O papel dos organismos internacionais de saúde em crises globais sem fronteiras

Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia

A pandemia de Covid-19 mostrou que não existem fronteiras para as doenças, que podem avançar pelo mundo independente das condições socioeconômicas dos países. Por isso, é necessário haver cooperação global no trabalho de prevenção às doenças infecciosas. Organismos internacionais na área da saúde não têm capacidade de determinar e regulamentar ações nos países, mas exercem um papel colaborativo e de orientação.

Um dos primeiros organismos internacionais que surgiu foi a Cruz Vermelha, criada em 1863 pelo suíço Henri Dunant, que viu com seus próprios olhos a Batalha de Solferino, na Itália, entre tropas francesas e austríacas. O conflito teve 40 mil baixas, e ele relatou sua experiência no livro Lembrança de Solferino, que propõe melhoras nas ações de assistência aos soldados feridos em batalhas. O retrato de uma Europa violenta no século 19 fez com que ele reunisse um grupo de pessoas para fundar a Cruz Vermelha, com o objetivo de amparo e assistência às vítimas de lutas e conflitos bélicos no mundo, guiada pela prática do Direito Humanitário Internacional.

Após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, surge a Organização da Nações Unidas (ONU), que tem como objetivo a manutenção da paz e segurança dos 194 países-membros, promovendo a mediação de conflitos, a diplomacia preventiva, o combate ao terrorismo, à fome, às doenças e outros males.

Para falar sobre a atuação de organismos internacionais na área da saúde, a professora Ivana Maria Saes Busato, da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter, participou da 1ª Maratona de Saúde Global e o Mundo Pós-Pandemia, em transmissão ao vivo pela página Maratonas para desenvolvimento sustentável Uninter, na sexta-feira (21.ago.2020). Sua fala buscou responder à pergunta “Qual o real papel dos organismos internacionais da área da saúde?”, e teve a mediação do professor Rodrigo de Cássio da Silva, coordenador do curso de Gestão Ambiental.

“A saúde de todos os povos é uma condição fundamental para trabalhar em cooperação, cada estado-membro tem sua responsabilidade, porque os resultados que cada estado-nação alcança no desenvolvimento e promoção da saúde, como o desenvolvimento de uma vacina, são valiosos para todos, e isso tem que ser compartilhado com todo o mundo. Do contrário, desigualdades vão se aprofundar ainda mais se não tivermos organismos como a OMS para evitar que isso aconteça”, afirma Ivana.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) oferece cooperação técnica em saúde para os países-membros. “Ela trabalha no aprimoramento dos sistemas de saúde, como os países organizam sua política de saúde nacional, para universalidade da assistência. Todos os estados membros têm o mesmo poder de voto. É democrático. Não tem diferença”, reforça Ivana. O Brasil possui parceria com entidades internacionais da área da saúde, como a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a OMS.

Em 1978, a Declaração de Alma Ata redefine o conceito de saúde pública, sendo até hoje uma referência para o planejamento na área, com influência direta nos princípios do Sistema Único de Saúde no Brasil. “A conferência de Alma Ata reafirmou enfaticamente que a saúde – estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade – é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor da saúde”, afirma o primeiro princípio da declaração.

Em 2018, em comemoração aos seus 40 anos, ocorreu uma nova conferência, que deixou como lema: “Juntos, conseguiremos saúde e bem-estar para todos, sem deixar ninguém para trás.”

Hoje não há mais dúvida de que a cooperação internacional é fundamental para a promoção da saúde ao redor do mundo.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixundfertig/Pixabay


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *