Três vezes Hollywood, mas em Curitiba
Letícia Costa – Estagiária de Jornalismo
Uma pequena Hollywood se abriga sob as araucárias quase centenárias num dos recantos mais sossegados do bairro Mossunguê, em Curitiba. Ao redor, roteiristas, produtores, diretores de cena e cinegrafistas andam apressados. Dali sai o equivalente a 2,1 mil longas-metragens por ano – 15 vezes mais do que os 143 filmes lançados no Brasil em 2016, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Ou três vezes mais do que Hollywood, que lança entre 600 e 700 filmes por ano (veja aqui).
No estúdio, tudo ok. Na frente das câmeras, professores seguem o roteiro planejado e revisado ao longo de meses. Ao fim das gravações, mais uma vídeo-aula para ser exibida em todo o território nacional. A contrário dos longas nacionais, essas vídeo-aulas não serão exibidas no telão do cinema e nem têm o propósito de entreter. Sua função é educar, levar o conhecimento a toda parte na telinha de smartphones e computadores.
Claro que não há como comparar a produção de uma vídeo-aula com uma superprodução cinematográfica, nem sequer cogitar um Oscar (que pena!), mas dá para ter uma noção do trabalho que sai dos estúdios do Centro de Dialógica Eletrônica (CDE) do Centro Universitário Internacional Uninter. Foram 6,4 mil horas de estúdio em 2016, que, descontado o tempo de produção, resultaram em 4,2 mil horas de aulas gravadas ou transmitidas ao vivo para os mais de 470 polos da Uninter em todo o Brasil.
Essas vídeo-aulas, que somadas dariam 2,1 mil longas-metragens de duas horas, atendem a um número crescente de brasileiros que tem ingressado no ensino superior por meio da educação a distância. São atraídos por uma modalidade tão eficiente quanto a presencial, com a vantagem da economia e da flexibilidade para estudar na hora e no lugar desejado. Mas até que uma vídeo-aula esteja pronta para chegar aos alunos via web, há caminhos a percorrer, da preparação dos professores à pré-produção e pós-produção.
O CDE responde pela produção das vídeo-aulas dos cursos de graduação e pós-graduação, além de eventos transmitidos muitas vezes ao vivo para todo Brasil. Ele está localizado na Sede das Araucárias da Uninter, às margens da rodovia 277, lugar adequado para proporcionar melhor funcionamento do sistema de transmissão.
São seis estúdios de gravação, totalizando uma área de 245 metros quadrados. Operadores de câmera, operadores de áudio, diretores de corte, operadores de GC/TP, media trainers e equipe de apoio administrativo formam a equipe responsável por esse trabalho digno de menção nos anais do Oscar. O setor é dividido em três áreas: o centro de dialógica eletrônica, a produção e a transmissão.
Os estúdios possuem equipamentos como quadro interativo, acesso à internet, tela interativa, contato com alunos via telefone ou via chat. São essas tecnologias que dão o suporte necessário de gravação de uma aula a distância. Antes de encarar as câmeras, os professores passam por um processo de capacitação técnica no estúdio.
Uma equipe especializada treina os professores antes das gravações das aulas, além das orientações iniciais sobre elaboração de conteúdo e ementa, para melhor aproveitar as vídeo-aulas. Com essa capacitação, os professores têm a oportunidade de se familiarizar com os recursos tecnológicos que irão usar no momento da gravação. Afinal, gravações em estúdio têm lá suas diferenças em relação às aulas presenciais.
As aulas são transmitidas para os alunos de todo o país via satélite nos três canais Uninter, que são duplicados em outros três canais via web. O acesso pode ser feito através do site http://webtv.uninter.com/.
A produção
O CDE da Uninter dispõe de 64 colaboradores, 26 dos quais diretamente responsáveis pela produção desses materiais audiovisuais. São roteiristas, diretores de cena, editores, revisores de vídeo, produtor, coordenação de produção, auxiliar e administrativo. Eles estão envolvidos tanto na pré-produção quanto na pós-produção.
Conheça o passo a passo da produção das vídeo-aulas.
Direção de cena: conduz o professor durante as gravações, o acompanha desde a aprovação do roteiro, realiza a organização da produção, dos operadores técnicos e de edição.
Edição: seguindo o roteiro aprovado pelo professor, na edição são selecionados sons, imagens e textos que farão parte de cada material audiovisual, conforme normas técnicas de qualidade pré-definidas.
Produção: providencia a infraestrutura para que as gravações sejam realizadas ou transmitidas. Prepara o entrevistado, providencia o material de apoio, cuida dos cenários, roteiro, equipamentos e solicita suporte técnico e logístico para as gravações.
Roteiro: faz ajuste do conteúdo proposto pelo professor para a linguagem audiovisual. Escreve narrativas, pesquisa conteúdos, vídeos e imagens que acrescentem visualmente ao conteúdo proposto pelo professor.
Revisão de vídeo: confere-se todo o material audiovisual, averiguando padrões de qualidade de áudio, vídeo e também da norma culta da língua portuguesa.
Edição: Mauri König