Entenda o papel do jornalismo na divulgação científica

Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo

Não há consenso acadêmico sobre quando o jornalismo científico surgiu. Alguns pesquisadores indicam que as primeiras coberturas do gênero surgiram na Índia, em 1818, com as publicações do periódico Digdarshan. Outros argumentam que a Revolução Industrial deu origem ao ramo, na Inglaterra e nos Estados Unidos do século 19.

Já o modelo mais próximo do que conhecemos hoje tem seu surgimento apontado para 1928, quando o jornalista britânico James Crowther assumiu a função de correspondente científico no jornal The Manchester Guardian (hoje, The Guardian). Embora haja incerteza quanto ao passado, o presente destaca a importância de editorias específicas sobre as ciências e as tecnologias, como forma de garantir informação de qualidade à população.

Para apresentar o que é o jornalismo científico e qual sua importância na sociedade, a Uninter recebeu a doutoranda em ensino de ciências e coordenadora de comunicação da Fiocruz Paraná (Fundação Oswaldo Cruz), Renata Fontoura. Mediado pela professora Dayse Mendes, o bate-papo do Mundo Ciência e Tecnologia foi transmitido em 02.set.20 pela Rádio Uninter.

A ciência e a comunicação trabalham com diferentes conceitos. O papel do Jornalismo na área é o de divulgar ações científicas, transmitindo o conhecimento de modo que a maior parte das pessoas o compreenda, da mesma forma que a profissão faz com qualquer assunto. “Jornalismo científico nada mais é do que uma especialização dentro do jornalismo. São profissionais que trabalham cobrindo e elaborando pautas relativas à ciência e tecnologia”, explica Renata.

Essa prática, como alerta a jornalista, não deve ser confundida com a popularização ou disseminação científica. A primeira trata de aproximar a ciência da ação popular, enquanto a segunda se concentra em trabalhos com especialistas e acadêmicos, como a elaboração de artigos e pesquisas. “O jornalismo científico é uma das ferramentas da divulgação científica”, diz a especialista.

A comunicadora considera como essencial a especialização de jornalistas que queiram trabalhar com coberturas científicas. Para ela, a importância da segmentação da ciência recai sobre a consolidação de editorias e nichos que busquem levar conhecimento à população.

Com a pandemia do coronavírus, o debate sobre o papel da imprensa enquanto divulgadora científica foi reacendido. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada em março deste ano, aponta que a população enxerga os meios de comunicação profissionais como os mais confiáveis na procura de informações sobre a Covid-19. Os índices de confiança das emissoras de televisão e dos jornais impressos são os mais elevados: 61% e 56%, respectivamente. Por outro lado, somente 12% dos entrevistados dizem confiar em conteúdos sobre a doença veiculados pelo WhatsApp e Facebook.

A fácil disseminação de desinformação pelas redes sociais é outro aspecto que comprova a importância do jornalismo científico e de seus profissionais. Segundo a especialista, o maior desafio que os jornalistas têm hoje é o de gerar conteúdo relevante, confiável e de fácil acesso, apostando na velocidade desses meios online. “A gente tem uma infinidade de meios, mídias e canais que estão à disposição para que qualquer pessoa possa gerar o seu conteúdo”, afirma Renata. “É importante que, quando a gente fala de ciência, ter a percepção de que é preciso verificar, checar. Vamos procurar instituições que tenham uma confiabilidade nos seus dados e nas suas informações”.

Para a pesquisadora, a pandemia também provocou a identificação da ciência como elemento fundamental no dia a dia das pessoas. Um dos maiores desafios do passado era a aproximação de cientistas com a população, algo que foi parcialmente superado com a repercussão dada pela imprensa ao campo científico após a pandemia do coronavírus. “Acho que com essa abertura, a gente vai ter um crescimento muito grande [do jornalismo científico]. As pessoas já começaram a perceber a importância da ciência”, conclui.

Com o objetivo de apresentar novas possibilidades tecnológicas aos ouvintes, o Mundo Ciência e Tecnologia é transmitido todas as quartas-feiras, às 16h. Para conferir esse e mais episódios, acesse a página no Facebook ou o website da Rádio Uninter.

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Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Steve Buissinne/Pixabay


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