Um olhar atento para a educação especial no polo Cascavel Centro

Autor: Jaqueline Deina - Estagiária de Jornalismo

Você sabe a diferença entre distúrbios e dificuldades de aprendizagem? Um estudo publicado no jornal da Sociedade Brasileira de Pediatria aponta que cerca de 40% das crianças, nas séries iniciais de alfabetização, apresentam dificuldades de aprendizagem. Em países mais desenvolvidos, esse percentual cai pela metade.

Já os distúrbios de aprendizagem, provenientes de causas que podem ser neurológicas, atingem entre 4% a 6% dessas crianças. Esses transtornos são variados e, entre os mais comuns, estão a dislexia (dificuldade de aprendizado e compreensão da leitura), a hiperatividade (alto grau de agitação e dificuldade de prender a atenção) e o TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade).

Para tratar desse tema, o polo Cascavel Centro da Uninter abriu espaço para a aluna de Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica Daiane Peternela. Ela está ministrando palestras, junto à sócia Camila Maders, e busca conscientizar as pessoas sobre a importância de um laudo correto e do acompanhamento de alunos que apresentam essas dificuldades.

Daiane já é formada pela Uninter em  Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, em Segunda Licenciatura em Pedagogia e agora cursa a pós-graduação. É professora e também atua como neuropsicopedagoga em uma clínica na cidade de Cascavel.

A palestra “Um olhar atento sobre as dificuldades de aprendizagem” aconteceu no dia 27 de agosto e contou com a participação de alunos das licenciaturas e também do público externo. Além de falar sobre os conceitos de aprendizagem e explicar as diferenças entre o transtorno e a dificuldade, Daiane esclareceu dúvidas dos participantes e aplicou dinâmicas em grupo.

Esclarecer e conscientizar

Daiane explica que a palestra é direcionada para pais e professores, principalmente. “Encontramos muitas barreiras e dificuldades, principalmente, por parte dos pais que confundem os dois termos. A dificuldade de aprendizado pode ser momentânea. Já um transtorno, é algo presente na vida criança”, esclarece.

Ela também comenta que utiliza sempre uma linguagem mais simples para que qualquer público possa entender, mesmo utilizando termos mais científicos, quando direcionada a profissionais da área.

A professora fala durante a palestra sobre os eixos que cercam o aprendizado, como o cognitivo (processo de aquisição do conhecimento), o afetivo (sentimentos) e o psicomotor (relacionado ao desenvolvimento geral da criança, nos aspectos psíquicos e motores). Ela conta que é preciso entender todo o contexto em que essa criança está inserida, além de avaliar o lado emocional e o neurológico.

“Nós não podemos rotular as crianças, porque elas fixam isso à sua identidade. Dizer que ela é lenta faz com que a criança adquira isso como uma verdade sobre ela. Precisamos achar um caminho para desenvolver o seu aprendizado”, enfatiza Daiane.

Sobre a palestra, Daiane diz que foi um momento muito bom. “Foi desafiador. Fizemos uma dinâmica muito boa e com bastante interação do pessoal. Eles entenderam e conseguiram sentir a dificuldade de aprendizado que essas crianças sofrem, e como é difícil colocar no papel algo que é tão abrangente”, completa a professora.

Saberes que inspiram

Janaína Freitas Rizzatto, também aluna do polo Cascavel Centro, cursa a graduação em Psicopedagogia da Uninter. Ela conta que já pesquisava sobre o tema antes de iniciar o curso e que adorou a palestra. “Gostei bastante. As pessoas querem muito saber, mas não buscam o conhecimento, de fato. Seria muito importante ter esse material nas escolas, para os pais e, principalmente, para os professores”, afirma.

A aluna precisava apresentar o estudo de caso sobre um menino que apresentava comportamento diferente das outras crianças. Os temas abordados por Daiane inspiraram Janaina, que complementou sua pesquisa com os conhecimentos compartilhados durante a palestra.

A proposta do estudo de caso era fazer com que esse aluno, que evitava contato visual e não se relacionava com os colegas, tivesse mais interação em sala de aula. “Também precisei apresentar soluções para melhorar as áreas cognitiva e afetiva dessa criança”, explica Janaína.

“Na palestra, elas falaram sobre as brincadeiras de antigamente, e isso é algo que atua muito na cognição, coordenação motora, o compartilhamento entre as crianças”, conta Janaína. Baseada nisso, ela abordou na apresentação do estudo a importância de estimular as “brincadeiras do passado”, para estimular o vínculo de amizade e confiança.

Vivemos em uma era cada vez mais tecnológica. As crianças de hoje não são habituadas a brincadeiras comuns do passado, como amarelinha, pular corda, cabra-cega, esconde-esconde, entre outras. Essas brincadeiras desenvolvem habilidades de estratégia, coordenação e equilíbrio, além de estimular a aprendizagem em conjunto.

“Hoje em dia as crianças brincam mais dentro de casa, até por uma questão de segurança, aumento da violência. Por isso eu acredito que na escola tem que haver o diferencial. Estimular, até mesmo entre os professores, essas brincadeiras no ambiente onde as crianças têm essa possibilidade”, reforça Janaína. Ela completa dizendo que cabe ao professor estar sempre observando e percebendo os interesses dessas crianças.

Para Janaína, é necessário estimular o vínculo de amizade e confiança entre os alunos e com o professor. “O professor precisa ouvir bem, perguntar e deixar a criança falar. Eu adoro muito essa área e gostaria de atingir muitas pessoas com esse tipo de palestra; que todos tivessem o acesso a esse conhecimento, que é muito importante”, completa.

Para saber mais

Entre os transtornos de aprendizagem mais comuns estão:

  • Dislalia;
  • Discalculia;
  • Dislexia;
  • Dispraxia;
  • TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade);
  • TOD (Transtorno Opositivo-Desafiador).

A Revista NeuroSaber explica um pouco mais sobre o que são esses transtornos, a importância da avaliação psicológica e como identificar os sinais de distúrbios de aprendizagem.

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Autor: Jaqueline Deina - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo PAP Cascavel Centro


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