Primeira defesa de TCC de Jornalismo EAD apresenta videodocumentário sobre a Revolta dos Posseiros
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoValdecir Bressani, 49 anos, foi o primeiro estudante de Jornalismo da modalidade EAD da Uninter a defender o trabalho de conclusão de curso (TCC). Vinculado ao polo de Francisco Beltrão (PR), ele realizou sua defesa por meio da plataforma de videoconferências Univirtus Reuni, na manhã do dia 14.set.2020.
Apesar de já possuir formação em Filosofia e Teologia, além de mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Valdecir iniciou uma nova graduação visando o aprofundamento na área. Isso porque, além de sacerdote diocesano e professor no ensino superior, ele também atua como editor da Revista Olhar Diocesano e diretor no Grupo RBJ de comunicação.
“A não existência de curso de jornalismo presencial na cidade e na região me fez optar pelo EAD para conciliar com o trabalho. Neste sentido, o curso EAD da Uninter, com polo na cidade, facilitou o início dos estudos”, afirma.
Sob orientação do professor Guilherme Carvalho, coordenador do curso de Jornalismo da Uninter, Valdecir desenvolveu um videodocumentário sobre o papel do radiojornalismo na Revolta dos Posseiros em 1957. Os professores Jeferson Ferro e André Corradini formaram a banca de avaliação do estudante.
A Revolta dos Posseiros, que aconteceu no Sudoeste do Paraná no ano de 1957, foi um conflito pela posse de terra que colocou famílias de agricultores, imigrantes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, contra companhias que tentavam expulsá-los de suas terras. Fruto de um imbróglio legal que envolveu os governos estadual e federal por várias décadas, a disputa teve o ápice nos dias 9 e 10 de outubro, nos municípios de Pato Branco e Francisco Beltrão.
A mobilização de centenas de colonos levou à tomada do controle das cidades e expulsão das companhias de terra, dando vitória aos posseiros. Como à época não havia outros meios de comunicação na região, a rádio Colméia, com uma sede em Pato Branco e outra em Francisco Beltrão, teve o importante papel de transmitir os acontecimentos, escutando o povo e atuando em prol de sua defesa e mobilização, tornando-se essencial na luta popular.
O desenvolvimento do trabalho
De acordo com Valdecir, a Revolta dos Posseiros marcou a história da colonização do Sudoeste do Paraná e deu origem a muitas publicações em livros, pesquisas, reportagens, programas de rádio e televisão, e até mesmo documentários. Mas a inexistência de um videodocumentário tratando especificamente do trabalho desempenhado pelo radiojornalismo o motivou a realizar sua pesquisa, com ênfase no importante papel do rádio no contexto histórico da revolta.
“Trata-se de um assunto que envolve a nossa região, parte de nossa história. Como trabalho com rádios, e sou apaixonado pelo rádio, daí o interesse de voltar às origens do rádio na Região do Sudoeste do Paraná e falar das duas primeiras emissoras que aqui se estabeleceram, e relacionar sua atuação como meio de comunicação junto aos colonizadores e, especificamente, nos acontecimentos da Revolta de 1957”, explica.
Diante disto, o profissional diz que a produção do material foi uma nova e desafiadora experiência, mas ao mesmo tempo gratificante. Ele entrevistou testemunhas oculares dos acontecimentos e estudiosos sobre o assunto. Entre as fontes, o sonoplasta da Rádio Colméia de Pato Branco, Inelci Matiello; Cassemiro Bedernarski, filho de posseiro; o jornalista Ivo Pegoraro; o historiador Leomar Rippel; a socióloga Iria Zanoni Gome; e Jácomo Trento, importante personagem do rádio, chamado de “Porto Alegre”.
Para Valdecir, o que mais o chamou atenção em todo esse processo foi perceber “a força mobilizadora do rádio. Perceber o quanto a informação séria, pautada nos fatos, nos acontecimentos, com princípios éticos foi decisiva naquele contexto. O rádio, que se reinventa a cada instante, que não se deixa calar pelas demais formas pelas quais a informação circula. Um rádio amigo, companheiro, instantâneo, acessível a todos”.
Mais desafios
Como ninguém esperava, em março chegou a pandemia do novo coronavírus, influenciando diretamente na produção do documentário, que sofreu adaptações. O fato de alguns entrevistados serem idosos, do grupo de risco da doença, impossibilitou as gravações e grandes deslocamentos. Sendo assim, Valdecir precisou substituir fontes, adaptar o roteiro já feito e encontrar novos recursos que permitissem a continuidade do trabalho. Três das seis fontes fizeram seus relatos através de mensagem de vídeo.
“Tudo que eu tinha planejado como produção externa precisou ser repensado. Houve um momento em que cheguei a pensar que o trabalho poderia até não ser finalizado por conta do agravamento da pandemia na região. Mas o diálogo com o professor Guilherme Carvalho, meu orientador, permitiu encontrar novos caminhos, recursos para cumprir o planejado”, lembra.
Outra novidade foi a apresentação de defesa do trabalho realizada por videoconferência. “Nos últimos meses, reuniões, conferências e lives ganharam espaço em nossa dinâmica de trabalho. A experiência da banca por videoconferência foi tranquila, sem dificuldades, uma experiência nova. Mesmo para quem está acostumado já há quase quatro anos de curso EAD, não deixa de ser um passo a mais na dinâmica intermediada pela tecnologia”, afirma.
Para aqueles que estão passando pela mesma fase e encontrando dificuldades pelo caminho, Valdecir diz que “é tempo de se reinventar. Manter-se focado nos propósitos, com autodisciplina e planejamento pessoal”. Com a formação, ele pretende continuar estudando e tem planos de cursar a especialização em rádio no próximo ano, na própria Uninter.
O trabalho de Valdecir foi não apenas aprovado, mas muito elogiado pela banca, que recomendou sua divulgação. O videodocumentário pode ser visto no Youtube.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro