Morte em gotas ou capsulada, a má escolha
Talita Santos – Estagiária de Jornalismo
A julgar pelos números do setor farmacêutico, o Brasil parece um país de doentes – ou de hipocondríacos. O setor cresceu 13% de um ano para o outro e faturou R$ 85 bilhões em 2016 (leia aqui). O problema, no entanto, está no hábito do brasileiro de consumir remédios por conta própria – e sem se dar conta dos riscos que está correndo.
Sete entre 10 brasileiros costumam consumir medicamentos sem prescrição médica. Pesquisas apontam que 76,7% dos homens e 75,1% das mulheres se automedicam, a maior parte por indicação da família ou de amigos (leia a pesquisa aqui). Por ano, 27 mil brasileiros passam mal ao ingerir remédios de forma errada e, em média, algo entre 70 e 80 delas acabam morrendo (leia mais aqui).
As consequências de tomar remédios à revelia dos médicos foram tratadas no artigo “A prática de automedicação em adultos e idosos”, escrito pela pesquisadora Marcela Vernizi e publicado na revista Saúde e Desenvolvimento, uma das sete publicações científicas do Centro Universitário Internacional Uninter. Clique aqui para ler o artigo.
“A automedicação é considerada uma forma de autocuidado em saúde. O próprio paciente decide qual medicamento tomar independente da prescrição do profissional. Portanto, faz-se necessário estudar seus riscos e benefícios para que, quando realizada, esta prática seja efetuada de forma responsável”, diz Marcela. Ela é especialista em Odontologia em Saúde Coletiva e pós-graduada em Farmacologia e Interações Medicamentosas pela Uninter.
“Muitos tomam medicamentos por indicação de parentes ou amigos. Há aqueles que tomam simultaneamente vários medicamentos para dor que possuem nomes diferentes, mas é o mesmo princípio ativo (o paracetamol é o exemplo mais comum) e acabam por consumir doses tóxicas do medicamento”, esclarece Marcela.
O estudo também revela que uma das razões da automedicação está ligada ao serviço de saúde do Brasil, que não comporta o alto número de pessoas que precisa de atendimento. “É importante destacar que foi demonstrado que em outros países também ocorre automedicação, mesmo naqueles considerados desenvolvidos, com boa qualidade nos serviços de saúde e também com rigorosos controles publicitários”, destaca Marcela. A pesquisa verificou artigos publicados na Colômbia, Bélgica, França e Polônia.
Edição: Mauri König