Os porquês do bullying homofóbico nas escolas
Autor: Elisson Raul - estagiário de jornalismoNão é novidade que a sociedade brasileira condiciona os indivíduos dentro da heteronormatividade, e no âmbito escolar isso não seria diferente. Aprendemos ainda pequenos que os “diferentes” estão errados, o que muitas vezes autoriza o destrato e até a violência.
No artigo Sexualidade e bullying homofóbico na escola, publicado na revista Intersaberes, uma das publicações científicas da Uninter, os pesquisadores José Geovânio Buenos Aires, Luciano Silva Figueiredo, Janaína Alvarenga Aragão, Lays Gonçalves Santos e Evandro Alberto de Souza abordam a relação entre bullying e homofobia no espaço escolar, em um estudo bibliográfico.
A pesquisa identifica a falta de preparo de professores e dirigentes para lidar com essas situações, além das consequências a longo prazo para toda a comunidade LGBT. Abordando a homofobia a partir de um recorte histórico, o artigo analisa diferentes comportamentos sociais como, por exemplo, o uso da bíblia como instrumento de repressão pela igreja católica na Idade Média, que se opõe à liberdade de corpo e pensamento que marcou na Grécia antiga.
Como os autores demonstram, o problema da homofobia está presente em diversas civilizações ocidentais. Inglaterra, Estados Unidos, Reino Unido e Portugal são alguns exemplos de países com índices altos de discriminação e evasão escolar. A situação no Brasil se agrava devido à sua tradição conservadora nos costumes, sendo que há uma representação no congresso chamada de “Bancada do boi, da bíblia e da bala”, composta por parlamentares que reforçam discursos homofóbicos e de discriminação.
A formação de educadores também peca no combate à homofobia. Para entender melhor o comportamento dos professores, os autores recorrem à pesquisa da Organização das Nações Unidas pela Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em que 5 mil professores de escolas públicas e privadas foram entrevistados. O estudo mostrou que 59,7% deles entendem como inadmissível a prática de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
O artigo mostra que professores, pedagogos e docentes não estão preparados para combater esse tipo de bullying, o que reforça a necessidade de políticas de inclusão. O bullying é um ato desumano que segrega e condena, e as instituições de ensino precisam ser lugares de tolerância e respeito às diferenças, pois só assim conseguiremos viver numa sociedade segura e democrática.
Autor: Elisson Raul - estagiário de jornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro