Lar doce lar: a pandemia e o crescimento da categoria casa-jardim

Autor: Shirlei Miranda Camargo*

Imagine a cena: você sentando em seu sofá, trabalhando no seu notebook, dá uma espiadinha e percebe que sua cortina está desbotada. Olha para o teto e vê aquela lâmpada com a fiação aparente, que está muito feia! É fato: as pessoas estão mais em casa e, com isso, redescobrem (ou descobrem) o seu lar. Antes, para muitos, a casa servia apenas como uma espécie de “hotel” (jantar, tomar banho, dormir). Porém, com o isolamento social, as pessoas têm ficado mais no local, logo, tem se preocupado em tornar seus lares mais confortáveis e bonitos.

Segundo dados da Consultoria McKinsey & Company, com a pandemia, as “casas” assumiram um novo papel: elas viraram o “centro da vida das pessoas”. Não é mais só um lugar de descanso, mas sim um espaço de entretenimento, de socialização, de cuidados pessoais, de exercícios físicos e claro, de trabalho.

Portanto, este “centro” está recebendo uma atenção especial. Para provar o que estou falando, pesquisei no Google Trends as buscas que as pessoas fizeram nos últimos 12 meses, primeiramente na categoria “casa e jardim” (Figura 01) e depois em “viagens” (figura 02). Percebam que a primeira curva está em tendência clara de subida, enquanto que a segunda está em tendência de queda.

E digo mais: esse será nosso novo normal! Não estou falando que as pessoas vão deixar de viajar. É claro que, passando esta situação de pandemia, esta atividade, aos poucos, voltará a crescer. Porém, o “lar” vai continuar  sendo nosso centro de atenções, pois muitas empresas e autônomos perceberam que é tão agradável como produtivo trabalhar em casa. Assim sendo, as pessoas vão continuar a ficar mais em casa, mesmo no período pós-pandemia.

Logo, se você tem uma empresa nesse setor, fique feliz, pois esta é uma ótima notícia e corra para ampliar seus negócios. Mas se não, faça uma reflexão de como a sua empresa pode se adaptar e oferecer algo que deixe a casa deste novo consumidor mais agradável, bonita e funcional.

Por exemplo, se você tem uma empresa que comercializa cosméticos, pense em algo que você possa oferecer para aumentar o bem-estar, como velas, incensos, difusores de fragrâncias, etc… Ou ainda, se você comercializa produtos para marcenaria, que tal oferecer kits prontos de pequenos armários, racks e prateleiras? Isso porque a tendência do DIY (Do it Yourself ou “faça você”) vai crescer também.

Enfim, nem sempre esta descoberta será fácil ou mesmo possível. Mas é importante que este exercício seja feito. Só alerto para um cuidado: não tente ir para um setor “muito longe” do que sua empresa já trabalha. Corre-se o risco de causar estranheza e não caber no que eu chamo de “gôndola mental” do consumidor. Um exemplo clássico foi quando a empresa Yakult, que vende leite fermentado, resolveu fazer cosméticos e, claro, não deu certo.

Mas, se for o caso de optar por algo muito diferente, pense em lançar uma nova marca. Infelizmente os empreendedores neste momento, sempre terão este trade off: usar a marca forte e já conhecida para lançar novos produtos? Ou construir uma marca nova, do zero, para não “queimar” a marca atual? Minha resposta: pesquise e pergunte para seu consumidor o que ele acha. Afinal, a opinião dele é a que importa, e não a sua ou a minha!

* Shirlei Miranda Camargo é tutora do curso de Gestão Comercial da Uninter.

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Autor: Shirlei Miranda Camargo*
Créditos do Fotógrafo: Divulgação


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