Competências socioemocionais são decisivas para se manter no mercado de trabalho
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoA Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresenta 10 competências gerais que os estudantes precisam desenvolver durante o período escolar, do ensino infantil até o médio. Além disso, as disciplinas visam competências específicas dentro de suas áreas, assim como as profissões no mercado de trabalho. Cada uma das competências exige habilidades a serem adquiridas.
Hoje, o que mais se busca são profissionais que saibam lidar com o lado socioemocional. Carlos Azeitona, professor de física na Educação para Jovens e Adultos (EJA) da Uninter e diretor de um centro de pesquisa educacional, conta que a maioria das demissões acontecem por falta dessa competência.
“Você pode ser um baita engenheiro, ter um cognitivo fantástico e não ter um bom relacionamento intra ou interpessoal, não ter disposição para resolver problemas. E a própria BNCC hoje agrega, além da questão cognitiva, também o socioemocional. Juntando esses dois, nós temos uma educação integral, que é o ideal”, afirma o profissional.
Devido aos avanços e transformações que a sociedade vivencia, as oportunidades de emprego têm saído do tradicional. A extinção de algumas profissões e o surgimento de outras durante as próximas década é um fato. Existem tendências em vista, e algumas profissões novas já começam a contratar. As principais estão dentro da área de tecnologia.
Embora muitos tenham medo de perder espaço para a automatização e o uso de robôs, Azeitona explica que o cenário não é tão negativo quanto parece. Isso porque, segundo ele, “para cada posto de trabalho eliminado pela tecnologia, cerca de dois novos postos são criados no futuro”. Significa que as funções não irão desaparecer completamente, mas serão redistribuídas. “Para sobreviver, os profissionais deverão mostrar novas habilidades”, completa o professor.
Algumas áreas ganham destaque nesse novo cenário. A partir da tecnologia, o raciocínio lógico e as finanças se tornam ainda mais importantes e abrem portas para aqueles com conhecimento em administração, economia, matemática e planilha de cálculo, por exemplo. A pandemia também acelerou o processo de outras três áreas: saúde, educação a distância e meio ambiente.
Somado aos cuidados de saúde física e mental, que ganharam maior relevância desde a chegada da Covid-19, a população tem uma expectativa de vida cada vez maior e ocupará cada vez menos espaços em locais como asilos. Na área ambiental, as empresas contratam cada vez mais profissionais para que possam atuar dentro de ações sustentáveis, com a preservação do meio em que se inserem.
Se em 2020 as aulas presenciais passaram a ser realizadas remotamente, para segurança de estudantes e professores, essa atuação só tende a aumentar com o passar dos anos. As instituições têm aumentado o número de ofertas para cursos EAD e, consequentemente, contratado mais professores para atuar com esses estudantes, sem necessariamente residirem na mesma região. Logo, as oportunidades são ampliadas.
Nesse sentido, o professor Azeitona explica que as exigências se referem mais a como esses profissionais atuam e se conseguem, de fato, desenvolver as competências necessárias com os estudantes. Para ele, isso deve ser trabalhado dentro da realidade dos jovens, para a conquista de um ensino aprendizagem efetivo.
“Não adianta falar que a criança não aprendeu. Se ela não teve aprendizagem, não teve ensino. A gente não pode colocar a culpa na criança porque o nosso processo de ensino foi falho”, salienta. “Uma das coisas que eu estou pedindo hoje nos currículos é a última avaliação. Eu só quero saber como é que você aplicou. Professores, a avaliação entrega a sua aula. Pela sua avaliação, eu já sei que tipo de aula você dá”, completa.
O professor cita algumas áreas de destaque para os próximos anos, como a engenharia ambiental, o marketing digital, a docência a distância, profissionais de saúde mental, gestão de talentos e gestão de comunidades. Este último, para ele, “é de suma importância em uma gestão pública”.
Um diferencial apresentado por Azeitona está na construção de currículos. Ele conta que existe um teste de habilidades da Universidade Estadual Paulista (Unesp) que gera um gráfico através de questões sobre os profissionais. Esse gráfico pode ser copiado para o currículo da pessoa em questão.
“Se você quer fazer diferencial no mercado, saia na frente”, aconselha o profissional.
Azeitona demonstrou como realizar o teste durante a edição do programa EJA Pop sobre Competências para o futuro. A transmissão foi mediada pela professora Marjorie Wilt, que atua na Escola Superior de Educação da Uninter, e contou com a presença da coordenadora da EJA da Uninter, Maria Tereza Cordeiro. O bate-papo completo segue disponível para acesso, através da página do Facebook EJA Uninter.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Jopwell/Pexels