Por que ainda é preciso provar que a Terra é redonda?

Autor: Barbara Carvalho - Jornalista

Já está provado, há mais de dois mil anos, que a Terra é redonda. Grandes pensadores da história antiga se debruçaram sobre esta dúvida e chegaram à conclusão de que nosso planeta possui a forma esférica. Um filósofo muito importante nessa descoberta foi Aristóteles (384-320 a.C.). Em seu livro “Sobre o Céu” ele diz: “Novamente, nossas observações das estrelas tornam evidente que não só a Terra é circular, como também se trata de um círculo não muito grande. Uma pequena mudança de posição para o sul ou para o norte provoca uma alteração nítida no horizonte”. O trecho nos faz entender que, se a Terra fosse uma superfície plana, veríamos sempre o mesmo céu e o mesmo horizonte.

Anos depois, exploradores concretizaram o que já era inquestionável, a Terra é, sim, redonda. Fernão de Magalhães deu a volta ao mundo, realizando esta navegação entre os anos de 1519 e 1522. A expedição que saiu da Espanha com cinco caravelas e retornou com somente uma, provou de fato o formato esférico do nosso planeta. Ainda, segundo os livros de história, muito dessa crença da Terra plana é atribuído ao pensamento medieval.

Apesar disso, hoje ainda existem pessoas que se negam a acreditar no irrefutável. Legiões de pessoas pregam o terraplanismo de forma extrema e fecham os olhos aos fatos. Para falar sobre o assunto, o Laboratório de Estudos Medievais e Ibéricos (Scriptorium) da Universidade Federal Fluminense (UFF) realizou nos dias 1, 2 e 3 de dezembro o Colóquio Internacional A Terra é redonda! Dos mapas medievais à viagem de Fernão de Magalhães. O encontro contou com a participação de vários acadêmicos e historiadores do Brasil e de países europeus, e a Uninter marcou presença com a participação da professora Mariana Bonat Trevisan, do curso de História.

“No Brasil de hoje a ideia da Terra plana volta a ser difundida, volta a ser apresentada como uma suposta verdade científica, então o título desse colóquio é bastante oportuno porque ele nos lembra da necessidade de reiterar em pleno século 21 algo que sabemos há mais de dois mil anos, que a Terra é redonda, e nos chama principalmente para a tarefa de pensar e de se fazer pensar como parte da função social das universidades”, explica a diretora do Instituto de História da UFF, Laura Maciel.

Mariana Trevisan participou do evento após receber um convite da líder do grupo de pesquisa do Scriptorium, professora Vânia Fróes. Mariana atua em pesquisas junto ao grupo desde a sua época de mestrado, e sua participação abordou a história do Reino de Portugal no final da Idade Média.

“O evento teve como proposta a discussão da importância do conhecimento histórico a respeito das Ciências em geral e, especificamente, a compreensão da questão da esfericidade da Terra, com a participação de instituições e pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Nesse sentido, a representação da Uninter no colóquio foi de grande relevância, tendo em vista que nossa instituição prima sempre pela busca, debate e divulgação do conhecimento científico, bem como pela valorização das ciências”, ressalta Mariana.

Com o tema A primeira geração de Avis e a questão do Marrocos: impasses e negociações da monarquia partilhada (rulership), Mariana participou da mesa de debate “A construção do reino português no norte da África (séc. XV e XVI): discursos, negociações e sujeitos”, uma das muitas que abordaram a temática geral do evento, com conferencistas nacionais e internacionais. A  palestra falou sobre temas como a expansão ultramarina que aconteceu antes da circum-navegação de Fernão de Magalhães, da dinastia da monarquia portuguesa Avis. “Procurei demonstrar em meu trabalho o quanto as questões familiares internas da monarquia portuguesa determinaram muitas iniciativas, impasses e mesmo fracassos das expedições portuguesas na primeira metade do século 15”, explica.

O colóquio trouxe como contribuição principal mostrar a importância da pesquisa acadêmica e o quanto é danoso negar a história, uma ciência fundamental para eliminar preconceitos e falsas interpretações dos fatos. Mariana conclui dizendo que “a compreensão da historicidade dos processos decorridos e em curso no nosso planeta é o que pode nos salvar de novos colapsos ambientais e humanos”.

Para conferir as mesas e os debates do colóquio, basta clicar aqui.

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Autor: Barbara Carvalho - Jornalista
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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