Novas tecnologias exigem novos profissionais de ensino
Faça uma viagem no tempo e leve a sua imaginação de volta ao século XIX, período da Revolução Industrial. Não é difícil mentalizar como era a educação naquela época, seguindo a linha tradicional de ensino: os alunos ocupavam seus lugares em cadeiras enfileiradas, apenas absorvendo as informações repassadas pelo professor à sua frente, que possuía poder total sobre eles. Não havia espaço para contribuição e participação na aula de forma ativa.
Ainda hoje, todos nós frequentamos salas de aula num formato muito semelhante, embora muita coisa tenha mudado com o avanço da tecnologia. Mas você conseguiria imaginar outra forma de ensinar que existiu há quase 300 anos?
Pois ainda no século XVIII, mais precisamente no ano de 1728, é que temos o primeiro registro de educação a distância. Isso aconteceu quando o professor Caleb Philips divulgou, através de um anúncio no jornal de Boston, um curso de Taquigrafia. O curso era ofertado para alunos de todo o país (Estados Unidos), e o material seria enviado pelo correio toda semana. Ou seja, a educação a distância é ainda mais antiga que o rádio, a televisão, o computador e a internet.
Apesar disso, essa modalidade de ensino, considerada moderna, só começou a ganhar força em nosso país há poucos anos. Os cursos com disciplinas a distância no Brasil, por exemplo, foram regulamentados em 2004 pelo Ministério de Educação. Hoje, é possível fazer uma graduação completa a distância, como também na modalidade semipresencial, em que são realizados alguns encontros presenciais e há material disponível para estudo em casa.
Do ensino tradicional para o semipresencial
Com as novas formas de ensino sendo cada vez mais implementadas nas universidades e nas escolas, é comum que apareçam dúvidas sobre como trabalhar nesse cenário. É preciso se adaptar às mudanças, e mudanças geram questionamentos.
Por esse motivo, a Mestranda em Educação e Novas Tecnologias Mariane Kravinski, da Uninter, elaborou com base em sua vivência de trabalho em uma coordenação pedagógica, em que atende alunos e professores, um curso de qualificação para que os professores possam se adequar às necessidades dessa metodologia de ensino.
O curso é um produto desenvolvido para o mestrado profissional, intitulado Formar-se para Formar. Ele foi apresentado em sua dissertação de mestrado defendida no dia último dia 21, chamada “Formar-se para formar: Formação Continuada de Professores da Educação Superior – Em Serviço – Em Metodologias Ativas e Ensino Híbrido”.
“No meu trabalho eu tinha que atender a cursos semipresenciais, que era algo novo na minha profissão. Eu me vi diante de desafios que os professores também tinham em sala de aula em atender esse público”, explica Mariane.
Foi assim, então, que ela decidiu fazer uma investigação a respeito do trabalho desses professores, pensando em quais seriam os problemas enfrentados por eles. Mariane desenvolveu seu produto ao longo de dois anos, atendendo em seu curso professores da Uninter que trabalhavam com cursos de Licenciatura e com metodologia de ensino e aprendizagem inovadora.
“Um dos pontos que verifiquei foi que os professores vinham do ensino presencial com aquela cultura tradicional, e de repente teriam que assumir uma sala onde os alunos são os protagonistas. Os alunos também vinham desse preceito de que o professor deveria ser ativo e não passivo em questão à dinâmica de sala de aula”, diz a mestranda.
Por esse motivo, se fez necessária uma apropriação desse conceito, da prática e da metodologia integrada no ensino semipresencial. O objetivo geral de Mariane foi estruturar, aplicar e avaliar esse produto, enquanto o objetivo específico foi compreender o trabalho desses professores. O curso foi elaborado com base nos objetivos que ela verificou serem importantes para completar suas formações.
Organização do curso
No total, foram cinco encontros. Cada um possuía um tema, uma metodologia e uma estratégia, sendo a última etapa a aplicação do questionário de autoavaliação. Como era um curso de proposta semipresencial, também houve momentos online, e Mariane disponibilizou o material através do e-book.
“O curso se deu como semipresencial pois o aluno tinha um momento online em que ele deveria participar do fórum, chat, atividades, trabalho e avaliação. Nos encontros presenciais – que eram uma vez por semana – eram feitas atividades práticas em formato de oficinas para os professores aprenderem de forma prática o que viram na teoria”, diz ela.
O curso foi bem aceito pelos professores, que ficaram muito satisfeitos com os conteúdos ministrados durante os 5 módulos do curso, avaliando-os como altamente relevantes. “A primeira impressão que eles tiveram é que eles iam ser obrigados a vir, mas depois eles queriam ir de novo. Uma vez que tive que adiar uma aula por causa da Copa e os professores ficaram tristes, então a gente viu que aquilo motivou muito eles a estarem ali em sala de aula fazendo essas oficinas. Eles aprenderam com aquela prática e perceberam seu próprio aproveitamento em cada um dos encontros”, afirma Mariane.
A pesquisadora conclui que a implementação de novas metodologias de ensino exige um processo de adaptação dos profissionais da área, para o qual a formação específica é essencial.
Autor: Valéria Alves – Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König / Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Valéria Alves - Estagiária de Jornalismo
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