

Flávia e Grazielle julgam isso com bons olhos, principalmente pelo viés dos artistas, que também são outra classe muito prejudicada devido às restrições impostas pela pandemia. Sobre eles, as professoras analisaram que pode levar um tempo até acontecer a transição total para o digital de espetáculos, shows e demais atividades artísticas, e o público espectador aprender a consumir por essas plataformas. Por isso, atitudes que fomentam o trabalho digital dos artistas, assim como fez a prefeitura paulista, são importantes para acelerar o processo de ambientação com as plataformas digitais.

Viajando de casa

Já que falamos em tecnologia, as professoras acreditam que o turismo digital é muito mais do que uma tendência, já é realidade. “As pessoas estão sendo levadas a praticar, de fato, o turismo virtual”, saliente Grazielle. Conhecer produtos ou lugares através das tecnologias é um formato enriquecedor para toda a área de turismo e demais serviços. Mas também há desafios.

Essa modificação traz uma ideia que o digital é algo que todo mundo vai ter acesso, todos terão a mesma imagem projetada em seus celulares ou computadores. Levando isso em conta, o consumidor que viu uma prévia dentro de um suporte tecnológico vai demandar que sua experiência presencial seja incrível. Vamos usar de exemplo uma cidade que o público queira conhecer. Ao, finalmente, concretizar a viagem para tal destino, será necessário apresentá-lo a pontos turísticos ou histórias que ele não tenha visto na telinha. Entende que, se o consumidor não tiver algo de novo para aprender ou ver, não fará sentido toda a expectativa criada no contato com o digital?

As professoras contam ainda que “há uma modificação estrutural na maneira de se consumir esses serviços”. A primeira delas é pelo digital. É claro que essa tática foi maximizada pela pandemia, mas tem tudo para ser uma grande ferramenta daqui para frente. E a outra é a participação ativa com o consumidor.

Essa última calha com a projeção das docentes: seja em ano de pandemia ou não, o carnaval vai se modificar até acontecer dois eventos em paralelo – um presencial e outro transmitido digitalmente. Entretanto, até chegar neste ponto o público deve estar muito bem habituado com as tecnologias. E é por isso que elas alertam: “o eixo comum dessas práticas é a valorização do consumidor”. Isso significa que o avanço deve ser constante, sim, mas que acompanhe a necessidade do aprendizado de quem estará do outro lado. “Estamos aprendendo e, olha, gostando de muita coisa também”, diz Grazielle.

Esse tema foi apresentado no programa “Rota – Viagens e Serviços”, na Rádio Uninter no dia 18.fev.2021. O programa, que trocou de nome para sua primeira edição do ano, contou com a presença das professoras e discutiu o tema “Carnaval 2021”. Você pode assistir ao conteúdo completo clicando aqui.

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Autor: Poliana Almeida - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Cthartz/Pixabay


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